Selcouth - ( Toji Fushiguro x Leitora)

Salva por Acaso

Após juntar todo o lixo do apartamento chegou a hora de o deixar para trás, intocado como deveria ser. O lugar não era mais que um ponto seguro de descanso onde apenas eu conseguia acessar o local. Posso ter copiado a técnica do Corvo, mas era Kiran que me permitia a replicar com sucesso.

A porta principal tinha um selo especial, quando rompesse deveria lançar um feitiço no invasor, por esse motivo a única maneira de entrar era comigo. Precisava de certa familiaridade com o local para poder acessar seu ramo de localização.

Toji foi o primeiro que pisou ali sem ser eu, nem mesmo Alber havia prestado uma visita. Contudo, isso não significava que eu confiava no homem. Pelo contrário, eu tinha muitas dúvidas sobre ele, mas ter a restrição celestial tirava todas as chances dele conseguir acesso.

Não poderia ficar para muito tempo, já que pela informação de Dragon — aquela que ele gentilmente forneceu antes de seu último suspiro —, Minori iria para Kyoto em breve. Precisava descobrir mais informações e estar preparada para isso, principalmente sobre Amarate.

Uma boa coisa é que nesse mundo de maldições sempre tem um ou outro que nos deve um favor. A passagem que abri me levou para um bairro no subúrbio de Chiba, do outro lado da Baía de Tóquio. Olhei para o relógio pouco mais de meio-dia, era praticamente madrugada para a pessoa que estava prestes a receber minha visita.

Porém, não existe horário para se cobrar dívidas.

No fim da rua o prédio de moradia marrom se erguia sobre as casas térreas, a pintura nova feito sobre a antiga começava a desbotar deixando a vista as manchas de bolor causadas pelo tempo. Não tinha ninguém na rua, e a vista apenas um grupo de adolescentes amontoados num beco. Provavelmente ocupados matando aula e fingindo serem 'os caras maus' apenas por comprar um maço de cigarros.

Subi os degraus de ferro até o segundo andar, andando até o penúltimo apartamento uma batida rítmica na porta e logo em seguida escutei passos andando e tropeçando em coisas do outro lado. Contei ao menos cinco trancas na porta a jugar pelo barulho, e ao girar da última delas, uma fresta apareceu apenas o suficiente para um único olho enxergar quem era.

— Alguém te seguiu?

Franzi o cenho para a figura encapuzada — Quem você pensa que eu sou? Abra logo essa porcaria.

A porta fechou por um instante e logo em seguida ouve uma abertura o suficiente para entrar. O apartamento era pequeno, praticamente um único cômodo tinham caixas espalhadas e monitores em todos os lugares, cada um rodando uma imagem ou uma sequência de códigos diferentes.

Kiran devia estar nas redondezas vendo se tinha alguém por perto enquanto eu conversava com o pequeno gênio. Tinha uma mochila arrumada no canto e outras coisas guardadas de maneira bem peculiar.

— Pretende sair? — questionei reparando no passaporte, com um nome provavelmente falso, disposto no topo da mochila.

— Eu? Não, porque eu faria isso? — rebateu — Ainda mais quando tem uma pessoa com uma recompensa milionária supostamente morta dentro da minha casa.

— Claro que você saberia sobre isso também, é o que está circulando? Que estou morta?

A garota passou a mão na cabeça revelando os cabelos curtos rosa e dois grandes olhos cor de safira. Contrastavam com sua pele cor de bronze cintilante e dois grandes brincos de argolas douradas.

— Bem, se sabe que Dragon recebeu uma bolada para dar cabo em você. E alguém recebeu mais ainda para matar o receptor, você ainda é uma incógnita. — ela disse girando na cadeira e digitando algumas coisas no teclado com velocidade.