Capítulo - 29☆

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Uma hora mais tarde, estava sentada à uma mesa próxima a uma grande janela que dava vista ao movimento pacato da cidade. Entre um gole de café e outro, enquanto degustava o amargo da bebida, imaginava mil maneiras de seduzir Noah.

Sedução, admito que não é uma arma que saiba usar. E logo penso que se depender deste fato, nossa investigação estará fadada ao fracasso.

Quando Léo resolveu "picar a mula", saindo sem sequer dar uma dica de como ser tão dissimulada como ele, uma ponta de preocupação a mais do que já tinha resolveu bagunçar meu já tão debilitado psicológico.

Seduzir, usar e jogar fora. Isso é tão Léo...

Sinto uma náusea se formar estragando meu paladar. Porém, ele tem razão, numa ação judicial quem tiver um lar mais adequado já formado ganha fácil a custódia das crianças. E nesse caso, Noah com certeza está com uma boa margem de vantagem.

--- Por favor, me desculpe por tudo que aconteceu ontem....---De repente à minha frente surge um lindo ramalhete de flores brancas. --- Aquela maluca é uma inconsequente e exagerada... Então, me perdoe, por favor, por todo mau que ela lhe fez...

A voz de Noah sussurrada em meu ouvido, era doce como a voz de um anjo. Ele saiu detrás de mim e de joelhos ao meu lado, mostrava sinceridade em cada palavra que dizia. Arrependimento e culpa eram exibidos com a mais pura sinceridade em seu olhar, por ter me colocado em risco.

Tão fofo...

Porém, a culpa não era dele. Era das duas marrentas sem noção que resolveram se descabelar promovendo o maior circo diante das crianças. Mas...

--- Você não tem o que se desculpar, Noah...--- Virei-me em sua direção e toquei o seu rosto delicadamente. ---A culpa foi toda nossa.---Assumi com a vergonha cobrindo meu rosto.

Estendo a mão e o incentivei levantar, aquela cena já estava chamando a atenção de todos no recinto. Um grandalhão como ele de joelhos, com flores em mãos é de despedaçar o coração e causar inveja em qualquer mulher ali presente.

Nos dias de hoje, que homem ainda se habilita a manifestar tal gesto? Pedir perdão por algo que nem fez? Abraço com carinho as flores e indico a cadeira para que se sente comigo.

Noah assim o faz. Nervoso, esfrega as mãos umas nas outras e sei que isso é um movimento de quem está segurando uma pergunta bem pessoal. Não é só desculpas que quer que aceite, uma certa pulga atrás da sua orelha o encomoda. E essa pulga curiosa, provavelmente quer respostas sobre o moreno que me carregou nos braços até meu quarto.

---Leonardo é meu cunhado.--- Dou meu melhor sorriso antecipando o que deseja saber. Sei que essa informação ainda não o deixa confortável.--- Ele veio me trazer uns papéis do inventário para assinar e quando me viu naquele estado...

Noah corou. Provavelmente amaldiçoou Sheila em pensamento por isso. Como ela poderia ter bagunçado a chance tão suada e difícil de conseguir que lhe dei? Talvez, nosso passeio tivesse terminado em uma noite romântica, se o ataque de ciúmes imbecil dela não tivesse feito o que fez.

---Somos uma daquelas famílias que mesmo nos odiando, nos protegemos.--- Completei cheirando novamente as flores e colocando-as ao meu lado. Lembro com um sorriso dos últimos "pegas" que eu e Léo tivemos por causa dessa maldita herança.--- Léo é o irmão preocupado que não tive. Sou filha única e ele faz o papel de irmão caçula. Ciumento, protetor e confesso, às vezes exagerado.--- Segurei suas mãos ainda frias sobre as minhas.--- Você não tem o que se desculpar por Sheila... Você não tem que se preocupar com Leonardo...

Será mesmo? Alguns dias atrás tinha certeza disso. Lembro de mim, pulando sobre a mesa e tentando enganá-lo. Brigar com Léo pareceu sempre se fazer necessário. Por suas aventuras românticas, por suas gastanças sem limites, e pelas loucuras que incentivava o irmão a fazer.

Ao Acaso Do DestinoWhere stories live. Discover now