CAPÍTULO 22

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Acabamos antes do que tínhamos planejado e eu me dou ao direito de tirar umas horinhas de folga. Eu não fui nada boa no meu plano de ignorá-lo hoje, então preciso recuperar o atraso antes que algum “acidente” aconteça.

Fujo do autódromo, faço check-in no hotel e troco o meu uniforme por shorts e uma blusa básica. Um táxi me deixa no shopping mais próximo e eu começo o meu programa preferido. Compro um ingresso para ver a mais nova comédia romântica no cinema, como um hambúrguer do tamanho do ego de Cole e fico vendo as vitrines, até a hora da minha sessão.

Paro na frente da Saint Laurent e o meu scarpin se exibe todo para mim, a minha tentação em formato de couro com doze centímetros de salto.

Tecnicamente, já se passaram cinco corridas e eu não soquei Cole.

Tecnicamente, eu poderia entrar e comprá-lo.

Quer saber? É isso que vou fazer!

Já estou com um pé dentro da loja quando meu iPhone toca e eu vejo o nome de Skeet na tela. Ah, qual é?! Só pode ser praga da minha conta bancária.

- Preciso de você no QG AGORA. - Ele grita. - Um jornal brasileiro mandou alguém para entrevistar Cole, mas essa pobre alma não fala uma palavra de inglês, nem de italiano, nem de himmeliano. Dou um suspiro desanimado e um aceno de adeus para o meu scarpin. Lá se vai o meu cinema também. Pelo menos, tive tempo de comer. Já é um avanço, comparado aos outros dias.

Pego um táxi e chego no autódromo em tempo recorde. Entro na sala de reuniões do nosso QG e tenho que me controlar para não rir. Pelo uniforme, já entendi que não se tratava de qualquer jornalista. É a “pobre alma” que contrataram para ficar no meu lugar no jornal! Eu me pergunto se o chefe já aprendeu o nome do cara, ou só está chamando-o de Josiclei mesmo.

Cole está quieto, mas a sua expressão intimidante já é suficiente para fazer o rapaz se encolher todo. Parece um gatinho encurralado por um pitbull. E olha que o pitbull nem está latindo.

- Olá. Vamos começar? - Eu me sento entre os dois e o menino parece respirar aliviado por ter alguém entre ele e o meu Hades de estimação.

O projeto de repórter vai fazendo as suas perguntas e Cole vai ficando mais impaciente a cada uma delas, bufando de tédio. Até eu estou prestes a gritar de desespero por traduzir coisas horríveis, atrás de coisas horríveis. Eu pergunto de novo. ONDE O RH ACHA AQUELAS ALMAS PERDIDAS?!

- Nosso tempo acabou.

Anuncio, depois que ele pergunta “se Cole gostava de correr pela Alpha”.

Não. Ele odeia e vai confessar isso justo para você, seu alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado.

- Essa foi péssima. - Cole resmunga, batendo com a testa na mesa.

- Nem me fale. - Reviro os olhos, para não bater a testa na mesa também.

- Vou aproveitar para ver se Camila ainda está por aqui. Te vejo mais tarde.

Sim, essa é mais uma fuga para o meu currículo.

Uma nada sutil, inclusive.

- Ok. - Ele concorda e vejo que foi falar com seus mecânicos, que ainda estavam trabalhando a todo vapor para deixar o carro preparado para amanhã.

Depois de colocar o papo em dia com ela e de ter que responder doze vezes que não, eu não estava tendo um caso com nenhum dos dois adoráveis rapazes com quem divido um apartamento, volto para o QG. Já não tem quase ninguém à vista, as luzes estão apagadas e eu estou congelando.

CONGELANDO.

Ugh.

De onde veio esse frio todo?

BAD SPROUSE || adaptação sprousehart Where stories live. Discover now