50 › Baile Ackerman-Reiss | Parte I

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Eram seis horas da manhã, o dia sequer estava claro mas eu estava congelando de frio. Agradeci aos deuses pelo interior da mansão ser geralmente quente e pelas lareiras em alguns cômodos — embora elas não fizessem tanta diferença em comparação aos aquecedores elétricos.

Ainda assim, andei descalça e apressadamente até o quarto de Erwin, um andar a mais que o meu e no fim de quilômetros de labirinto de corredores, escadas e portas para ser encontrado. Eu bati na porta duas vezes antes de entrar. Ele mesmo abriu a porta, e estava usando uma bermuda de malha preta e uma camisa regata cinza totalmente molhada de suor. Seu rosto estava vermelho e uma toalha descansava em seus ombros largos.

Em contraste, eu usava um conjunto comprido de pijamas de algodão preto, com um cardigã azul-marinho. Meus pés eram envoltos em meias de crochê e uma pantufa com plumas brancas. Erwin sorriu quando me analisou da cabeça aos pés, embora eu ainda percebesse sua tensão pela nossa conversa da noite anterior.

— Estava malhando. — Ele disse, abrindo a porta para me deixar passar. O quarto de Erwin é maior e mais organizado do que eu poderia ter imaginado.

As cores que dominavam o ambiente eram branco, azul-escuro (quase preto) e cinza. Haviam cortinas enormes na parede oposta à porta e arcos de entrada e saída para outros lugares do cômodo, como a sala com equipamentos de academia que eu podia ver ao oeste, e mais um escritório ao leste. Os banheiros deviam ficar no meio ou além.

— Desculpe interromper, mas precisava falar com você.

Ele negou com a cabeça, esfregando a toalha pelo pescoço e braços. Sua respiração era ofegante e seu rosto não expressava nada além de pura calma e atenção.

— Não interrompeu, eu já estava indo tomar banho. — Erwin jogou a toalha num cesto próximo à parede. — Mas porquê veio me procurar tão cedo?

— Fiz um pedido online pouco tempo atrás e pedi que Kento pegasse para mim, na volta de Podolsk ontem à noite. — Ele assentiu, encarando o chão como se estivesse levemente confuso. — É um presente. — Pigarreei. —De aniversário. Pra você.

Ele congelou. Virou uma estátua e apenas mexeu os olhos enquanto eu retirava o medalhão do meu bolso. Ele estava dentro de uma pequena bolsinha de tecido veludo carmesim. Estendi a mão para Erwin, que hesitou ao pegá-la.

— Nunca dei nenhum presente de aniversário para você... — Ele sussurrou, segurando o embrulho de tecido entre os dedos, alternando o olhar bicolor entre mim e o presente.

Eu quase gargalhei.

— Você me deu um carro que nem foi lançado pela própria fábrica, basicamente me deu um tigre ontem à noite, criou um modelo de pistolas exclusivamente para mim, com o nome poético da definição dos meus olhos na sua perspectiva, além de celulares, roupas e mais um milhão de coisas. — Cruzei os braços. — Ainda mais importante; você me deu amor, atenção e cuidado. Foi paciente comigo quando e como ninguém mais seria. Foi meu pai desde sempre. Um ótimo, inclusive, de acordo com o que as limitações da sua vida permitiam. Não posso pedir mais que isso, não há como me dar algo mais importante que isso. Nunca conseguirei retribuir isso. — Engoli em seco, piscando os olhos repetidas vezes para afastar a queimação. — Apesar de tudo... você me deixou fazer parte da sua vida. Muito obrigada.

Você é a minha vida. — Ele enfatizou toda a frase. — Sempre foi, sempre será.

Eu não me importei se ele estava completamente suado, apenas fechei meus braços ao redor do seu tronco e o abracei forte. Ele acariciou meu cabelo, então sussurrou palavras de agradecimento pelo presente.

— Abra logo. — Me adiantei. — Não sei se isso conta como um presente mas-...

— Cale a boca, Ackerman. — Ele sorriu enquanto dizia a frase, maravilhado com o colar de prata com detalhes em diamante.

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Where stories live. Discover now