CAPÍTULO 8

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Eu visto o meu terninho preto da sorte e faço a extravagância de pegar um táxi, ao invés do metrô, para ir do hotel até a sede da Alpha - como uma tentativa de ficar mais tranquila para enfrentar o que terei pela frente. Para enfrentar seja lá o que Skeet tenha a me dizer.

É a primeira vez que coloco os pés em Himmel e o pequeno país europeu me recebeu do melhor jeito possível: com um clima ameno, céu limpo e as pessoas mais educadas que já encontrei em toda a minha vida. Acho que me acostumaria a morar aqui...

Quem sabe, se tudo der certo hoje, Himmel vire mesmo a minha nova casa. Mas agora, só consigo pensar em tudo que está em jogo. Se tudo desse certo, eu poderia deixar o meu chefe odioso para trás. Nada mais de ser chamada de Andréia! Poderia sair da condição de ser apenas mais uma na multidão, para ser alguém de verdade. Eu estaria trabalhando diretamente para uma equipe de F.A e diretamente com o piloto mais talentoso que já vi correr.

Estaria assistindo de perto a construção de um capítulo inesquecível na história do esporte.

Apesar de ser um “capítulo” completamente maluco.

Colocaria o meu diploma para funcionar de verdade, nada mais de escrever obituários, nem matérias sobre aparições de astros do rock em pães variados. E o salário... O salário deve ser algo apenas MARAVILHOSO. Eu deixaria de ser a prima decepção para ser a prima exemplo nas festas de família.

“Porque com a sua idade, a Lili já trabalhava na Fórmula A”.

Que orgulho!

Chego cheia de esperanças no número 666 da Avenida Rowling, bem no coração de Ilaria, a capital do país. Olho para o prédio negro e intimidante, com um grande letreiro dourado escrito Sprouse na frente e dou um suspiro dolorido.

Se eu ainda não soubesse o que esperar, o 666 deveria ter sido a minha primeira pista.

Mas eu sabia exatamente o que esperar.

A forma como acabei conseguindo essa entrevista é a maior prova de que estava prestes a entrar no inferno e o 666 era porque o próprio diabo estava me contratando. Por isso também espero que o salário seja bom... Sinto que estou prestes a vender a minha alma - se bem que a minha alma não valeria tanto assim.

Enfim.

Entro no hall todo feito em mármore negro e o meu salto agulha vai fazendo um barulho irritante contra o piso, a cada passo que dou. Clark, clark, clark, clark.

Vamos chamar isso de entrada triunfal.

Paro no balcão da recepção e um engravatado que parece o gêmeo perdido do meu chefe, olha para mim com desdém, antes de voltar a digitar no seu computador.

- A Zara fica no prédio ao lado.

Mas hein?!

- Eu estou aqui para uma reunião com o senhor Sprouse. Engraçado ele me esperar na Zara. - Cruzo os braços e ergo o queixo, sentindo que terei uma batalha pela frente. - Com todo esse espaço, vocês ainda tiveram que colocar a sala de reuniões na loja de departamentos mais próxima?! Que vergonha.

Consigo sua atenção só pelo tempo suficiente para ganhar um olhar de impaciência, seguido por um bufar incrédulo.

- Você? Você tem uma reunião com o senhor Sprouse?

Ah, por favor. Precisa mesmo começar a testar minha paciência tão cedo em plena segunda-feira?! Poderia ter esperado até o meio-dia, pelo menos.

Primeira regra da boa educação: cheque o nível de cafeína da pessoa, antes de ser um babaca.

- Não... - Leio o seu nome na plaquinha dourada presa na sua lapela. -Bob. Eu saí de casa hoje porque estava decidida a mentir para um porteiro e você foi o primeiro que encontrei.

BAD SPROUSE || adaptação sprousehart Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt