Capítulo 55

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Quando eu gritei com Léo lhe chamando a atenção, por impulso ele acelerou um pouco mais o carro. Talvez, visse o perigo vindo em nossa direção refletido pelos meus olhos arregalados de pavor...

Um demônio assustador deveria estar estampados neles, em forma de metal e disposto a nos arrebatar desse mundo no maior grau de maldade que pudesse executar. Ele vinha em uma fúria insana na nossa direção pela via lateral, completamente certo do ato ao qual desejava completar. Sem se importar com efeitos colaterais que pudesse provocar diante a sua investida.

Vidas humanas ou qualquer outra coisa que tentasse impedir sua ação sobre nós, seria descartada no processo.

Acelerar não foi o suficiente para evitar o impacto que aquele caminhão de lixo provocou na Troller. Mesmo acertando só a traseira, o carro foi atravessado na pista e por impulso da velocidade investida sobre si, capotou umas duas vezes. Parando alguns metros à frente com as rodas para o alto. 

Nem nos meus piores pesadelos, tinha sofrido uma sensação tão horrível como sofrer com os impactos da lataria do carro retorcendo-se em volta do meu corpo que girava loucamente em seu interior.

Nao tivemos nem meio segundo para entender o motivo da barbárie e oque de fato estava acontecendo conosco quando...

O demônio acelera e investe sobre o carro já bem danificado uma outra vez. Quem o conduz parece não satisfeito com o primeiro resultado e quer que seja feito uma obra prima ali com extrema perfeição e requinte de crueldade.

Entre todos aqueles sacolejos e ferros se retorcendo ao nosso redor, a única coisa que imperava ali dentro era o medo de morrer...

O air bag até foi acionado, diminuiu o impacto nosso aos vidros mas, não resistiu quando se quebraram assim que o caminhão em questão decidiu nos arrastar pela rua. O  metal em forma de lança que tinha preso à sua frente os estourou como balões e por pouco não atravessou o corpo de Leonardo lhe ferindo gravemente.

Era uma cena de terror, aquele monstro nos empurrando e abrindo caminho pela rodovia conosco, causando assim, vários outros acidentes pelo trajeto. Jogando carros para cima das calçadas e quase atingindo os pedestres mais desavisados.

De rodas para o alto, só nos restava ver os ferros se retorcerem aos poucos. A cada trombada com outro veículo ou qualquer tipo de obstáculo maior. Tentamos nos esquivar de formas quase insanas e improváveis para que não ficássemos presos às ferragens. Tentava entre socos e empurrões abrir a minha porta mas, ela não se destravou e só me restava gritar como uma louca diante do provável fim daquela atrocidade.

Nosso grito soou ainda mais horrendo quando o impacto final se demonstrou à nossa frente. A ponte. Se o muro de contenção não nos contivesse, teríamos dez metros de queda livre e por fim um rio caudaloso. A visão era tão torturante que o corpo estava suando frio de pavor e  o coração parecia parar de bater em covardia...

E como já era de se esperar.... 

O concreto não suportou tamanha violência de impacto. Amaldiçoei os engenheiros que racionalizam material para os corruptos governantes embolsarem as sobras. Preferia morrer esmagada do que presa dentro de um carro afogada.

E quando o caminhão freou bruscamente, libertando-nos do que nos prendia ao seu parachoque. Cimento e carro despencaram. O impacto fez com que nossos corpos sofressem graves consequências diante da queda. Bati a cabeça com força no painel, feliz ou não por  não  ter  ficado inconsciente, só com a dor lancinante do efeito da pancada.

Se tivesse em vez de ficar gritando, captando ar aos meus pulmões, agora não estaria em desespero, quase sufocando por falta dele à medida que a água fria invadia o carro com violência.

Ao Acaso Do DestinoWhere stories live. Discover now