16 › Recuperação

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Quando terminei a última parte da missão, saí do prédio com a visão turva e o estômago revirado. Lembro de ter desmaiado dentro do elevador, mas não lembro de quando Kirishima me pegou nos braços, após ter sido chamado juntamente com Itadori por Midoriya e Kugisaki. Não lembro de quando ele enfaixou minha perna, meu torso e dorso por causa dos cortes e meu braço após ter sido fraturado. Não faço a mínima ideia de quando entramos nos carros e fomos diretamente para Kanagawa. E não faço ideia de quanto tempo se passou desde a missão, até agora onde Itadori sentou-se ao meu lado e começou a me contar tudo isso.

Quando acordei, eu mal sentia meu braço e estava confusa. Reconheci a sala da mansão, mas senti falta dos cinco homens e tive que esperar alguns segundos ou até minutos para me recompor. Meu braço estava engessado, meu abdômen e minhas costas estavam enfaixados, assim como a minha perna. Itadori sentou-se ao meu lado e contou tudo o que aconteceu.

— Como Bakugou e Shoto estão? Onde eles estão?

— Estão descansando nos quartos de hóspedes. — Ele retrucou. — Nobara-chan e Kirishima-kun estão trocando os curativos de Katsuki.

— E os chefes?

— Estão no escritório de Levi-sama conversando sobre algo que você fez. — Ele se levantou, parecendo ter se lembrado de algo. Meu coração vibrou no peito.  — Inclusive, pediram para avisar quando você acordasse.

Eu não tive tempo de protestar quando Yūji disparou pelas escadas. Eu tinha quase certeza do assunto que os chefes discutiam; eles tinham me pedido para fazer algo que fizesse as outras pessoas saberem que esse assassinato foi encomendando pela Yakuza... E, bem, eu fiz.

Mas enquanto me preocupava, não pude deixar de sentir o alívio que era estar de volta. Poder me deitar naquele sofá, assistir naquela TV, malhar na academia, nadar na piscina... Acordar e vê-los preparando o café da manhã ou eu acordar mais cedo para ver aqueles cinco mafiosos com carinha de sono e ainda meio atordoados. Eu agradeci a qualquer divindade existente por estar viva. Por muito tempo, não me importei se morria ou vivia ou quem morria ou quem vivia, mas agora... Sinto que estou começando a gostar de viver.

Mas, aparentemente, a minha vida não duraria muito. Porque os rostos furiosos dos meus superiores me fizeram arrepiar.

— Eu disse que vaso ruim não quebra tão fácil. — Kento murmurou e eu lhe mostrei a língua. Atrás dele, os outros vinham com tudo.

Shouta sentou-se numa poltrona em frente ao sofá aonde eu estava deitada e cruzou as mãos, apoiando os braços nas pernas. Satoru sentou-se no finalzinho do sofá, e eu encolhi as pernas para lhe dar mais espaço. Kento sentou-se juntamente com Levi no sofá menor, do lado esquerdo, me obrigando a me sentar também para poder olhar para todos. Kakashi permaneceu em pé, encostado no raque. Por um momento, me senti culpada pelo meu próprio estado. Há pouco, Satoru perdeu Iori... E agora eu estava naquela situação. Cheguei enfaixada, quebrada, ensanguentada e desacordada. Não sei o que se passou pela cabeça dele — nem dos outros, que também eram próximos de Utahime.

— Antes que todos nós terminemos de matar você — disse Levi —, me conte o que você estava pensando quando fez aquilo após a morte de Dino.

— Vocês me pediram para deixar claro que foi a Yakuza... — Eu fiquei sentada. — Então eu fiz.

— Você montou o nome "Yakuza" na parede com os dedos dele! — Kakashi enfatizou.

— E depois fez uma espécie de "caça ao tesouro" deixando os corpos dos seguranças abatidos como trilha até chegar na cobertura. — Shouta completou.

— E quando encontraram o corpo, você deu um jeito de colocar o pé dele perto da orelha. — Levi adicionou. Eu cocei a nuca.

— Quê? Ficaram com pena?

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Where stories live. Discover now