Portão do Submundo

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Levou algum tempo, mas Toji finalmente chegou a casa que comprara para ele e [Nome] morar, após serem convidados a se retirar das terras Zenin. Viajar com o poder de Kiran com certeza facilitava a locomoção imensamente, ele deixou o carro alugado na estrada de terra e seguiu para dentro com a bolsa no ombro. Viu uma movimentação na janela e reparou ser uma das pirralhas que Hatsu cuidava.

Assim que entrou na casa, Tani se curvou para o receber — Mestre Toji, bem-vindo de volta.

Normalmente quem estaria pronto para o recepcionar seria a velha, o homem olhou com cuidado para a menina. Ela parecia bem, apesar de não conseguir o encarar nos olhos.

— Onde está Hatsu?

— Está no jardim, senhor, ainda se recupera das feridas daquele... — ela parou de falar, as mãos apertavam a barra da camiseta com força. Agora, longe das terras e das obrigações daquela família de merda, não havia necessidade de continuarem usando roupas tradicionais, como mandavam as boas e idiotas maneiras.

Estendeu a bolsa para ela — Deixe em algum lugar, vou falar com a velha.

Tani pareceu mais do que feliz de atender seu pedido, era raro que o homem sequer falasse com qualquer uma delas. Toji esteve ali uma única vez, quando ele e [Nome] fizeram a 'mudança', as paredes eram fortes, a fundação boa, e tinha mais corredores do que sua moradia anterior. Porém, não teve trabalho em encontrar o dito jardim, o sol estava fraco — afinal acabara de amanhecer —, se deitava sobre o mato verde tranquilo e preguiçoso.

Acompanhada de uma bengala improvisada — feita de um galho de árvore retorcido —, Hatsu descansava de olhos fechados, serena ajoelhada no chão, vigilante como sempre fora. O recém-chegado, se aproximou com passos leves, mas não o suficiente para não a alertar.

— O que você fez?

A velha não esperou ele se sentar para começar a falar, o homem permaneceu de pé e colocou as mãos nos bolsos olhando para frente. Na distância não havia nada para realmente ver além de árvores e mato. Respirou fundo antes de responder.

— Uma decisão de merda.

— Claramente senhor — respondeu com um tom de riso que fez Toji torcer o nariz —, ela apareceu por aqui.

O rosto do homem se virou rapidamente — Quando?

— Já deve fazer quase uma semana —, respondeu. A data batia com mesmo dia ou o dia seguinte em que tudo aconteceu. Hatsu não falou mais nada, e Toji sabia que não conseguira nenhuma informação se não perguntasse diretamente.

— [Nome] disse algo?

— Não — a resposta foi curta, mas continuou —, ela não precisou. Seus olhos falaram por si, gritaram por sua alma quebrada. Então novamente mestre Toji, o que você fez?

Algum silêncio se instalou entre, eles, o homem não a respondeu. Não queria, foi nesse momento que a governanta girou a bengala na mão e acertou-lhe a canela num movimento ágil e perspicaz. O galho era bem mais forte do que pensara inicialmente.

Prendeu um resmungo entre os dentes, contudo continuou a não dizer nada, sabia estar errado e que merecia mais do que uma batida com um graveto por fazer o que fez.

Hatsu se virou para ele a primeira vez, o rosto ainda com alguns roxos de onde os bastardos a acertaram semanas atrás, após soltar um longo suspiro voltou a falar — O que vai fazer?

— Procurar — respondeu —, para começar.

— E isso será o suficiente? — o contestou — Posso estar passando dos meus direitos, mas como alguém que cuidou de você depois da morte de sua mãe, aviso. [Nome] vai recusar suas desculpas.

Selcouth - ( Toji Fushiguro x [Nome])Where stories live. Discover now