Senhor do Submundo

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Suor escorria pelo meio de suas costas, as calças de cor escura estavam manchadas com poeira e as faixas enroladas nos punhos tingidas de vermelho. O sangue não era seu, mas sim dos oponentes que insistiam em pisar no ringue de terra laranja e testar suas habilidades contra o assassino de feiticeiros.

Foi o quinto oponente que caiu aos seus pés naquela noite, a arena clandestina urrou e Cérbero que estava na lateral comandando as apostas começou a recolher o dinheiro. Além de passar o tempo, dinheiro extra é sempre bem-vindo.

— Isso mesmo, passem a grana — gritava o mais velho recolhendo um punhado de notas sujas e amassadas. — Não é hoje que o assassino de feiticeiros caiu! Ruim para vocês, ótimo para mim e pro meu parceiro.

Toji andou até Cérbero em silêncio enquanto arrastavam pelos pés seu último oponente para fora, sua mão encontrou apoio no ombro do companheiro e puxou um trapo sujo para secar seu rosto. Fios de cabelos escuros grudavam em sua testa, escondendo parcialmente os olhos esmeralda. Sua respiração ainda estava calma, apesar de ser a quinta luta seguida, mas naquele porão abafado apenas ficar parado fazia surgir suor. Limpou o rosto jogando os cabelos para trás sem sair da marcação feita pelas cordas amarradas as colunas.

— Quando ganhei?

Cérbero girou as notas e mirou Toji com atenção — Ganhamos 126.000 yens. Nós, juntos, como um time.

Não foi tão ruim, seu próximo oponente entrou na arena, tinha tatuagens cobrindo todo seu corpo até mesmo no rosto, careca e corpulento, parecia poder render uma luta com mais de cinco minutos. Contudo, antes mesmo de começar o embate, ele parou.

Passos soaram e do canto oposto, do outro lado da surgiu uma figura de terno, com uma máscara de raposa no rosto. Vestido com relógio caro, sapatos brilhantes, sabia ser um dos agentes de Hades.

— Toji Zenin — a voz, entretanto, não era a de Minos, virou levemente para o encarar de frente —, venha comigo.

— Ei, você aí, se atrapalhar a luta é obrigado a lutar. E você também assassino, não pode deixar a luta assim! — alguém de fora gritou apontando em sua direção.

Ignorando como se não existisse, o agente continuou — Tártaro te espera.

As pessoas estavam começando a tumultuar, até mesmo nas rinhas ilegais existe uma ordem. Só que para Toji, não importa, o que ele deseja tão profundamente é acabar de uma vez com as ameaças que impedem sua esposa de voltar para o país.

Num único movimento, tomou da mão de Cérbero as notas.

— Deve ser o suficiente para pagar pela desistência — as jogou para o alto, instaurando o caos enquanto atravessava o pequeno quadrado atrás do homem após puxar sua camisa pendurada na corda. Cérbero ficou para trás tentando lutar pela sua pequena fortuna e honra.

O porão tinha uma única luz amarela pendurado no centro, então assim que se afastou o que encontrou foi escuridão. Os gritos se tornaram abafados pelas paredes velhas da periferia da cidade e o ar frio da noite grudou ao seu corpo quente assim que pisou na rua deserta. Sua guarda ergueu imediatamente quando viu que Perséfone estava parada ao lado de um carro de luxo, imóvel e vestida como um acessório.

O homem não é um agente, estava na presença do próprio diabo.

Hades ergueu a mão até o rosto acariciando a máscara — Gostou da minha pequena homenagem? Teria te trago a cabeça da yokai, já que você maculou minha tão preciosa primavera.

Perséfone se manteve imóvel quando a mão do homem mudou de posição correndo o dedo por sua bochecha — É uma pena que ela esteja tão bem escondida, pelo menos por enquanto.

Selcouth - ( Toji Fushiguro x [Nome])Where stories live. Discover now