A inconsciência e o conforto eram gloriosos. Os lençóis, tão macios quanto os travesseiros aveludados, me esquentavam enquanto o vento fraco e gélido do ar-condicionado fazia meus pêlos se eriçarem por baixo dos cobertores. Talvez tenha sido o barulho natural do mar revolto, bem abaixo e atrás de nós, ou a mão tão fria quanto a temperatura do quarto — que segurava meu braço e sacodia meu corpo — que me fez despertar.
Abri os olhos, sentindo-os lacrimejar pela luz ambiente que escapava das cortinas azuis, de chiffon, completamente abertas. Ao erguer os olhos para o dono das mãos inquietantes, grunhi ao ver a faceta tediosa de Shouta. Os fios pretos despencavam como cascatas pelos ombros largos e musculosos do meu chefe; como sempre, a barba estava por fazer e seus olhos exibiam leves olheiras, denunciando o cansaço por fazer sabe-se lá o quê enquanto eu estava fora.
Apoiei meu próprio corpo sob os cotovelos e, rapidamente, inclinei-me para a beirada da cama, vomitando tudo o que eu tinha comido por pelo menos o último ano. O grunhido de Aizawa foi suficiente para saber que ele estava quase vomitando por me ver vomitando.
— Merda, S/n, você não sabe se controlar? — Perguntou ele, cobrindo o nariz e a boca com as mãos.
— Eu... — Passei o antebraço no rosto. — Bebi pra porra ontem.
— Eu sei que bebeu... Maldita hora para não ter empregados, onde infernos está Alissa?! — O Chefe vociferou, seguindo para o outro lado da minha cama.
— Ainda sem notícias dela? — Questionei, obrigando-me a sentar no colchão e não olhar para o vômito.
— Nem mesmo uma pista. — Shouta passa as mãos pelos cabelos, coçando a nuca por fim. — De qualquer forma, não vim aqui para vê-la vomitando ou falar de Alissa; Levi está nos chamando para a reunião.
Com reunião, ele queria dizer sentar-se nos sofás e contar como a missão ocorreu como se fossêmos um bando de amigos fofocando — bem, conteúdo eu tinha.
— E Mirai já chegou, precisamos de uma presença... Feminina, com aquela garota.
— Vão adicionar isso no meu salário?
— Não irei matá-la, serve?
— Me ameace novamente e sinta seu pau ser cortado fora.
— Ah, mas você gosta tanto dele. — Shouta piscou, enquanto bocejava e caminhava em direção à porta.
— Seu imbecil — eu xinguei, em tom de riso —, diga a Levi que prepare um café ou chá para mim, estou com dor de cabeça.
— Sim senhora, majestade.
≈
Ao chegar na sala, me deparei com uma das últimas coisas que eu achei que veria. Ainda um pouco tonta, desci da escada feita inteiramente de vidro com atenção; podia escutar a voz de Shouta e Levi na cozinha, bem como a de Kakashi, mas reparei apenas da garota não muito mais baixa que eu, sentada preguiçosamente no sofá enquanto conversava algo aparentemente muito interessante com a pessoa que disse que não gostava de crianças. Nanami.
Ao chegar no último degrau, aquele rosto esculpido se ergueu e me encarou curiosamente. Cabelos curtos e lisos, maxilar marcado, pele alva e olhos avelã salpicados de carmesim. Era linda, simplesmente, uma beleza juvenil e natural.
— Oii. — Obriguei o tom empolgante chegar à minha voz. — Bom dia. Você deve ser Mirai, certo? — Ela franziu as sobrancelhas, mas assentiu. Kento parecia me estudar com os olhos. — Eu sou S/n.
— Já ouvi falar de você. — Constatou ela. Foi a minha vez de franzir as sobrancelhas. — Bakugou disse que você é uma espiã mesquinha e suicida.
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𝐂.𝐈.𝐀 || 2d × Reader (PT-BR)
FanfictionEu podia sentir meus pulsos amarrados atrás das minhas costas, meu corpo estava preso numa cadeira de, aparentemente, metal e havia uma venda tapando a minha visão. Também havia um pano preso na minha mandíbula e eu pude sentir que estava totalmente...