54 › Insanidade

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— Fui eu que matei Varvara e Natalya. — Historia confessa, algum espaço de tempo depois de tudo. Depois de voltar de algum lugar. — Fui eu que ameacei Monroe e o incitei a se suicidar, para que não descobrissem sobre o veneno no seu organismo. — Ela enfia uma seringa com um líquido transparente que parece ser água entre os lábios de S/n e a deixa tomar. Está hidratando-a apenas o suficiente para se manter viva. Ela faz isso com os outros enquanto fala. — Sobre as empregadas... Bem, elas eram bisbilhoteiras demais. Estavam seguindo Pieck e eu no shopping GUM. Foi quando eu atirei nas duas e mandei Finger cuidar para que não fosse descoberta.

Historia volta para a cadeira pela qual estava acomodada antes e deixa a garrafa e a seringa no chão, ao seu lado. Ela observa o rosto de todos. S/n também os faz, encontrando-os quase mortos. Parecem estar à beira da morte.

— E Finger, vocês sabem... — Ela dá de ombros. — Queria se tornar a próxima Senhora Reiss. Sonhou alto demais.

— Historia. — Erwin diz. — Me dê quais papéis forem necessários. — Implora. — Me entregue para o exército russo. Me mate... Mas deixe-a ir. — Seus Olhos Ackerman encontram os da filha. — Por favor. Faço qualquer... qualquer coisa.

Ela cruza os braços, encarando-o com as sobrancelhas erguidas.

— O famoso e intimidador Erwin Ackerman implorando por algo? — Ela gargalha. — Me diga, tio, você deu uma chance para que minha mãe implorasse antes de matá-la?

Silêncio. Erwin ainda sente culpa por aquilo, mesmo que estivesse em sua total razão. E o arrependimento parece se estampar em seu rosto; S/n percebe que ele pode estar acreditando nas palavras sujas de Historia. Pode estar acreditando que aquilo é culpa dele. Mas não é.

— Sua mãe não se importava com você. — Ele tentar argumentar. — Ela ficou obcecada por S/n... e para o que a representava para a Rússia e para o Japão. — Ele grunhe, provavelmente por causa da dor nos pulsos. Mais algumas horas e aquilo se tornará uma infecção. — Na verdade... Ela era obcecada por Sarah. S-sempre foi.

Historia o encara. Estreita os olhos e trinca o maxilar.

— Vamos, Erwin. — Ela suspira, levantando-se novamente e retirando uma pistola do cós da calça. — Chegou a sua hora.

S/n olha para o pai e chora. É apenas para isso que ela tem forças, apenas isso que pode fazer. Chorar. E Erwin também está chorando. Não soluçando, arquejando e gritando como ela, mas com o semblante aflito e o rosto molhado e pálido. O sangue parou de escorrer de seu rosto, agora são apenas marcas de uma trilha carmesim, mas gotas grossas do líquido espesso e vantajoso ainda caem de seus pulsos. O sangue desliza entre as correntes, escorre pela superfície as hastes de ferro e para no chão, fertilizando o solo.

Um desespero enlouquecedor toma conta de S/n com as palavras de Histiria. Papai. Ela balbucia. Papai. Como uma criança, como um bebê aprendendo a falar aquelas palavras pela primeira vez. Mas nada verdade se trata da última. E ele não ouve. Erwin não demonstra ouvir seu chamado fraco entre os diversos soluços.

— Coloquei mais sedativo na sua água do que na deles. — Ela mexe os ombros, então atira nas correntes e libera Erwin. Ele cai no chão com uma força espantosa. Algum osso se fratura. Audivelmente. Historia dá passos para trás. — Se arraste até a porta ou eu atirarei na sua cabeça bem aqui. Não acho que ver o pai morrer será uma boa cena para uma mulher grávida. Sinta-se grato pela minha compaixão e me obedeça.

— Historia. — Kento grunhe. — Saia de perto dele.

É tudo o que S/n quer falar, gritar, sussurrar, pedir, ordenar, implorar, mas não consegue. Ela não consegue fazer nada além de tremer, chorar e sentir seus ossos derretendo dentro do corpo.

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Where stories live. Discover now