Curiosidade Mata

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-Por fa--

Meu grito de dor não foi o suficiente para que a governanta da casa deixasse de fazer algo em relação às minhas costas. De fato houve melhoras na parte da manhã quando Hatsu tratou da dor, mas depois de todos os eventos que decorreram no dia quando voltei a colocar os pés na casa mal conseguia andar.

As garotas mais novas disseram para me banhar e em seguida me entregaram vestes de aparência tradicional, algo entre uma saia tom de vermelho queimado com frisos e uma blusa igualmente larga de mangas compridas, essa não permaneceu no meu corpo por muito tempo.

Hatsu mandou que eu tirasse a parte de cima e deitasse de barriga para baixo num futon fofo. Devia ter falado para o Corvo resolver esse problema para mim, mas com tantas coisas acontecendo fui lembrar dela apenas quando quase caí tentando subir os dois pequenos degraus da entrada da casa.

-Minha senhora, se você não parar de se mexer é claro que vai doer. - A mais velha mantinha as mãos pressionadas nas minhas costas fazendo uma massagem com óleos e outras coisas, que eu supus que são ervas pelo cheiro que se alojou na sala.

-Agora trate de não se mexer - disse com um tom autoritário - Caso contrário não vai adiantar de nada, de novo.

E dito isso saiu resmungando algo sobre eu não saber me cuidar. Continuei de barriga deitada para baixo enquanto o que quer que fosse que Hatsu aplicou em minhas costas fazia efeito, tinha uma sensação refrescante e anestesiadora que foi aceita de bom grado.

Suspirei, estava na sala onde ela podia me monitorar. Pelo menos se Toji quisesse me matar não seria na frente das próprias criadas, pelo menos eu acreditava que não. Mas e se..

Todos os eventos pareciam bem posicionados, até demais. Minori voltar a ativa ao mesmo tempo que essa recompensa apareceu, ainda junto com a busca por informações de Amarate. Em minha mente havia uma ligação clara entre minha irmã e a deusa original da morte, talvez mais uma tentativa gananciosa dela de querer algo maior do que se podia controlar.

Mas a minha recompensa, porque de repente aparece algo como isso? Não acho que faço um trabalho extremamente valoroso no submundo, uma clientela seleta e parcialmente regular, sim. Entretanto relevante o suficiente para ter uma promessa de morte, claro que tinha pessoas que não gostavam de mim, mas não o suficiente para gastar aquela quantia de dinheiro, tinha que ter mais alguma coisa.

Talvez a única pessoa com ódio o suficiente de mim fosse minha antiga família, mas mal tinham dinheiro para se sustentar quem dirá pagar pela morte da própria filha. Não que fosse algo que eles já não estivessem fazendo lentamente nos anos que fiquei presa, se Kiran não tivesse me encontrado é capaz que tivesse definhado ali mesmo. Meu cadáver talvez fosse jogado numa encosta qualquer e anunciado no noticiário do dia seguinte como indigente.

-Você sabe como me bajular [Nome] - a voz fina quase cantada, e de tom sarcástico soou do canto do quarto. Virei os olhos para encontrar a versão original e corpórea de Kiran encostada no canto. No rosto curto sustentado por um pescoço esguio, olhos alaranjados tom de neon me olhavam com curiosidade, na cabeça dentre um emaranhado de cabelos cor de cobre brilhante duas orelhas pontudas nasciam. As mãos pareciam cobertas por luvas escuras que se erguiam até quase os ombros, mas sabia que era sua pele que tomava tonalidades diferentes conforme sua verdadeira e antiga pelagem.

Kiran mantinha as pernas cruzadas com o rosto apoiado na mão e as oito caudas, da qual se orgulhava muito, abertas como um leque atrás de si. As vestes parecidas com as minhas embora nos braços fossem sem mangas.

-É raro que você me deixe te ver - comentei numa voz baixa para não chamar a atenção das meninas mais novas e nem de Hatsu - Nunca acontece algo de bom quando aparece.

Selcouth - ( Toji Fushiguro x Leitora)Where stories live. Discover now