arranhão

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Sabe onde minha saudade aperta
Quando o seu dedo aperta
Na palavra que me acerta
E deixa minha raiva cega
Cê sabe que eu sou incapaz e a falta que faz
Aí que mora o perigo, aí que eu caio lindo
Aí que eu sei das consequências, mesmo assim vou indo
É que vale a pena, vale a cama, vale o risco
O que é um arranhão pra quem já tá fudido

BRUNO

Acordei com as minhas costas quebrada, só queria de volta o meu colchão ortopédico, mas não, estava dormindo na cama de solteiro do quarto de hóspedes da casa da minha mãe, tomei um banho preparando o discurso que ia dar para os diretores da CBV dependendo do que eles falassem sobre o Vaccari.

– Bom dia filho, que cara é essa de que comeu e não gostou? – Minha mãe pergunta e eu reviro os olhos.

– Você precisa comprar uma cama nova para os hóspedes, como você tem coragem de receber alguém naquela cama? Estou todo quebrado. – Falo enquanto coloco um pouco de café no copo e ela começa a rir.

– Filho, é que a cama geralmente é para as amigas da sua irmã, nenhuma tem um metro e noventa.

– Que engraçado. – Falo fingindo uma risada e ela sorri.

– Vai ficar até tarde treinando hoje?

– Não faço ideia de como vai ser meu dia hoje, inclusive, amanhã é aniversário da Lua, você acha que eu compro um presente?

– Ué, claro que sim Bruno, vocês estão insistindo nessa de amizade e de tempo mas vocês sabem que são tudo menos só amigos.

– O que eu compro?

– Eu não sei, mulheres gostam de joia, compra uma.

– É, eu vou ver. – Falo pensativo dando um beijo em seu rosto e saindo da sua casa.

Fui o caminho todo tenso e pedindo aos céus para que eu conseguisse ficar calmo e não surtasse com aquele idiota.

– Bruno, a gente pode conversar? – Um dos diretores fala assim que entro no ginásio, e eu concordo subindo até a sala do mesmo.

– Já até sei sobre o que é, e eu não vou me defender pois eu realmente bati nele, e o meu único arrependimento foi não ter batido mais.

– Eu fiquei sabendo que vocês estavam em pé de guerra e mesmo assim você convocou ele, achei muito profissional da sua parte, porém dar na cara dele depois não foi muito inteligente.

– O que você faria se um cara agarrasse sua mulher contra a vontade dela?

– Daria na cara dele.

– Pois é amigão. – Sorrio sarcástico e ele ri balançando a cabeça negativamente.

– Não dava pra esperar chegar na esquina? Eu não estaria aqui tendo essa conversa idiota com você.

– É, foi o meu segundo erro, não ter batido mais nele e longe daqui, mas o cara é folgado demais, ele tem que aprender muito sobre a vida.

– Eu dei uma suspensão pra ele por causa da briga, você é o técnico e ele deve respeito a você, eu não posso te suspender porque se não, não tem jogo, mas Bruno sério, se controla porra.

– Eu não fiz a convocação oficial ainda, mas só estou te avisando, precisamos de alguém que tenha uma postura firme, e não só seja bom.

– O Douglas seria o melhor. – Ele fala e eu concordo com a cabeça.

– Sim, ele seria.

Desço para o ginásio e vejo os meninos treinando, Lucas olha pra mim como se perguntasse se estava tudo bem e eu concordo com a cabeça antes de chamar atenção dos meninos e começar os comandos do treino de hoje.

penhasco | bruno rezendeWhere stories live. Discover now