CAPÍTULO 3

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A porta da sala de imprensa se abre com tudo e bate na parede. O barulho alto me faz pular no lugar e espirrar café para todos os lados. Vejo o queixo da Cami cair e seus olhos se arregalam como se tivesse visto uma assombração.

Mas hein?!

Eu me viro para a entrada, para ver o que pode ter feito sua alma sair do corpo assim, e encontro Cole Sprouse marchando decidido na minha direção, com uma expressão assassina no rosto e fúria irradiando de todos os seus poros. Ah.

Talvez ele possa me estrangular, no fim das contas.

Eu cruzo os braços e ergo o queixo, esperando que chegue até onde estou. Ele para bem na minha frente e eu odeio ter que levantar o rosto para encará-lo, mesmo com os meus saltos altos. Pilotos de Fórmula 1 não deveriam ser altos assim, droga.

- Tem noção do que você fez, garota? - Sprouse rosna para mim, sua voz baixa para que os outros jornalistas não nos ouçam. - Você tem alguma noção do que fez?!

- Tenho. - Concordo, dando mais um passo para frente. - Fiz uma coisinha maravilhosa chamada justiça. Já ouviu falar? Ou é um conceito muito complicado para você?!

- Eu perdi a minha pole, a primeira pole da temporada. Por. Sua. Causa. - Cada palavra é pontuada por uma dose extra de ódio.

- Não. Você perdeu a sua pole porque não respeitou as regras. Apenas por isso.

Ao nosso lado, Camila fica acompanhando a disputa como se fosse uma partida de tênis, virando o rosto de um lado para o outro, mas congelada no lugar. Eu avisei que a gente deveria ter dado um jeito de arranjar pipoca...

- Estávamos nos últimos segundos! - Ele abre os braços, exasperado. - Eu não coloquei ninguém em perigo!

- Como eu disse antes, regras são regras, senhor Sprouse. E ninguém está acima delas, nem mesmo sua alteza real.

Ele bufa e dá as costas para mim, esfregando as mãos no rosto como se tivesse perdido a paciência de vez. Depois de alguns segundos, ele vira e volta a se aproximar, chegando bem mais perto do que antes. Nossos narizes estão quase se tocando e um cheiro de perfume almiscarado invade meu nariz, nublando os meus sentidos.

- Você acabou de comprar briga com a pessoa errada. - Fala em um sussurro feroz e os pelos do meu pescoço se arrepiam mais uma vez.

Nós ficamos assim, apenas nos olhando, presos em algum tipo de conexão que nos impede de desviar o rosto. Não sei o que acontece, juro que não sei, mas é como se uma força me mantivesse fixa no lugar. A força do ódio, se eu bem me conheço. Parar de olhar para Cole era impossível - eu não daria o gostinho da vitória a ele, por mais que fosse quase demais para aguentar.

Dolorido como olhar diretamente para o sol...

Eu entendo naquele segundo por que ele exerce tanto fascínio, por que ele instiga tanto receio: Cole Sprouse é intenso.

Reparo que a cor dos seus olhos faz um dégradé, indo de um azul claro até chegar em um tom esverdeado, perto da pupila. Reparo em como os seus cílios de baixo são espessos, fazendo parecer até que passou algum tipo de lápis, ou delineador. Reparo que a sua atenção se abaixa para a minha boca e eu não tenho outra opção, a não ser imitar o seu movimento. Esses lábios grossos devem ser uma loucura na hora de beijar... Eu poderia esticar a mão e tocá-lo com a ponta dos dedos para ver se são tão macios quanto parecem... Aposto que afundariam se eu tocasse...

O quê?!

Não!

NÃO!

Eu dou um passo para trás e consigo plantar um falso sorriso de deboche no rosto, disfarçando os trinta e sete jeitos diferentes que o meu corpo está afetado nesse momento.

BAD SPROUSE || adaptação sprousehart Where stories live. Discover now