CAPÍTULO 20

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Coloco os meus tênis mesmo, já que os seus não serviriam para mim e prendo o meu cabelo em uma longa trança, enquanto ele acaba de se vestir.

Quando termina, olha para mim de cima abaixo mais uma vez e cruza os braços, ao mesmo tempo em que franze as sobrancelhas.

- Reinhart, você está...

- Eu estou...? - Incentivo para que complete a frase, mas ele parece mudar de ideia no meio do caminho. Apenas balança a cabeça e sai batendo a porta.

Isso foi porque ele gostou demais do que viu e não conseguiu lidar, ou por que ele odiou tanto que nem conseguia olhar para mim?!

Não.

Não, não, não.

Eu me recuso a ficar tentando entender o que as suas ações significam.

Prefiro culpar o Drew por tudo isso. Ele quem enfiou caraminholas na minha cabeça, com aquele papinho sentimental de ouvir o coração.

Como se essa fosse uma escolha sensata!

Se tem alguém pior do que eu para tomar decisões, esse alguém é o meu coração idiota. Quando ele se junta com a minha lombriga então, a destruição está completa.

Eu decido sair do camarim de uma vez e volto para a pista, recebendo uma balaclava e um capacete de um dos mecânicos. Coloco os fones e o resto da parafernália toda, andando para o carro que está brilhando feroz embaixo do sol. O carro que é MEU! MEU! SÓ MEU! E DE MAIS NINGUÉM!

- Oi, nenê. - Faço um carinho no seu capô. - A mamãe chegou.

A mamãe chegou e vai voar.

Eu me sento no lado do motorista e os técnicos da TV Alpha vêm ajustar uma câmera Go Pro no meu painel. Pelo canto do olho, vejo que Cole também já está dentro do seu Falcon, pronto para começar.

- O pedal da direita é o acelerador, o da esquerda é o freio. - Ele fala pelo seu microfone como se eu não soubesse, sua voz grave ecoando na minha cabeça e me fazendo rosnar.

Ok, vou ter que ralar o meu carro um pouquinho. Só um pouquinho. Só o suficiente para jogar o seu para fora da pista e apagar esse sorriso arrogante do seu rosto.

- Vou te fazer comer poeira, Bad Sprouse. - Eu prometo, usando o meu melhor tom ameaçador. Mesmo assim, o idiota só ri do outro lado da “linha”.

As luzes vermelhas começam a se acender e eu dou partida, fazendo o motor ronronar embaixo de mim. Assim que elas se apagam, piso fundo com tudo que eu tenho e consigo mergulhar no lado de dentro da curva antes de Cole.

Graças aos céus por todas as partidas de F.A Gamer que joguei, por todas as corridas de Kart e por todas as disputas de triciclo com os meus irmãos. Já estava treinando para o auge da minha vida e nem sabia.

Ele passa na minha frente e começa a tentar segurar a minha velocidade, então eu viro para a esquerda com tudo e tento cortá-lo pelo lado de fora da curva. Ouço sua risada pelo microfone e dou uma fechada que o obriga a sair para a área de escape, para que a gente não bata com tudo.

- HEY! - Cole reclama e eu rio, assumindo a dianteira enquanto ele se ocupa em voltar para a pista. - Acabou a brincadeira, Reinhart.

Aceleramos na reta e eu sinto que poderia abrir uma boa dianteira se conseguisse entrar antes na próxima chicane. Mas, do mesmo jeito com que faz nas corridas de verdade, ele consegue fazer a curva acelerando, sem frear, desafiando a física. Eu freio como uma pessoa normal, porque não sou um fenômeno bizarro da velocidade, e acabo ficando para trás.

BAD SPROUSE || adaptação sprousehart Where stories live. Discover now