CAPÍTULO 2

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- Qual é? - O piloto mais jovem da história a ganhar uma corrida pergunta, usando o seu microfone pela primeira vez. - Você tem algo a dizer, ou só vai continuar me olhando mesmo?

Mas que petulância!

Bad Sprouse, Bad Sprouse.

Eu vou te fazer pagar por essa, garoto.

- Oh, eu tenho algo a dizer. - Dou um sorriso cheio de malícia, seu jeito irritante inflamando a minha determinação. - Senhor Sprouse, eu estava na reta de chegada e vi que não desacelerou quando a bandeira amarela foi dada, após o acidente do Jean-Paul.

- E você quer me contar que até aplaudiu de tão feliz que ficou quando viu que eu tinha conseguido a pole?! - Coloca a mão no peito, fingindo estar emocionado. - Obrigado, mas não precisava.

E DEPOIS EU QUE TENHO O PROBLEMA DE ATITUDE.

- Meus aplausos são reservados para quem merece. - Ergo o queixo e não me abato, erguendo uma sobrancelha do mesmo jeito desprezível que as deles se arqueiam. - O que eu quero saber é se você viu o acidente do Jean-Paul?!

- Eu vi o acidente. - Ele responde franzindo o cenho, parecendo mais impaciente a cada segundo. - Por isso eu mereço um aplauso?!

Só amplio mais o meu sorriso, ficando quase parecida com o próprio Drew. Já consegui arrancar a primeira confissão dele, agora só falta o grand finale, a bandeira quadriculada na linha de chegada do meu momento.

- E você está ciente de que não desacelerou ao passar pela linha de chegada? - Continuo cutucando e os jornalistas começam a ficar alvoroçados, entendendo o meu ponto.

- Parece que eu desacelerei? Eu sou a pole. Sabe como funciona o mundo da F.A, não é? Você não larga em primeiro freando. - Rosna de volta, perdendo a paciência de vez.

- Eu sei muitas coisas sobre o mundo da F.A. - Cruzo os braços mesmo com o microfone na mão, e o encaro com uma expressão debochada, sem desviar o olhar do seu. - Uma delas é que acelerar com a bandeira amarela na pista é expressamente proibido, de acordo com o regulamento.

- Era apenas um treino classificatório, não uma corrida de verdade. - Ele chega mais perto do microfone e seus olhos ficam mais intensos, fazendo um arrepio ainda forte percorrer a minha coluna de novo. - Além disso, eu estava na reta de chegada, como você mesma disse. Devo ter pegado apenas alguns segundos de bandeira e ninguém parece estar interessado nisso, além de você.

- Pois eu acho que a Federação deveria se interessar e desconsiderar essa sua volta. - Ao seu lado, vejo Charles abrir um sorrisinho. - Regras são regras e ninguém está acima delas. Nem mesmo o infame Bad Sprouse.

- Se isso acontecer, nós ainda saberemos que eu fui o mais rápido. Nem você, nem a Federação, podem tirar isso de mim. Então, foda-se o resto.

Ele se dá por satisfeito e cruza os braços, se recostando na cadeira como se fosse o dono do mundo, ainda ostentando a sua expressão intensa. Eu tento controlar ao máximo a vontade de atirar o meu iPhone nele. A sorte desse imbecil é que ainda faltam seis prestações para eu pagar.

Por mais que Cole tenha certeza de que está acima do bem e do mal, os jornalistas estão anotando furiosamente nos seus bloquinhos, um burburinho enche a sala, Drew está me encarando com diversão e Charles deixou o ar entediado de lado.

Tenho certeza de que o inglês vai pedir para a Veloce entrar com uma reclamação formal. Como eu suspeitava, ninguém tinha percebido a infração antes. Quer dizer, os fiscais devem ter percebido e feito vista grossa. Mas agora?! A pressão para tomarem uma providência vai vir de todos os lados.

BAD SPROUSE || adaptação sprousehart Where stories live. Discover now