Capítulo • 4 ☆

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Já entrei inúmeras vezes no edifício central. Pela porta da frente, elegantemente vestida, toda simpatia e educação. Nunca deixei de cumprimentar ninguém e sempre fui bem recebida e admirada pela minha sutileza e requinte.

Todos que trabalham por ali me respeitam, e a estima que tem pelo meu sucesso, fazem que me coloquem acima de qualquer suspeita.

Porém, hoje pareço o diabo da Tasmânia. Por mais que tentasse prender de uma forma adequada meus cabelos no carro, a cascata vermelha rebelasse em movimentos frenéticos e assustadores diante minha pressa.

Balançando violentamente de um lado para outro incentivados pelos movimentos frenéticos dos passos que dou. Pareço mais uma trombadinha que uma empresária de sucesso.

As sandálias havaianas que calço, mostram que a bomba atômica que pretendo ativar por ali e as consequências desastrosas que provavelmente vai causar, vão abalar a estrutura daquele prédio. Por que mesmo sendo fictícia, a carga emocional que trago dentro de mim tem os mesmo megatons de destruição.

Não perdi tempo deixando Vicente colocar o carro no estacionamento subterrâneo, assim que o carro parou na frente do prédio, desci correndo pelo gramado, parecendo ser seguida de um furacão, causando desordem por onde passava e muita confusão.

A fúria cega que me dominava estava estampada no meu rosto, nos meus olhos vermelhos de tanto chorar. A firmeza dos passos denunciavam o meu descontentamento com as atitudes tomadas em segredo pelo meu marido.

Aquele pensamento sobre outra mulher em sua vida, era combustível queimando em minhas veias para o caos que pretendia cometer. Sou um trem desgovernado em alta velocidade, improvável de ser detido.

Empurrei o recepcionista que tentou
me barrar na entrada, fazendo-o cair de bunda no chão. Quando vi que o elevador estava fechando as portas, saí correndo e gritando como uma louca para que as segurassem.

Óbvio que as pessoas dentro se assustaram e pressionaram os botões para elas se fecharem mais rápido. Bati com as palmas das mãos com extrema força na mesma quando fechou-se bem na minha cara. O ódio dominava meu ser e precisava ser libertado.

Gritei palavrões, apertei o botão de retorno como uma louca e já pensava subir pelas escadas quando Ana me alcançou. Estava sem fôlego, vermelha, e tentava recuperar o ritmo da respiração se apoiando nos joelhos.

--- Calma Any!--- pediu entre uma lufada de ar e outra. --- As pessoas não tem culpa e nem sabemos o que de fato está acontecendo...--- Fez sinal para o recepcionista que esperasse um pouco, já recomposto, mostrava sinais que estava pronto para agir para controlar minha fúria.--- Olha as pessoas à nossa volta!--- ainda tentou alertar para o escândalo que estava fazendo.

--' Foda-se as pessoas! Foda-se o Chris! Foda-se toda essa...--- a porta do elevador se abriu à minha frente.

Tomada ainda pela minha histeria, arranquei o idiota que estava dentro pela gravata, puxei Ana comigo, e apertei mil vezes o décimo quinto andar como se isso fizesse o elevador subir mais rápido.

--- Você percebeu o que fez?--- Ana falava do homem que tirei a força dali.--- Está fora do controle, Any! Tem que se acalmar!---- berrou assustada não me reconhecendo. Onde será que estava a doce Any que ela conheceu por todos esses anos?

Por mais severa que fui nos seus primeiros dias, sempre mantive minha postura, inabalável e controlada diante de cada mancada e trapalhada que fez. Fúria não faz parte do meu perfil, ou pelo menos, não fazia.

Meu sorriso sombrio refletido no aço do elevador a deixava aflita, sem fala, temendo meus próximos passos. A porta se abriu. Por sorte, não havia ninguém para impedir minha passagem. Sei que dentro de poucos minutos os seguranças do prédio me alcançarão, não tenho tempo a perder e saio em disparada à antiga sala do meu marido.

Ao Acaso Do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora