55 › Vingança

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⚠️: Tortura.

As coisas acontecem tão rapidamente que Kento mal consegue acompanhar.

Sua sweetheart acaba de derrubar a haste de ferro sobre Historia, que infelizmente não é pesada o suficiente para parti-la ao meio, mas faz um bom trabalho em derruba-la e deixá-la se contorcendo de dor ao chão. A loira mal consegue se mexer e está com os braços presos por baixo da barra de peso sólido, piscando lentamente como se pudesse desmaiar a qualquer segundo.

Mas a Ackerman-Reiss ainda está lá. E está fazendo um trabalho impecável ao puxar a pistola prateada que escapuliu da cintura de sua prima, está fazendo um trabalho dolorosamente perfeito ao segurar a arma com o a mão quebrada — fratura que aconteceu no momento em que ela empurrou a barra contra Historia. Ela quebrou a mão e aparentemente o pulso quando puxou o braço enquanto o ferro caía e nem mesmo respirou errado. Nem tremeu um cílio.

A russa mais nova ainda está gemendo no chão quando S/n aponta para as correntes que a prendem e se solta da última algema, embora o círculo prateado ainda fique preso ao seu pulso, como uma pulseira. Kento fica curiosamente assustado quando ela se aproxima, em passos tão calculados e confiantes que é como se tivesse treinado para andar ali, naquele momento, daquele jeito. Ela faz o mesmo com as correntes do japonês e joga a pistola para ele assim que o homem faz sinal de se levantar para a abraçá-la. 

S/n não fala, ela grunhe, quando diz a Nanami:

— Use essa pistola para matar Ymir e quem estiver com ela. — Ela caminha até Historia. — Ligue para os Quatro e peça ajuda. Diga para eles ligarem para Suguru, que provavelmente está mais próximo de nós do que eles. — Ela para a cinco passos da prima. — Rápido. 

E Kento vai. Ele obedece, mesmo quando está disposto a ser o vilão da história e trancá-la em uma sala para que possa descansar. Ele quer beijá-la, abraçá-la e chorar de gratidão por ela ainda estar viva. Quer levá-la a um hospital e, junto com quantos médicos estiverem disponíveis, submetê-la a exames meticulosos para saber como está a saúde de seu filho. Ele poderia levá-la dali a força, mas sabe que seria muito pior. Que ela precisa arrancar cada centímetro de pele de Historia com as próprias mãos ou nunca irá descansar.

Então ele acena e caminha em direção à enorme porta de aço. E enquanto anda, com seus ossos reclamando, a cabeça latejando e os sentidos esmagados, ele consegue ver S/n arrastando o corpo pesado de Historia pelos cabelos até a parede mais próxima. 

Tudo que ela consegue sentir é sua própria consciência. Não sabe qual é o peso do seu próprio corpo, não sabe que gosto tem sua própria boca, não sabe o quanto sua mão quebrada dói, não sabe quanto sangue já escorreu do pulso dilacerado pelas correntes, não faz ideia de como seu filho está ou se o seu minúsculo coraçãozinho ainda bate. Ela não sabe e sente muito, muito mesmo, por não conseguir se importar naquele momento. Porque tudo o que quer é ouvir os gritos de Historia, ver suas lágrimas caindo pelo rosto demoníaco enquanto ela implora para viver. Para respirar. Enquanto implora por uma segunda chance. Quando pedir para ver Ymir apenas mais uma vez. 

Para fazer tudo o que não deixou Erwin fazer.

Então ela pisa no tornozelo de Historia. Pisa com força e no ângulo certo. Pisa com vontade o suficiente para estilhaçar os ossos naquele local e fazê-la gritar de dor. Para despertá-la. 

E Historia grita. De surpresa, de dor, de terror. Ela olha para S/n com os lábios entreabertos, como se buscasse fôlego, como se buscasse o oxigênio que novamente escapa de seus pulmões quando S/n pisa no outro tornozelo e o fratura da mesma maneira. Então agora ela não pode mais correr.

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Where stories live. Discover now