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Conversei muito pouco com Nanami na última semana, tal como com Erwin.

No caso de Kento, era porque ele me contou em como andava ocupado com alguns problemas que envolviam o Clã Zenin; após a traição deles para com a Yakuza, em prol de Erwin, os Quatro tiveram muitos problemas com os respectivos aliados, assim como com Hashirama, que exigiu uma explicação plausível para a quebra do acordo — que aconteceu há um bom tempo, mas que até alguns dias atrás, era tratado como um rumor. Por esse motivo, conversávamos apenas o básico (e o interrogatório rotineiro sobre eu estar bem)... Nanami disse que acreditava em mim sobre o que Erwin disse e que estava disposto a confiar em nós, mas ele ainda precisava analisar os arquivos com os Quatro, chegando até a se desculpar por isso. Contudo, eu encarei aquilo como um avanço, considerando o quão cético e naturalmente desconfiado o loiro é. 

Mas em questão a Erwin... Eu apenas quis um tempo para assimilar tudo de perto, para entender, de uma vez por todas, quem sou e que papel tenho em minha vida. Essa última semana foi extremamente importante para mim, considerando que conversei mais com Varvara e Natalya — e com Lena, Alexios e Ramon, a governanta e mais dois cozinheiros que só chegaram dois dias após minha primeira conversa com Kento —, explorei mais a Casa Reiss, passei a prestar atenção nos detalhes e na história implícita em cada centímetro luxuoso da mansão. É a casa da minha mãe, da minha tia, da minha maldita prima, da minha família. Porque além do valor sentimental que os Cinco têm pra mim como família, eu também tenho alguém que compartilha o mesmo sangue que eu. Eu não preciso mais invejar a filha do Comandante Muzan, não preciso mais ser uma soldada porque agora tenho uma identidade como ser humano. Sou S/n Ackerman Reiss. Tenho uma família e uma casa. Somente meus. Genuinamente meus.

E foi difícil aceitar e superar isso enquanto ouvia as histórias de como Erwin aprendeu a fazer aquele glorioso chocolate quente, de como minha mãe já quebrou um jarro na cabeça do meu avô por gritar com minha avó. De como minha mãe e Lara já saíram às tapas enquanto mais jovens — mesmo que Lara fosse mais velha — e acabaram atirando nos pilares que sustentam o teto do lado de fora, me fazendo sair para observar os furos que eles ainda mantiveram lá. Cada sussurro sobre cada momento passado era uma concretização da minha identidade e do valor do meu sangue. De como era tudo real.

E Erwin me deu tempo, ele manteve a paciência quando eu, distraidamente, lhe dava respostas curtas demais ou quando simplesmente levava minha comida para o meu quarto e não aparecia até a próxima hora de comer. Mas ele também manteve a postura inabalável que eu reconhecia bem — porque eu tinha uma igual — pelos soldados que rodeavam a casa e observavam tudo em seus postos. 

Percebi que as pessoas que Erwin mais confia são Gaara, Pieck, Konan, Sukuna, Yahiko, Itachi, Yelena e Reiner — os dois últimos sendo aqueles que conheci recentemente —, por isso eles podem entrar e sair da Casa como bem quiserem, assim como dão mais ordens para os demais seguranças. 

Na última semana, também pude conhecer mais lugares daqui: fui até as bases de treinamento que Erwin mencionou, onde conheci Yelena e Reiner. O Braun parecia comandar aquele lugar, tendo intimidade o suficiente com Erwin para chamá-lo pelo nome, como poucos faziam. Ele e a mulher também são muito habilidosos, sendo quase tão bons quanto eu em atirar e lutar. Inclusive, descobri que há uma academia no terceiro andar, onde eu passei cinco dias malhando enquanto era observada por Itachi e Gaara. 

O relatório interno passa na minha mente como um filme, à medida que levo a xícara cheia de capuccino até os lábios, bebericando o líquido quente antes de colocá-lo de volta no pires. Meus olhos se erguem até Erwin, que está sentado na cadeira oposta à minha, na outra cabeceira da mesa, e Pieck, que está sentada do lado esquerdo, uma cadeira após Erwin e mais de uma dezena de cadeiras antes de mim. Ótimo.

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora