tentativas

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Por que que tá errado se tem tudo pra dar certo?
Por que que a gente não tá perto?
Nosso amor coleciona tentativas sem sucesso
E a solução eu não enxergo
Falta paciência e sobra personalidade
Quando um vai falar, o outro não sabe escutar
Essa hora o sangue ferve e o controle a gente perde
Um joga a culpa no outro e terminamos de novo

LUA

– Você não pode estar falando sério. – Bruno segura a minha mão e eu deixo as lágrimas caírem.

– Isso não está certo nem pra você e nem para mim Bruno, nós dois estamos sofrendo por sermos imaturos, tem muita coisa que precisamos mudar.

– Mas nos separar Lua? Isso é radical demais.

– Estamos fazendo mais mal do que bem para gente, olha tudo que aconteceu nos últimos dias, você não está bem, eu não estou bem, não está certo Bruno.

– Eu sei, e eu estou correndo atrás, eu já tive algumas sessões de terapia, eu reconheço o babaca que eu fui, reconheço a minha insegurança e sempre foi comigo, nunca foi com você, nunca foi por falta de confiança, foi por achar que eu não era bom, você sabe o quanto eu me cobro.

– Bruno, eu sei, e eu também preciso cuidar disso, e eu também vou atrás de ajuda, nós dois precisamos nos curar de muita coisa, acho que quando você chegou a cinco anos atrás me chamando para ir pra Itália, eu não estava totalmente bem ainda, e varri muita coisa para debaixo do tapete para estar com você, foi tudo uma confusão, aconteceu tudo aquilo, depois de cinco anos você volta, eu estava namorando seu amigo, vi você e já era, começamos a transar, você sofreu o acidente, me pediu em casamento e fomos pra outro país juntos, eu não faria nada diferente disso pois foi a minha melhor escolha, mas talvez se tivéssemos ido mais devagar, esses problemas não estariam vindo a tona agora.

– Eu estou me esforçando para ser bom pra vocês. – Ele fala baixinho.

– Eu sei, eu sei, como eu sei. – Falo segurando seu rosto e ele tira a minha mão do mesmo.

– Então por que quer me deixar mesmo assim? Nós construímos uma família Lua, tão linda, por que está fazendo isso?

– Eu estou confusa. – Falo sentando no sofá e voltando a chorar.

– É nessa sua confusão que você perde alguém que te ama de verdade, vou pegar umas coisas e vou pra casa da minha mãe.

Ele sai da sala tão rápido que não consigo falar nada, então tudo que sinto é meu coração disparando e a falta de ar vindo, jogo uma água em meu rosto e tento controlar a minha respiração, Bruno passa por mim tão rápido que eu mal consigo falar com ele, ele não queria me ouvir.

Deito na nossa cama e me permito chorar, minha cabeça estava a mil, a única coisa que eu sabia era que eu precisava de ajuda, e dessa vez não de amigos.

No outro dia acordei com várias ligações da Vera, provavelmente ele não quis contar o que aconteceu e ela não estava entendendo nada, Maitê já acordou perguntando loucamente pelo pai, apenas falei que ele tinha ido trabalhar muito cedo, não precisava ter uma conversa séria com ela agora, deixei ela na escola e dirigi até a clínica que minha mãe havia me indicado, fiz a minha ficha e balançava os pés nervosa, quando ouvi meu nome caminhei até a sala e a terapeuta sorriu simpática.

– Oi Lua, que prazer conhecê-la.

– O prazer é todo meu.

– Sente-se, fica a vontade. – Eu me sento em uma cadeira extremamente confortável, e ela pede para eu me apresentar, falo o básico e ela anota tudo.

penhasco | bruno rezendeWhere stories live. Discover now