Capítulo - 18☆

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Quase três horas torturantes na frente do computador e a conclusão que cheguei, foi que estou diante de um roteiro de filme de terror, digno de um Oscar. Talvez, nunca mais vá em uma consulta médica com algum doutor que não conheça. Nem mesmo aceite fazer qualquer procedimento considerável banal por medo de acontecer as coisas descritas naquelas pastas.

Anestesia? Não imagino mais, quando o medo de ficar inconsciente numa mesa de operação vai passar. Apenas concluo, pra mim mesma que estou chocada. Se antes de ver aquele material já tinha medo dessa gente, agora isso subiu a níveis surreais. Prevejo até uma Any, que nunca mais vai dormir tranquilamente.

Realmente o garoto tem razão, aquilo é assunto para polícia e não para uma civil. Até por que, nem tenho certeza se a polícia não deva estar envolvida em tal esquema.

Outras perguntas surgiram em minha mente, como já era de esperar. Em quem posso confiar? Pra quem entregar de fato esse material? A imprensa caberia dentro de uma investigação dessas? E a pior, quanto estou segura agora?

A cadeia de tráfico envolvida ali, é muito cruel e desumana para que meu tão mimado cérebro processe. Com o rosto banhado em lágrimas, desisto de procurar provas sobre meu material genético e começo a traçar uma lista de pessoas confiáveis que poderia entregar essas provas que consegui.

Não entendo porque a palavra "imprensa" é berrada pelo meu subconsciente novamente. Talvez, seja a forma de pressão exata contra o estado na busca de uma solução. Porém, tem a questão de quanto meu marido pode estar envolvido nisso. E não queria expor ele nas garras cruéis da mídia sem ter certeza da sua inocência.

Entregar a Diana parece o mais correto. Mas, e se ela for corrupta e estiver envolvida? Se desconfiar que bisbilhotei e resolva me dar um sumiço? O medo não é um bom conselheiro, por isso faço outra cópia num cartão de memória e resolvo esconder os dois artefatos até decidir, o que fazer com eles.

O primeiro lugar que imagino é na minha mala. Grande espiã eu sou! Seria o primeiro lugar a ser vasculhado, caso alguém descobrisse que tenho posse dessas informações. Procuro pelo quarto um lugar seguro, mas tudo parece ser muito óbvio, até meus olhos mirarem a imagem de Nossa Senhora Aparecida, numa capelinha, presa na junção das paredes, no canto do quarto.

O manto que recobre o gesso da imagem é de tecido. E logo tenho a ideia de colocar o pen drive e o cartão sob ele. Tenho uma certa dificuldade, pois a imagem está fixa no local, mas nada me impediu da tarefa.

Pedi desculpas a mesma pelo ato leviano, acredito que serei perdoada, já que minhas intenções são boas. Rezo, imploro já pedindo que dê luz clara sobre os próximos passos que devo seguir. Pois ali, em tão pequenos objetos, existe uma imensa lista de crueldades que precisam ser reveladas.

O telefone toca, tirando-me daquela atenção exagerada de culpa com a Santa. Assustando já minha tão abalada alma, de uma forma que quase tive um infarto! Por que essas coisas acontecem assim de rompante? E nas piores horas?

Respirei fundo e peguei o aparelho para ver quem é. Imploro olhando a imagem no altar que não seja nenhum "número desconhecido", como antecede as cenas de mortes nos filmes de terror.

É Leonardo. Respiro aliviada. Provavelmente está querendo saber como foi o encontro com o informante. Penso em ignorar. No momento não tenho muita certeza do que lhe dizer. Se fizer isso, dali umas três horas, estará batendo na porta do quarto, pra saber como estou.

---Oi...---Atendo sem muita vontade.

--- Então.... Como foi?---Pela sua voz, percebi sua ansiedade.

--- Não foi....--- Minto, esperando ser convincente. Preciso de um tempo a mais pra decidir o que fazer de fato, com aquelas informações.

Ao Acaso Do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora