CAPÍTULO 21 - PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS

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- Nesta época moderna, está na moda repudiar a ideia de bem e mal. - disse o vigário, olhando para a janela. - Mas o mal existe. E se abriga em homens bons, dando ao pecado o doce gosto do êxtase. - ele fez uma pausa. - Os nazistas bebiam desse copo envenenado pensando que estavam satisfazendo sua sede com o mais doce vinho.

Eunwoo abaixou a cabeça e analisou seus sapatos escuros em contraste contra o chão de madeira, colocando as mãos dentro dos bolsos de sua calça social.

- O senhor está sugerindo que eu esteja bebendo desse mesmo copo? - perguntou.

- O mal só tem um copo. E os nazistas beberam muito e por muito tempo dele. O seu... foi apenas um gole. - sua voz era calma e fazia Eunwoo se lembrar de seu pai. - Que seja o último, rapaz. Afaste-se das trevas que acenam para você e volte para a luz.

Na noite passada, Eunwoo estivera bebendo em um bar quando foi abordado por um homem de olhos rápidos e de um sorriso duvidoso. Ele tinha dito que sabia coisas a respeito do cartaz que vira pendurado em um dos postes da cidade, aquele contendo o retrato falado de Eunwoo sobre o escocês que estivera observando seu marido pentear os cabelos naquela distante noite chuvosa.

Marcaram um ponto de encontro, onde o beta deveria levar o dinheiro da recompensa e esperar para encontrar o homem procurado.

Deveria ter suspeitado que era uma armadilha. Estava mais do que óbvio que era. Mas Eunwoo estava tão feliz por finalmente ter encontrado uma pista que poderia levá-lo de volta a Taehyung, que nem ao menos pensou direito sobre a situação.

Quando percebeu que haviam mentido, querendo roubá-lo, não hesitou em entrar em uma briga violenta. Desacordou três dos companheiros do homem de sorriso duvidoso e, depois, pegou o homem pelo pescoço, começando a indagar aos berros onde estava o escocês que ele havia visto.

Quase chegou a matá-lo. E talvez tivesse feito isso se não houvesse se dado conta de como estava indo longe demais.

Largou o homem ali mesmo, no meio de um beco úmido e escuro, e ouviu-o arfar, tentando recuperar o ar de seus pulmões.

Assustado consigo mesmo, Eunwoo se virou e correu para longe dali. E, na manhã seguinte, foi até a casa do vigário para se confessar, sentindo-se o mais podre dos homens por ter quase cometido homicídio pelo simples fato de que já não conseguia mais controlar os sentimentos negativos dentro de si.

Se antes duvidava de que estava enlouquecendo, agora, tinha certeza.

Erguendo a cabeça, encontrou o idoso já o fitando com certo pesar.

- Então... - Eunwoo falou. - Você quer que eu saia de Inverness.

- Sim. - o vigário respondeu, simplesmente. - Vá para Oxford, rapaz. Assuma aquele seu cargo como professor de História com que sempre sonhou. Recomece sua vida.

Mas se imaginar vivendo sem Taehyung era impossível.

Parecia ser errado.

Eunwoo olhou para a janela, observando as casas do outro lado da rua de pedras.

- Mas... - disse pausadamente. - E quanto ao Taehyung?

- Esqueça-o. - ele sorriu de maneira triste. - Assim como ele o esqueceu. Deixe-o ir, assim como ele o deixou.

Aquelas palavras eram dolorosas. Principalmente porque, de certa forma, eram verdadeiras.

Contraiu os lábios, vendo alguns casais andarem de mãos dadas pelas ruas de Inverness, felizes por estarem juntos e totalmente alheios ao mundo, hipnotizados um pelo outro.

- Então... você acredita que Taehyung se foi com o escocês por vontade própria?

O vigário demorou para respondê-lo. E, quando o fez, revidou com outra pergunta:

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