Acenei em positivo e abanei a mão para Caio, este respondeu com um simples aceno de cabeça. Entrei no veículo e me sentei no banco traseiro. Tomas tomou partida com o veículo. Um Volvo preto nos seguindo e um na frente nos guiando. Somente para o caso de estarmos sendo perseguidos e precisarmos fazer algum tipo de estratégia.

O caminho até a Empresa DeLucca não era muito longe. Porém o fizemos com cuidado e sempre atentos a nossa volta. Agora eu parecia me importar mais com minha segurança, pois, depois do que Henrique me dissera, só me sentia segura com a sua presença, porque só então tinha a extrema certeza de que estaríamos bem. Todos bem.

Tomas e os demais seguranças entraram no estacionamento subterrâneo da empresa reservado somente para funcionários.

Tomas me ajudou com as crianças e trouxe Júlia no colo, enquanto conversava com a mesma. Assim que trancamos o veículo e o deixamos para trás, Murilo se agarrou a minha mão. Meu coração se acelerou com a sensação de que ele confiava em mim e de que queria percorrer aquele curto trajeto segurando meus dedos.

Passamos pela porta de segurança e a recepcionista liberou nossa entrada, enquanto abanava a mão na nossa direção. Os demais funcionários passando para lá e para cá também me cumprimentavam com fervor.

Caminhamos pelo recinto cumprimentando algumas pessoas ali e outras aqui. Subimos no elevador até o último andar, onde Henrique se encontrava tomando conta dos assuntos do pai, pronto para exercer a empresa por completo e continuar com seu secreto cargo.

Henrique estava a sua porta quando chegamos. Júlia desceu do colo de Tomas com velocidade e correu para os braços do pai. Henrique a pegou no ar e ambos estavam sorrindo enquanto conversavam. Ele a ajeitou em seu colo e sorriu para Murilo.

- Oi, garoto. Venha aqui. – Ele o chamou com uma mão.

Murilo hesitou por alguns instantes e ergueu o rosto na minha direção, eu acenei em positivo. Seus dedos se soltaram dos meus e ele foi recebido pelos braços de Henrique que também o pegou no colo com o braço que estava vago.

- Obrigada, Tomas. – Sorri.

Ele confirmou com a cabeça, como que me dizendo que aceitava o pedido.

Henrique abanou a cabeça indicando o interior de sua sala e o segui. Instantaneamente ele trancou a porta com a chave, depois caminhou até sua mesa e pressionou um botão, todas as cortinas escuras cobriram as paredes de vidro, e uma iluminação suave tomou conta do recinto.

- Acho que quero uma sala dessas. – Comentei, observando a minha volta.

- Meu pai era bem reservado. – Ele comentou com uma piscadela.

Ergui as sobrancelhas enquanto o mesmo colocava as crianças no chão. – Percebe-se.

- Você ainda não viu nada. – Ele caminhou na minha direção e tocou os lábios nos meus, em um beijo simples e caloroso. Ergui meus dedos e limpei a mancha do meu batom que se formou em seus lábios. – Vem aqui ver.

Ele me puxou pelos dedos, enquanto as crianças andavam atrás de nós. Henrique abriu uma porta empoleirada e praticamente escondida em um canto, ao lado de uma estante com livros. Um espaço caloroso e realmente fora de lugar se formou diante dos meus olhos. Parecia uma casa, ou era uma casa. Sabe-se lá como havia uma cozinha simples, porém com materiais necessários e eficientes. Um balcão separava aquele cômodo da sala com uma mesa para refeições. Sofás macios, alguns brinquedos espalhados e um aparelho de televisão, assim como um DVD. Ao fundo do encontro dos cômodos continha uma porta e ao lado de tudo uma parede de vidro que revelava uma bela visão da vangloriosa Barueri.

- Isso é loucura. Aquela porta...

- Sim, é um quarto. – Henrique disse risonho com minha reação.

As crianças já tinham se dispersado e estavam pegando alguns brinquedos para se divertirem. Captei um brilho com o canto dos olhos e notei a mesa posta com alguns pratos, talheres e copos.

- Tem umas pessoas vindo para cá. Quis fazer uma surpresa...

- Baby! – Me virei ao som da voz da minha melhor amiga e sorri ao vê-la sorrindo.

Sem pestanejar e me soltando de Henrique em segundos, eu a agarrei e ela me pegou no ar. Estávamos emaranhadas dentre cabelos e depois de alguns segundos ela me colocou no chão.

- Oi. – Eliot me cumprimentou enquanto mantinha uma mão no ombro de Cate, eu acenei em positivo.

- Seu futuro marido é muito possessivo! – Disse ela desesperadamente, enquanto Henrique cumprimentava os demais.

- Docinho, docinho. Preciso dessa recepção calorosa também. – A voz rouca de Bruno mencionou ao pé do meu ouvido e também pulei em seus braços.

Em alguns segundos captei seus cabelos levemente mais curtos. Seus músculos me aparavam com um ar de lar que nenhum outro par de braços continha. Ele me beijou no rosto, à medida que eu sorria.

- Estava morta de saudades. – Comentei.

Eu não havia me esquecido deles. A ferida de não tê-los todos os dias, como sempre tive, permanecia comigo em todos os momentos. Porém criamos vidas diferentes. Emily estava permanentemente no apê de Bruno, e Eliot e Cate eram casados, estavam vendo os detalhes para comprar a casa de ambos. Tínhamos vidas diferentes, porém sempre se cruzando.

Emily estava cumprimentando o irmão e dando tapinhas em seu peito. Depois caminhou na minha direção e me recebeu com o mesmo abraço caloroso.

- Estava com saudades de você, também! – Cantarolou ela após me soltar e pegar em minhas mãos. – Eu trouxe comida. – Sussurrou com uma piscadela.

Aos poucos fomos conversando e colocando a comida nos pratos, ainda quente e saborosa. Antes de tudo, Henrique e eu demos comida para Murilo e Júlia. Estávamos todos muito bem entrosados, rindo e conversando quando tudo aconteceu.

Quando nosso Mundo veio a baixo. Quando achamos que não teríamos escapatória. Quando chegamos perto do fim.

Apenas MeuWhere stories live. Discover now