CAPÍTULO 1

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- Mattia. O que está acontecendo?!

- É, Mattia. Por que ainda não começamos?!

- Mattia, precisamos de uma posição oficial.

Os jornalistas ao meu lado estão todos alvoroçados e eu vejo o diretor de comunicação da F.A suspirar, cruzando os braços. Pobre Mattia. Parece tão cansado e tão impaciente quanto a gente. As olheiras marcadas do italiano denunciam que também não anda dormindo muito. Fuso horário é uma vadia sem coração mesmo. Estou orgulhosa de mim até agora por ter conseguido sair da cama no horário.

- Pessoal, Charles Melton e Drew Tanner já chegaram. - Ele se explica. -Estamos apenas esperando por Cole Sprouse e já vamos começar.

Claro, como eu suspeitava.

Cole Sprouse é um fenômeno.

Cole Sprouse é um prodígio.

Cole Sprouse é um grandessíssimo pé no meu saco inexistente.

Dou mais uma olhada no relógio posicionado no fundo da sala de coletiva e vejo que já está mais de meia hora atrasado. Não que qualquer um pareça estar surpreso - a fama do rapaz o precede.

E eu que achava que tinha uma fama ruim...

O adorável Sr. Sprouse nunca escondeu que odeia essas entrevistas coletivas e ninguém ficará surpreso se não aparecer, mesmo sendo a “grande estrela” do momento.

Eu suspiro e faço uma prece interna para que hoje ele decida aparecer.

Hoje, especialmente hoje, eu preciso que esse pirralho APENAS. APAREÇA.

Droga!

Balanço a perna com impaciência, enquanto mordisco o canto do dedo, ansiosa com o que terei de fazer. Não ansiosa de um jeito ruim, mas ansiosa do tipo “cheia de expectativa acumulada”. Sei que vou ter de enfrentar aqueles olhos azuis ferozes que parecem estar sempre desafiando o mundo, vou tê-los cravados em mim pela primeira vez e não vai ser bonito. Mas, no final, valerá a pena.

É um risco que estou mais do que disposta a correr.

Crescer com três irmãos mais velhos foi o equivalente a me matricular em um curso grátis de MMA. Não tenho medo de cara feia, não é qualquer coisa que me intimida e, se ele rosnar, eu vou rosnar mais alto. Passou da hora de alguém colocar aquele moleque no seu devido lugar.

E quem será esse alguém? Quem? Quem? Quem? ISSO MESMO! A boa e velha Lili. Podemos dizer que estou sentada aqui afiando a minha faca, segundos antes de fatiar as suas bolas, exatamente como o meu chefinho querido mandou.

Minha primeira entrevista coletiva na Fórmula A e um gancho de primeira caiu direto no meu colo. Eu percebi um erro que ninguém mais percebeu. Eu tenho a chance de conseguir uma manchete e tanto, provar para todo mundo que mereço esse cargo e começar a conquistar o meu espaço nesse esporte.

F.A é a minha vida e eu não vou deixar essa oportunidade passar, nem que para isso precise provocar a ira do próprio demônio. Porque é exatamente isso que estou prestes a fazer: cutucar um Lúcifer adormecido. De todos os vinte pilotos que competem nesse circo, eu tinha que ter percebido algo do próprio “Bad Sprouse”! Justo daquele que tem a fama de dizer exatamente o que pensa, de não se intimidar nem pelo diretor da sua própria equipe, de não pensar duas vezes antes de sair no soco com paparazzi que ousaram cruzar o seu caminho e de ser tão destemido na pista que beira a loucura.

Isso que eu chamo de honrar o apelido que recebeu.

Eu mudo de posição na cadeira, tentando controlar a minha ansiedade, e começo a rabiscar figuras aleatórias no meu bloco de notas... Até que vejo os fotógrafos da primeira fila começarem a disparar seus flashes. Um burburinho percorre a sala, Mattia não está em nenhum lugar à vista e os jornalistas na minha frente se agitam. Isso só pode significar que, FINALMENTE, os pilotos estão entrando na sala.

BAD SPROUSE || adaptação sprousehart Where stories live. Discover now