Capítulo • 10 ☆

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A vida tem lá seus mistérios e surpresas. Segue seu próprio roteiro e gosta muito de brincar com nossos sentimentos...

A primeira coisa que fiz quando cheguei em casa, foi abrir a melhor garrafa de uísque que temos no bar. Não há mais motivos para guardá-la para uma "ocasião especial".

Encher a cara parecia a melhor alternativa quando se descobre que você pode ser mãe. Não por que escolheu, por que desejou ou por que sempre esteve em seus planos mas, por quê alguma idiota quis lucrar com essa possibilidade...

---- Você não deveria beber... --- Léo vem até onde estou e fala mansamente. Como morava conosco, tenho que aturá-lo por algum tempo ainda.--- Estava num hospital, tomou medicação pesada e...

--- Vai pro inferno Léo!-‐ entorno a primeira dose de uma vez só. --- aliás, quero que junte suas tralhas e saia dessa casa!

--- Por que disso, agora? Essa casa também é minha!--- serviu-se de uma dose também.

--- Seu irmão e eu compramos essa casa. Ela é nossa!--- Apontei o dedo em seu peito.--- Você tem onde se enfiar! Você e esse seu gato de rua!

--- Não fala assim do Sebastián! Você gosta dele! E o meu apartamento está alugado. Não posso simplesmente despejar o inquilino!

--- Vai para um apart-hotel, então!--- virei mais uma dose e completei o copo novamente.--- Pede arrego para uma das suas cadelas! Deve ter infinitas possibilidades!

--- Não é você que está falando, é a dor... --- Leonardo se aproximou de mim lentamente e me beijou o ombro.--- Olha para mim! Eu apanhei de você hoje, e por sinal, duas vezes, e ainda estou aqui, do seu lado.--- tirou a franja que cobria meu olhar e prendeu atrás da minha orelha. --- Salvei de você de passar a noite na cadeia....--- tentou me beijar a ponta da orelha, mas o afastei.

--- E você quer cama por isso? --- encarei as esmeraldas que eram seus olhos com uma certa raiva. Tinha que ser tão bonito também?--- Faça o orçamento do seu trabalho, Dr. Leonardo, e mande um e-mail para a Ana. Ela providenciará seu pagamento!

--- Pra quê tanta raiva de mim? Eu só estou tentando te ajudar!--- bebeu o conteúdo do seu copo e quando foi se servir de mais uma dose...

--- Esse uísque era especial para nós! Tem muitos significados. Ache outra bebida para você!

Leonardo desistiu da bebida. Afinal, acredito que já tenha tomado sua cota tolerável de toda a semana. Me abraçou pelas costas envolvendo minha cintura. Se aproveitando de estar encostada de frente ao balcão olhando a minha foto e de Chris num quadro da parede.

--- Eu não matei ele...--- beijou meu ombro e foi subindo os beijos pelo pescoço até chegar a ponta da minha orelha.--- Não tenho culpa de te amar...-‐- Lambeu o contorno dela sensualmente me fazendo arrepiar.--- Mas, se o caminho estiver livre... --- me virou de frente para si.--- Eu vou investir...

A boca dele cobriu a minha. Seu gosto é parecido com o do irmão. As mãos envolvendo meu cabelo e o prendendo firme também. Seu cheiro, seu corpo, seu modo de me acariciar. Por um momento, me deixei envolver. Seduzir. E de repente. Me peguei gemendo....

---Léo...-- de súbito ele parou de beijar meu pescoço e voltou toda a sua atenção em mim.--- Eu quero você...--- falei invadindo a calça dele e chegando ao seu membro.

Ele está excitado. Mas, não tanto quanto imaginei que estaria. Já o vi pelado. Foi um acidente. Mas, nada me impediu de dar uma conferida no seu equipamento. Ele tem um bom tamanho. Dou uma risadinha interior e sinto ele gemer com meu toque.

--- Você me quer... Ou quer lembrar do Chris?--- me mordeu no queixo devagarinho.

--- Os dois...

---Onde? Seu quarto ou no meu?--- meu diabo interior sorriu travesso com a ideia que tive.

--- Sobe... Toma um banho... Me espera pelado na sua cama...

--- Quem está falando aqui, hein?--- ele me encara desconfiado.

--- Eu preciso de mais umas doses...--- O puxei para um beijo.--- Depois... Eu te fodo!--- estalei a língua na boca com um sorriso sacana.

--- Tô com medo de você... --- Léo subiu a mão da minha cintura devagar pela minha barriga até alcançar um seio meu. Deixei que o acariasse por alguns segundos. -- Mas... Estou gostando da nova Any...

Deixei que me tocasse mais intimamente enquanto voltava a me beijar. Sentia uma repulsa por ele de momento. Era para que cuidasse de mim, não se aproveitasse da minha fragilidade.

--- Vai subir ou não? --- o empurrei para afastar ele de mim.

---Ok...

Quando ele decidiu atender meu pedido e me deu as costas, dei um bom tapa na sua bunda. Admito. Ela era bem gostosa de se fazer isso. Vi ele subir a escada todo ansioso com a minha promessa.

--- Otário! --- voltei ao meu uísque.

A cada gole que bebia, tentava formular como seriam à aparência das minhas proles. Sim. "Proles". Deixei muito material genético com Marion, e não consigo acreditar que exista por aí só uma Any ou um Chris. Na minha cabeça imagino uma média de uns vinte bebês desamparados.

E pior! Se tiver um pequeno Chris com uma outra mulher ou uma Any com um outro homem? Entorno goles seguidos da bebida. É tão monstruosa a situação, que penso que inferno é pouco para essa gente.

Ando de um lado para outro com a garrafa na mão pensando no meu próximo passo. Entre um gole e outro enumero as atitudes do dia que passou. Como agi diante de pessoas queridas. Como pude ser tão imbecil com minha melhor amiga. E toda essa merda de segredo revelado. Aquelas duas acham que esse tipo de imprevisto é normal. Algo tipo, roubaram seu carro. Acione o seguro e bola pra frente!

Diante de uma situação tão catastrófica e que pode te destruir por dentro dependendo do resultado, ainda te pedem sigilo com a maior cara de pau possível. Sigilo? Foda-se o sigilo! Como puderam brincar assim conosco? Agora querem que fiquemos de boca fechada?

Olhei de volta as escadas. O idiota do Leonardo deve estar me esperando lá em cima. Talvez, até fosse uma boa ideia brincar com ele um pouco...

--- Nem pense nisso, Any!--- a voz pareceu ecoar no nicho escuro do escritório.

Apertei os olhos tentando ver algo. Não havia nada e nem ninguém naquelas sombras capaz disso. Deveria ser a bebida falando na minha cabeça. Talvez, ela tivesse mais juízo do que eu...

Ao Acaso Do DestinoWhere stories live. Discover now