Capítulo -30☆

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Notícias ruins? Será que algum acontecimento pior do que eu já previa para os próximos dias, poderia ainda acontecer? Sim. Nada é tão ruim, que não possa piorar...

Alguns meses atrás a produtora sofreu ação judicial por racismo. Racismo? Sim. Aquela minha ação pública, rendeu mais ibope que o desejado. Tudo por que a modelo se declarava orgulhosa de ser "negra" e usar os melhores produtos destinados à "raça". Tudo isso declarado em frente às câmeras e em alto e bom tom e numa única frase. Deveria ter previsto que isso nos traria problemas. Neste caso, o produto em questão era o melhor condicionador para o tipo de cabelo dela.

A princípio, milhares de elogios surgiram em redes sociais e a campanha parecia ser um sucesso. Marcas empoderando mulheres como a modelo são exaltadas, até uma atriz bem famosinha se ofender com o slogan.

Foi um verdadeiro tiro no pé. A empresa dos produtos tirou o corpo fora e jogou a culpa em nós. Paramos no tribunal e perdemos em duas instâncias. E cada vez que recorremos o valor da indemnização aumentava. Agora foi um ultimato. Desistir, retratar e claro, pagar indenização ou ter uma reputação manchada por uma idiota que vê racismo em tudo e é seguida, amada e adorada por um bando de zumbis internautas sem opinião própria.

O que seus seguidores vão ganhar com isso? Brancos, pardos ou negros? Nada. O dinheiro vai tudo pra conta dela. Nenhuma ONG vai ser ajudada ou qualquer outro projeto social referente a essa área. Ela porém, vai embolsar uma fortuna para voltar para o estrangeiro e viver a custas dos que a apoiaram e com certeza vai achar mais algum otário pra arranjar mais e mais dinheiro em defensoria da "causa".

---O que o Léo recomendou?--- Tive que pedir que cuidasse do caso já que Chris era marido.

--- Bom... Vender. Passar a bola pra frente e tentar recomeçar do zero outra vez...---Ana falou pesarosa sabendo que a produtora era minha vida.--- Ele até já achou um cliente e está esperando seu ok para concluir a transação.

Concordei destruída. Não vou pagar indenização milionária com dinheiro da herança que recebi. Vou precisar dele para a batalha judicial que vou travar com Noah. E o resultado disso... É que a partir de hoje, também estou desempregada...

Não vou ficar pobre. Pelo menos por enquanto. Mas, sem estabilidade financeira, Noah de novo está na dianteira. E talvez, esse puta processo, seja mais uma arma que ele tenha contra mim! Quando será que o destino vai me dar uma trégua e as coisas vão parar de dar errado?

--- E você, como está?--- Indago tentando ver se Ana já me perdoou.

--- Bem....--- Foi seca.--- Assim que os papéis estiverem prontos, Leonardo liga pra você.

Ana desligou sem se despedir. Batendo literalmente o telefone na minha cara. Claramente ainda magoada. Pelo jeito vou precisar de duas encarnações para conseguir o perdão dela.

Sem saída. O que me resta agora é investir nessa ilusória relação com Noah. Mesmo que seja somente para conseguir provas contra ele e tudo que pensamos que possa ter feito nesse jogo macabro. Se agarrar num milagre divino, ilusório e traiçoeiro, parece que foi tudo o que me sobrou.

Procuro uma roupa descente para o evento e descubro que não trouxe nada! Resolvo então me dar um dia de compras. Não tem nada que faça uma mulher mais feliz que torrar seus últimos trocados do cartão de crédito com roupa e sapatos.

Duas horas depois, contemplava sobre a cama o vestido e o par de sapatos mais caros que já comprei na vida. Penso em devolver tudo. Uma mãe tão fútil assim pode ser desconsiderada por um juiz. Foda-se. A minha mansão é a representação suficiente de quão boa pode ser o bem estar que possa proporcionar àquelas crianças.

Ao Acaso Do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora