penhasco | bruno rezende

i hate you, don't leave me

Te odeio, não me deixe
Sinto como se não pudesse respirar
Apenas me abrace, não me toque
E quero que você me ame
Mas preciso que confie em mim
Fique comigo, me deixe livre
Mas eu não posso voltar atrás, eu não posso negar
Que eu vou ficar agora porque eu não posso decidir
Confusa e assustada, estou com medo de você
Admito que estou dentro e fora do meu controle

LUA

– Eu acabei de fazer o encaminhamento para a cirurgia geral, não chegou ainda? – Pergunto para uma das enfermeiras e ela nega. – Que estranho, eu vou ver lá na impressora do andar de cima, talvez tenha mandado para o lugar errado.

Subo as escadas indo para um andar a cima do enorme prédio e respiro fundo ao ver quem estava na sala dos médicos, entro totalmente nervosa e tento olhar as impressoras o mais rápido que eu posso.

– O que está procurando Lua? – Ouço a voz do nojento de George e apenas respiro fundo.

– Eu imprimi uma guia mas não sei pra qual impressora eu mandei. – Ele se levanta da cadeira onde estava e chega extremamente perto de mim, eu sinto meu coração disparar e o medo tomar conta de mim.

– Pode imprimir de novo no meu consultório se você quiser. – Ele coloca as mãos na minha cintura e seu pescoço toca o meu ombro, eu tomo um susto e minhas mão no mesmo momento começam a tremer.

– Me solta. – O empurro com força e ouço sua risada alta, saio daquela sala o mais rápido que posso e desço as escadas não sei com qual força.

– Chegou aqui agora. – A enfermeira fala com a guia na mão. – Está tudo bem Doutora?

– Está, eu vou precisar sair mais cedo, vou passar o plantão para o Doutor. – Falo e ela concorda, como eu iria mudar de campo agora, quem iria ficar no meu lugar era Guilherme, então mandei uma mensagem para ele dizendo que precisava ir embora se ele poderia ficar no meu lugar, e ele concorda dizendo que já estava vindo, quando ele chega eu evito falar sobre o motivo de estar indo embora, apenas o agradeço por ficar no meu lugar e caminho até o carro o mais rápido que posso, as lágrimas começam a cair e eu começo a dirigir totalmente assustada, eu esperava que ninguém passasse por isso que passei, paro o carro alguns minutos depois vendo que estava nervosa demais para dirigir até em casa e entro em uma cafeteria ligando para Bia perguntando se ela poderia me encontrar, assustei a minha amiga que quando viu que eu chorava ficou extremamente preocupada, contei por cima para ela o que tinha acontecido e ela me falou que estava em Campinas com Lucas, mas que ela falaria para alguém me encontrar, eu não estava na condição de discutir então apenas agradeci e tomei um gole do meu café ainda tentando me acalmar.

Alguns minutos depois vejo uma figura loira abrindo a porta do café com a feição preocupada.

– Não mata a Bia, ela só me pediu para vir porque disse que você estava muito nervosa e ela sabe que, eu conseguia te acalmar... – Bruno fala e eu o olho apenas balançando a cabeça positivamente, Bia sempre soube que Bruno era a única pessoa que conseguia acalmar minhas crises de ansiedade sem que eu precisasse tomar algum tipo de remédio.

Ele se senta do meu lado e segura a minha mão.

– Me conta direitinho o que aconteceu, café vai te deixar mais nervosa, vamos pedir um chá. – Ele fala chamando a garçonete e pegando meu café para ele tomar.

– Meu chefe é um babaca, ele tem me assediando desde o primeiro dia que mudei de setor, eu fiquei assustada, eu não falei nada pra ninguém todos amam ele lá, quando eu tentei dar um chega pra lá nele, ele simplesmente deu a entender que ele poderia me prejudicar na residência sabe? Por ser o chefe do setor, e hoje ele passou de todos os limites tocando minha cintura e beijando meu ombro por cima do jaleco, nem senti a sua boca graças a Deus mas fiquei tão assustada com tanto nojo. – Falo ainda segurando suas mãos, ele respira fundo e me surpreende com um abraço, e meu Deus do céu, fazia 5 anos que eu não abraça aquela pessoa, e aquele abraço pareceu colocar tudo que estava fora do lugar em minha vida, no lugar que deveria estar.