Piloto

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Algum tempo encarava a pequena faixa que adornava o irouchikake tradicional, quanto tempo levaria até que pudesse se enforcar com ele? Teria visões da sua inútil vida enquanto estivesse sufocando sem ter ar o suficiente para oxigenar seus pulmões? Ou passaria seus últimos momentos proferindo palavras de ódio ao seu imprestável progenitor, culpado por a forçar a tomar medidas drásticas?

Qualquer uma das duas pareciam milhares de vezes mais atraentes do que apenas permanecer como uma estátua cumprindo o papel de esposa com obediência e dedicação ao lado de alguém que nem sabia quem era. E nem precisava, o sobrenome Zenin falava por si próprio no mundo jujutsu.

Pelo menos havia sido isso que ouvira da boca de seu... Líder de clã, quando recebeu a notícia pouco menos de um mês atrás.



Raiva, não. Mais precisamente fúria transbordava do patriarca da família Ikari, as porcelanas herdadas através dos séculos já não passam de entulho vítimas do descontrole emocional do mais velho

-Vai cumprir com seu dever e honrar essa casa com o matrimônio!

Os gritos faziam com que as janelas da casa principal tremessem, nos olhos fundos enterrados numa cara redonda nada além de cólera, desgosto em encarar o rosto desafiante da filha. Assim como ele mesmo, as bochechas estavam queimando de ira, a teimosia e recusa de aceitar o destino que foi escolhido para si.

-Eu prefiro morrer a fazer parte disso – cuspiu a verdade para seu pai, crua sem temor do que suas ações impensadas pudessem causar. – Não sou uma substituta para Minor-

A ardência em seu rosto e o gosto metálico em sua língua se fez interromper, levando os dedos um ao lábio viu as pequenas gotas de sangue que surgiram devido ao tapa no rosto que acabara de receber.

-Não se atreva a repetir o nome desta desgraça na minha frente ou dentro das paredes dessa casa.

-Ou o que? – olhos famintos de levantaram sem pressa na direção do mais velho, uma máscara perfeita de escárnio vestia sua feição - Vai me bater? De novo? Correr o risco de estragar o seu último recurso ou deveria dizer, sua última mercadoria?

-Não entre no meu lado ruim – o tom de aviso se fazendo claro e objetivo. Uma tentativa falha de manter a boca da garota fechada.

-Como se algum dia tivesse existido um bom. – língua afiada, quase venenosa - Não vou me casar forçadamente com alguém que eu sequer conheço.

-Não estou te pedindo é uma ordem. Você vai e ponto final, não existe nada que possa fazer sobre isso.

-Veremos – se levantou rapidamente sem se curvar em respeito ao mais velho, o homem não merecia isso. Ninguém daquela família podre merecia, não se curvaria a nenhuma pessoa – Leve o meu caixão para que seja feito os votos.



-Se ficar com a cara fechada mais um pouco, vou achar que não queria isso tanto quanto eu.

Não virou o rosto, mantendo o olhar fixo no batente da porta enquanto contemplava tantos parasitas, sorrindo e bebendo como se não estivessem prontos para se lançar ao pescoço de uns aos outros no primeiro momento. Tão falsos quando o sorriso perfeito que se instalou em seus lábios no momento que assinou sua sentença de morte.

-Pelo menos você não é tolo – a voz dela se manteve firme, sentenças curtas para que não desse a entender que estava disposta a conversar.

-Tolo não, inútil com certeza. De acordo com todos eles é claro.

Se tivesse que descrever a voz de seu então... Marido. Seria, entediada - Pelo menos no momento - era grave e também um pouco rouca se arrastava preguiçosamente deixando bem claro que só estava ali por formalidades e nada mais.

Pelo canto de olho ousou espiar para o homem com o mínimo de atenção e curiosidade, no assento dedicado ao noivo estava praticamente largado, os cabelos desarrumados sua mão apoiada em seu rosto e a expressão de alguém que não se importava em transmitir o quão insuportável aquela situação era.

Pensou que se fosse ela a ter essa atitude era capaz que a deserdassem da nova família imediatamente e talvez até não fosse uma má ideia.

-Você não é muito de conversar não é mesmo? – mas uma vez ele insistiu em iniciar uma interação.

-Aqui, não. Com você ou qualquer um que esteja envolvido com esse maldito casamento forçado, também não.

-Bem parece que começamos com o pé esquerdo – ouviu as vestes do kimono rasparem uma contra a outra enquanto se movia – Porque não fugiu? Faria um favor a nós dois.

-Como se eu não tivesse tentado – respondeu com sinceridade, já que ele parecia tão infeliz quanto ela. – Me pegaram uma semana atrás.

Uma risada baixa – Estava brincando, mas me sinto levemente ofendido. Sou tão desprezível assim?

Pela primeira vez virou seu rosto para o encarar, seu rosto era bem marcado principalmente a linha do maxilar, o pescoço grosso e os olhos expressivos. No canto da boca fina uma cicatriz, não era fisicamente desagradável.

-Você, ainda não descobri. Mas todos os outros imundos aqui sim, principalmente meu pai que me forçou a casar com uma pessoa sem ao menos saber seu nome.

Poderia ter sido a sinceridade desmedida mas pelo menos a garota não era como as outras que havia conhecido. Algo nos seus olhos despertaram certa curiosidade no companheiro.

-Bom, eu sou Toji. Seu marido a partir de agora.

Estendeu a mão em sua direção em um cumprimento formal, esperando que a mesma retornasse. Encarou sua palma estendida para em seguida desviar os olhos voltando a encarar a peça nada atraente de madeira no fundo no salão, não aceitou a sua mão.

Mas já que ele havia dito seu nome, respondeu também com o seu.

-[Nome], apenas [Nome].

Recolhendo os dedos o homem voltou a posição original e pelo restante do evento não tentou se comunicar mais nenhuma vez. Seu estômago se contorcendo a cada segundo arrastado, não sabia se ficava feliz pelo tempo estar se passando devagar ou triste, uma pessoa passou do seu lado com algum saque.

E sem perder tempo pegou uma das bebidas virando imediatamente contra a boca, um brinde ao inferno que seria sua noite de núpcias.








N/A: Olá!

Essa história se passa antes de todos os acontecimentos de Jujutsu Kaisen.

Estou partindo da premissa que, no primeiro casamento do Toji ele ainda era Zenin. E só no segundo passou o nome para Fushiguro, minha explicação pra isso:

Se o Megumi fala que o Toji e a mãe da Tsumiki se juntaram quando ele tinha 5 anos, e o Toji diz pegou o nome da  esposa. Pessoalmente me levou a conclusão de que no primeiro casamento ele ainda era Zenin. Já que a Tsumiki já era Fushiguro.

Pode estar muito errado em relação a história original, que no momento de escrita deste livro ainda não foi revelado, mas é uma fanfic então temos margem para fantasiar.

Gostou do enredo, e quer acompanhar? Não esquece de salvar na biblioteca para receber as atualizações. Vou começar a postar esse livro regularmente assim que terminar Sýndesis (se você não acompanha a minha Gojo X Leitora, te convido a passar por lá também.)

É isso, vejo vocês por ai.

Xx


Selcouth - ( Toji Fushiguro x Leitora)Where stories live. Discover now