Capítulo - 33☆

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Dirigi por poucos minutos por uma estrada de chão ladeira acima, com Noah brincando ao meu lado que não tem seguro de vida. Típico machão que acha que toda mulher não sabe dirigir.

Porém, talvez pelo meu nervosismo, estou errando as marchas e fazendo umas barberices bem bizarras. Sorri de nervoso pensando que Chris tinha esse mesmo hábito de brincar comigo do modo que dirijo. Felizmente, nunca bati o carro com ele dentro. Mas, a cota de palavrões que aprendi com ele na direção, dava pra criar um novo dicionário de como xingar as pessoas ao volante.

Levei Noah ao mirante. Um local que nessa hora estava completamente vazio. Estacionei o carro e sai sem lhe dizer uma palavra sequer, deixando a porta aberta, denunciando o tamanho absurdo da pressão que carrego sobre mim.

Eu quero gritar a pleno pulmões o quanto isso dói e mostrar ao mundo o quanto é dolorido ter que se fazer de forte diante de uma sociedade tão injusta. Porém, sufoco aquele grito. Faço uma prece breve pedindo clareza, força e serenidade...

Andando pelo chão lajotado sentia a dor do remorso apossar meu corpo, deixando-o sobrecarregado e pesado. Parecia que pesava uma tonelada pela lentidão que seguia pelo caminho. Eram passos arrastados e extremamente cansados. Aqueles que se dão quando seu mundo acaba e você vai de encontro a morte. Sim, morte. Pois não acredito que conseguirei viver normalmente outra vez depois dessa conversa...

Passei pelos bancos alinhados em círculo e logo à frente apoiei as mãos sobre o corrimão de madeira que separava os turistas do paredão de pedra lá embaixo. Dali se tem uma visão extraordinária da cidade. Porém, aquela beleza não me vislumbra no momento.

O vento faz meu cabelo balançar, mesmo sendo curto, uma madeixa ou outra cobre minha visão e obriga que a prenda atrás da minha orelha. Os passos lentos de Noah atrás de mim, provam que ele já desconfia que algo está muito errado.

Enxuguei as lágrimas fujonas com o dorso da mão. Começo a acreditar que deixei minha coragem lá no pátio da escola Abracei meu corpo, o mais apertado que podia, tentando confortar meu coração e incentivar minha mente a pensar nas melhores frases possíveis que não o magoe...

---Então...--- Noah pelas minhas costas, envolve minha cintura num abraço. Beija meu cabelo e coloca seu queixo em repouso no meu ombro olhando a paisagem.

--- Noah, tenho que te contar algo muito importante.---Falo me encostando nele e sentindo seu calor. Ele me apazigua mas, também me faz fraquejar. --- Por favor, não me interrompa, não me questione, não vá embora antes que termine de dizer tudo que preciso.--- Virei e o encarei nos olhos. Meu reflexo em seu óculos pede pra abortar a missão, porém, insisti...---Você promete?

Meu coração implora em silêncio que negue. Que quando disser a primeira frase, interrompa. Que me obrigue a ficar calada com um beijo e me resgate desse rio turbulento de tragédias.

--- Ok.---Me beija novamente. Segura nas minhas mãos com seus dedos entrelaçados aos meus e se afasta um pouco para escutar o que tenho para dizer.

Chris também fazia isso, toda vez que tínhamos que conversar sobre algo muito sério com relação à nossas vidas. Ele sempre dizia, que segurar minhas mãos, era passar para minha áurea todo seu amor, carinho e compreensão. Sinais claro de que não importava o tamanho da bomba que estava prestes a cair. Ele estaria ali.

Protegendo-me. Amparando-me. E por fim, dando todo suporte possível, as decisões que precisassem ser tomadas. Daí me pergunto; "Por que diabos eles tem que ser tão parecidos?"

--- Eu odeio mentiras!--- Comecei e ele tentou interromper. O silenciei colocando meu indicador em seus lábios.--- Você prometeu!--- O lembrei. Concordou com a cabeça e continuei.--- Se vamos ter alguma relação, que seja sincera, sem jogos! Então...

Ao Acaso Do DestinoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon