não usa ele não

2.2K 168 112
                                    

Mas do fundo do meu coração
Não usa ele não, abre o sentimento pra ele entrar
Não deixa ele desconfiar
Que beija ele pra esquecer o sujeito
Que vira e mexe assombra o teu peito, ele tá se esforçando pra te amar
Então dá pra ele o amor que quer me dar.

LUA

Estava sentada na varanda do meu apartamento olhando o céu estrelado, era muito difícil conseguir ver isso em São Paulo, então quando acontecia eu adorava ficar observando, e pensando na vida, porém essa era a parte difícil, meus pensamentos me sacaneavam as vezes, e lá estava eu lembrando do meu primeiro beijo com o Bruno, éramos duas crianças, debaixo das estrelas, que estavam apaixonados e que tinham tudo para ter um futuro lindo pela a frente, mas que não sabiam o que o destino nos guardava, me questionei por muito tempo durante esses anos o que eu poderia ter feito de errado, o porque de não ter dado certo, e talvez eu nunca tenha aceitado, eu simplesmente ignorei meus sentimentos, varri ele para debaixo do tapete, me ocupei com as tarefas do dia a dia e segui em frente.

Pego meu celular e entro no backup das fotos antigas, nunca tive coragem de apagá-las, meu coração se aperta conforme vou passando uma por uma, e ele se derrete quando vejo a foto que tirei com meu vestido de noiva, aquele que eu nunca consegui usar, bloqueio o celular e saio da varanda pegando a primeira almofada que vejo e jogando ela no chão com raiva, por que Deus? Eu tinha tudo para ser feliz, por que minha felicidade foi roubada desse jeito? Como eu consegui por cinco anos jogar todos os meus sentimentos para debaixo do tapete para simplesmente não sofrer?

– Fazem cinco anos Lua Maria, cinco anos, você não tem que sofrer mais por isso. – Me olho no espelho e falo para eu mesma.

Tomo um banho e coloco uma série na TV enquanto tomo um vinho, assim eram as minhas noites depois de plantões exaustivos, e provavelmente assim que seriam por um bom tempo, quando voltei para São Paulo tudo era novidade, mas agora já estava caindo na rotina, agora eu me perguntava se eu tinha feito uma boa escolha.

Minha campainha toca e eu estranho pois não estava esperando ninguém, abro a porta e vejo Gui com outra garrafa de vinho e um sorriso no rosto.

– Eu acho que sinto quando você precisa de mim, que cara de choro.

– Acho que eu estou de TPM. – Falo deixando ele entrar, ele se senta no sofá e me puxa para abraçar ele, ao contrário de Bruno, Gabriel super entendia a minha amizade com Guilherme e até gostava do mesmo, então meu melhor amigo nunca seria motivo de briga para nós.

– E o que está fazendo?

– Eu estou martirizando o meu passado, coisa que eu não deveria estar fazendo.

– Você foi forte por muito tempo Lua, tudo bem sofrer um pouquinho, você é humana também.

– Eu tive que camuflar meus sentimentos Gui, você sabe, a queda foi grande demais, se eu não tivesse ido embora e seguido em frente no ódio, eu não tinha conseguido ser quem eu sou hoje, eu ia me entregar para as crises de ansiedade e provavelmente ia ficar depressiva.

– Sim, eu sei, se você não tivesse passado por tudo não seria a mulher incrível que hoje, está tudo bem.

– No dia que eu vi ele parece que todas os muros que eu construí contra ele todos esses anos tinham sido derrubados, no dia que ele me mandou as fotos eu fui tão fria e disse que não o amava mais, como eu poderia dizer o contrário?

– Você está mentindo pra si mesma, você sabe que nunca deixou de amá-lo.

– Eu gosto do Gabriel.

penhasco | bruno rezendeWhere stories live. Discover now