you should be sad

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Mas você não é metade do homem que pensa que é
E você não pode preencher o buraco dentro de você com dinheiro, garotas e carros
Estou tão feliz por nunca ter tido um bebê com você
Porque você não pode amar nada, a menos que seja vantajoso pra você

LUA

– Droga, DROGA. – Eu grito empurrando o carrinho com várias gases suja de sangue, tinha chego uma paciente de 15 anos vítima de um acidente e não tínhamos conseguido salvá-la, ela já chegou tendo uma parada cardíaca e não conseguimos reanima-la, eu sempre ficava para baixo quando perdíamos um paciente, mas uma paciente tão nova me deixou ainda mais puta.

– Não tem como salvar todo mundo sempre Lua, está tudo bem. – Guilherme me abraça e eu balanço a cabeça ainda indignada.

Nesses anos eu nunca tinha parado de conversar ou ver o Guilherme, ele era meu melhor amigo e foi muito importante sua presença do meu lado todos esse tempo, quando eu voltei para São Paulo e o encontrei, não pude acreditar que conseguiríamos fazer nossa residência juntos, eu estava muito mais tranquila de saber que ele estaria lá.

– É difícil, eu acho que nunca vou me acostumar com o fato de perder uma pessoa, é frustrante a sensação de que você tentou de tudo e mesmo assim não conseguiu. – Falo assinando o atestado de óbito da menina, e Gui me acompanha.

– E agora vem a parte mais difícil. – Ele fala apontando para os pais da menina na recepção, eu respiro fundo e vou até eles dando a notícia, e de 9 meses que eu sou oficialmente médica, esse foi o dia mais difícil para mim.

Voltei para o meu apartamento totalmente acabada, tanto cansada fisicamente quanto psicologicamente, sabia que a profissão não era linda sempre, e que muita gente romantizava isso, mas meu psicológico estava muito abalado.

– Te entregaram isso aqui. – Sr Carlos o porteiro do apartamento fala me entregando um buquê de flores e uma caixinha, franzo a sobrancelha e agradeço subindo com dificuldades para o apartamento, eram muitas rosas.

Pego o cartãozinho e leio apenas a frase "pra você lembrar de mim" abro a caixinha e quase caio para trás quando vejo, eram MUITAS fotos minha e de Bruno, algumas eu reconheci que era do presente que dei para ele no nosso aniversário de namoro, e outras eram mais recentes, eu olhei uma por uma e tentei me manter plena mas não pude deixar de sentir meu coração apertando, tinha tristeza, mas tinha muita raiva também, como ele pode fazer isso?

Peguei a caixinha super irritada e mando uma mensagem para Bia pedindo o endereço dele, que me responde logo em seguida sem entender, mas passa, tomo um banho rápido para tirar aquele cheiro de hospital e pego a caixinha e o buquê de flores na mão entrando no carro que havia comprado fazia poucos dias, coloco o endereço no GPS, o apartamento era muito bonito, bem melhor do que o que ele morava antes, anunciei na portaria que era eu e o porteiro logo me deixou subir para o último andar?

– O que você tem na cabeça? – Falo jogando o buquê de flores no seu peito, ele me olha sem entender e eu entro no apartamento encarando ele com raiva. – Eu não sei qual foi a sua intensão com isso, mas pode parar, eu estou namorando, e namoro o seu amigo, não é porque eu fui simpática com você que eu quero relembrar o nosso passado pois ele é tudo que eu quero esquecer, não adianta você forçar pois isso não vai acontecer.

– Eu pensei que...

– Que eu ia gostar de ver as fotos de quando você me fazia de idiota? Não Bruno eu não ia gostar.

– Desculpa, eu realmente não pensei antes de fazer isso, eu sinto muito, eu sei que você seguiu em frente.

– E você deveria fazer o mesmo. – Pego a minha bolsa pronta para sair do seu apartamento quando ele segura minha mão.

penhasco | bruno rezendeWhere stories live. Discover now