CAPÍTULO 5 - SASSENACH

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Ele acordou com alguém o chamando, mas sua cabeça doía demais para que conseguisse assimilar o que estaria acontecendo.

Estava aquecido em meio às cobertas de pelo mas, apesar disso, podia sentir que fora da cama, o ar era gélido. Perguntou-se se Eunwoo teria aberto a janela do quarto quando chegara da casa do vigário, esquecendo-a aberta assim que fora dormir.

Então, encolhendo-se nos cobertores e murmurando qualquer coisa para que a Sra. Baird fizesse silêncio, Taehyung percebeu que a cama onde estava deitado tinha um cheiro estranho. Algo próximo do mofo e de um odor masculino forte.

- Vamos, rapaz! – disse a voz que o acordara, sobressaindo-se sobre seus pensamentos. – Vamos, que ainda temos muito o que fazer! Rápido, rápido!

Foi quando ele se lembrou de todos os acontecimentos da noite passada. Taehyung quis voltar a dormir, não conseguindo crer que aquilo estaria mesmo acontecendo.

Mãos fortes seguraram o seu corpo e ele se viu sendo chacoalhado para que acordasse.

- Vamos, senhor! Não tenho a tarde inteira.

Assim, Taehyung teve de obedecer, sentindo seus músculos doloridos quando se sentou na cama (principalmente suas coxas, por ter passado a noite cavalgando).

Estava mesmo muito frio fora das cobertas e ele olhou ao redor, observando o quarto com os olhos serrados e a mente à tentar entender como aquilo não havia sido apenas um pesadelo.

A Sra. Gi se encontrava ao lado da cama, trajando o mesmo vestido apertado de antes, ressaltando seus seios, com seu cabelo meio grisalho, agora, amarrado firmemente em um rabo.

- São duas da tarde, rapaz. – ela disse, colocando as mãos na cintura como se estivesse lhe dando um sermão. – Entendo que a noite de ontem deve ter sido bem cansativa, mas o senhor ainda tem muitos assuntos para resolver aqui.

E com isso ela indicou a lareira (que apagara em algum momento das horas de seu sono) com um movimento de cabeça. Próxima dela e sobre um dos bancos de madeira, havia uma grande xícara de porcelana à sua espera, com o vapor saindo de seu caldo para simbolizar que estava bem quente. Taehyung demorou alguns instantes para entender o que ela queria dizer e empurrou as cobertas para longe, saindo da cama e sentindo o piso gelado sob os pés descalços.

Pela janela sem vidraças, pode ver que a campina que cercava o Castelo Leoch ainda se encontrava encoberta pela névoa.

Andou até o banco de madeira e sentando-se lentamente por conta de seus movimentos ainda sonolentos, tomou do caldo quente da xícara. Era espesso e tinha um gosto salgado de batatas cozidas.

Sentia-se como um sobrevivente de um grande bombardeio.

E enquanto isso, a Sra. Gi colocava uma pilha de roupas sobre a cama, arrumando-as em seguida para que não amassassem.

- Quando terminar, – ela disse, olhando-o. – quero que tire suas roupas e vista isso aqui.

Taehyung não fez qualquer menção em assentir ou falar que havia entendido, bebendo de um longo gole do caldo, totalmente desinteressado em suas palavras e ainda tentando se acostumar com a realidade.

Logo depois, a Sra. Gi fez uma mensura com a cabeça e caminhou até a porta.

- Voltarei daqui alguns minutos para ajudá-lo a se vestir, se for preciso. – falou e então foi embora, deixando-o sozinho no quarto.

Ele passou os olhos pelo cômodo mais uma vez, com a sensação de que estava perdido no tempo e em um lugar totalmente desconhecido. Sendo que, na realidade, ele estava mesmo.

SÉCULOS - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora