Mas eu mesma não estava muito bem há alguns dias. E não sabia o que fazer sobre isso.



— Você está pálida. — Historia diz, levando a xícara à boca. — Não diga que está imitando os hábitos tóxicos de tio Erwin.

— Você é muito observadora e superprotetora, Historia. — Suspiro. — Eu estou bem.

— Eu sou mais velha que você. É natural.

— Não precisa me infernizar com esse papo o dia inteiro. — Derramo mais um pouco de uísque no chá, deixando a xícara no braço do sofá ao tomar mais um gole.

— Não faça isso! — Ela me repreende. — Vai cortar o efeito calmante do chá.

— Vai se foder.

A loira revira os olhos, mas volta a se concentrar no exemplar de Moby Dick aberto em cima de suas pernas. Ela está quase no fim do livro e há semanas não para de falar sobre ele. Já eu, estou muito concentrada no primeiro volume de "Um de Nós Está Mentindo".

A casa está um silêncio só. A maioria dos seguranças estão do lado de fora, Pieck não aparece aqui há uma semana e Lena, Alex, Ramon e os outros vão embora logo após terminarem todas as tarefas — seja para os alojamentos na propriedade ou suas respectivas casas na cidade.

Ultimamente, as únicas coisas que tenho feito é ler, beber e transar. Kento é super ocupado com o trabalho e meu pai sempre arruma uma desculpa para ler e assinar papéis, fazer ligações e comparecer à reuniões. Nem parece o chefe de uma organização criminosa que abrange um país inteiro, é como se fosse um empresário sobrecarregado. E quando eu não estou lendo, bebendo ou transando, estou tomando chá com Historia ou conversando com Maki Zenin. Ou passeando com Abraxos.

Fui de assassina procurada mundialmente para vagabunda rica em questão de meses.

Então ouço a porta abrir e perco a concentração recém-adquirida quando ouço os passos familiares. Kento fecha a porta atrás de si e nos cumprimenta com um aceno. Faz mais de um dia que eu não o vejo e da última vez que conversamos ele disse que precisava falar comigo, mas que eu deveria esperá-lo chegar do trabalho e que não deveria me preocupar porque estava tudo bem.

Eu me preocupei e pensei em milhões de situações em que as coisas não estavam nada bem.

— Oi, meu amor. — Digo, deixando o livro e o chá de lado e me levantando para abraçá-lo.

Kento dá um beijo em minha testa e sibila um oi.

— Vamos conversar lá em cima? — Ele sugere.

— Claro.

Não me despeço de Historia ao acompanhá-lo até o meu — nosso — quarto. Kento entrelaça nossas mãos e permanecemos assim até que ele decide de livrar da gravata, blazer e camisa. A cama ainda está desarrumada, à medida que eu não a arrumei e não permito que os empregados entrem no quarto.

Ele se senta na beirada do colchão e dá batidinhas nas próprias coxas, silenciosamente pedindo para eu me acomodar ali. E eu vou, passando uma perna em cada lado do seu corpo, aconchegando-me em seu colo e deslizando minha mão pelo seu peitoral enquanto sinto o cheiro que me entorpece.

Kento põe as duas palmas em cada lado da minha cintura e se inclina para a frente para me dar um beijo na clavícula. Suas mãos deslizam para cima e para baixo constantemente, acariciando-me.

Ele fecha os olhos por alguns momentos, inspira e expira profundamente. Parece nervoso.

— Sweetheart. Há algo que você pretende me contar?

𝐂.𝐈.𝐀  || 2d × Reader (PT-BR)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora