09 › Ressaca

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Minha cabeça pesava e meus olhos estavam cansados, clamando por um descanso após toda aquela euforia; mas meu corpo insistia em permanecer desperto enquanto eu e os meus cinco companheiros jogávamos UNO na sala de estar. Era hilário ver os homens mais poderosos do continente jogando algo tão... Divertido? Banal? Infantil?

Bem, se, um mês atrás, me dissessem que um dia eu iria sentar num tapete com os Chefes da Máfia Japonesa e seu melhor agente e jogar UNO com eles, eu iria passar 5 horas sólidas gargalhando na cara da pessoa. Mas agora, enquanto Gojo segurava suas cartas — visíveis — de cabeça para baixo, Nanami tentava esconder duas debaixo da axila, Levi havia enfiado três na xícara de chá, Kakashi jogava com as cartas ao contrário e Aizawa já estava em seu terceiro sono; eu rapidamente me dei conta que não seria difícil me apegar aos mafiosos e criar uma relação fraternal com cada um deles.

E eu até poderia pensar melhor nisso, se minha mente não estivesse ocupada demais processando a estimulação causada pelo pó de metanfetamina que entupia meu nariz.

— MERDA, MERDA, MERDA, HAHAHAHA! — Satoru bateu no chão, gargalhando enquanto via a série de "+4's" que Nanami jogava no ponto invisível que nós circundeávamos.

— UNO! — Nanami gritou, também afetado pela droga.

— EI, SEU LOIRO OXISHIGIGENADO, NÃO VALE QUANDO SE TEM CARTAS ESCONDIDAS! — Eu o confrontei, mas ele fingiu não escutar quando inspirou mais um pouco do pó que estava na parte de baixo do raque.

— Gatinha, se você gritar mais uma vez, eu vou enfiar todos essas cartas no sua boca. — A voz de Aizawa, roucamente alterada pelo álcool, me fez estremecer quando ele despertou subitamente e sussurrou no meu ouvido.

— Ei, não mexa na n-nossa garota! — Satoru brincou e eu gargalhei, jogando meu corpo para trás espontaneamente e relaxando no peito de Aizawa, próximo ao ombro e na curvatura de seu pescoço, enquanto encarava Nanami procurando uma carta pelo seu próprio corpo. (Segredo: Ela estava na alça da camisa regata).
Não sei como foi parar ali.

— Se ela é nossa, ela é metamorfosicabiente dele.

— Meta-o-quê? — Levi perguntou à Kakashi e ele fez uma careta, balando a cabeça em sinal de que nem ele mesmo sabia.

— Kento!~ — Eu chamei o loiro num tom manhoso e ele cerrou os olhos para mim. — Meu pé está doendo, acho que eu machuquei enquanto pulava no ocea-piscina! Você poderia fazer uma mazagem?

— Só porque eu estou de bom-humor... — Ele murmurou, agarrando delicadamente o meu pé e massageando o centro da pele áspera.

— Tudo bem, tudo bem, já chega! — Levi disse, após terminar de arrumar a pilha ainda desajeitada de cartas. — Clarissa!

Alissa, a moça que vem me ajudando bastante ultimamente, se aproximou de nós — obedecendo uma ordem de Levi, que a deu antes de ficar bêbado, falando para tentar nos limitar sobre o álcool e as drogas, sempre nos impedindo de quebrar algo sem querer ou matar alguém. Era uma grande responsabilidade e eu sentia a hesitação dela sempre que se aproximava dos chefes, fiquei com pena da mulher.

— É Alissa, senhor.

— Alicia?

— A-LIS-SA! — Eu sibilei para o Ackerman e ele franziu as sobrancelhas.

— Então, Clarissa, por favor tire toda aquela metanfetamina do raque. — Ele apontou para Satoru, que estava a um passo de começar a lamber a droga.

— E coloque um filme, algo pra-ra assistirmos! — Eu acrescentei e ela olhou de relance para a TV. — Ponha 'Esquadrão 6', no Instagram.

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Where stories live. Discover now