Capítulo 34:

Começar do início
                                    

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Depois de ajeitar os cabelos loiros e colocar a roupa mais confortável que encontrei – e o mais lentamente possível – saímos de casa com a mercedes de Eliot. Era incrível ver que ambos tinham durado por tanto tempo e que iriam se casar em breve. O anel de noivado em seu dedo me comprovava esses fatos e reforçava a ideia em minha mente. Mas eu sempre me lembraria da Cate ótima de farra da minha adolescência. Como não esquecer? Todas as dicas para ter os rapazes que eu queria vinham dela. Mesmo com aquela aparência de macho eu conseguia ficar com alguns meninos de aplaudir de pé. Mas nenhum deles nunca chegou aos pés de Henrique.

- Essas listras engordam, você sabe, não é? – Cate indagou, continuando a reclamar sobre o cardigã que eu escolhera de seu próprio guarda-roupa. – As listras têm de estar na vertical e não horizontal. Balofinha...

- Oras. Foi você quem comprou isso. Veio do seu guarda-roupa. – Contestei, olhando-a de rabo de olho.

Os carros em Alphaville não cessavam no trânsito e, mesmo com o atalho que pegamos, o caminho até a casa de Emily era minimamente longo. Então, liguei o rádio em uma emissora qualquer e deixei que músicas de diferentes gêneros tocassem ao nosso redor.

- Pegue para você então. – Ela deu de ombros, fitando a pista a sua frente, entupida de veículos. – Eu adoraria ter um helicóptero agora. – Ela lamentou, luxando os lábios e bufando com os ombros caídos.

Ri. Aquela pose era extremamente engraçada, ainda mais vindo de uma pessoa tão hilária quanto Cate. Eu era paciente quanto ao trânsito, não estava mesmo com pressa. Tirei as sapatilhas emprestadas e subi os joelhos, com as pernas dobradas para cima.

- Eu tenho algo para contar. – Cate disse repentinamente, tirando minha atenção da letra da música que tocava.

Me virei parcialmente no banco, para fitar seu perfil. Os fios louro-claros caindo ao redor dos ombros e um pouco abaixo. Uma camisa de seda cor-vermelha. E os olhos verdes fixos em um ponto distante.

- O que foi? – Indaguei, erguendo uma sobrancelha.

Tinha certeza que ela sabia que eu estava fazendo aquilo, mesmo sem me olhar.

- Eu chamei o Caio para ser meu padrinho. – Cate disse e mordeu o lábio, provavelmente aguardando minha reação.

- Seu irmão? Você sabe que ele me irrita demais, Cate! – Protestei, me lembrando de trechos da minha infância que não gostaria de lembrar.

- Não é bem assim. Ele te adora. – Ela forçou um sorriso. – E além do mais, eu não sabia que voltaria com Henrique tão rápido.

- Isso não diminui a merda que cometeu. – Aleguei séria, com os braços cruzados e ignorando o sorriso que iluminava seu rosto.

- Tá, legal. Que tal isso? Eu tinha que escolher duas pessoas importantes da minha vida. Escolhi vocês dois. – Ela disse, virando-se rapidamente para mim e piscando os cílios uma porção de vezes.

Ela sabia que aquele olhar me derretia. Minha sobrancelha erguida caiu e eu bufei, afundando no banco.

- Henrique vai odiar. – Murmurei, pensando em como meu namorado era extremamente ciumento.

- Essa notícia é você quem dá. Pelo menos ele vai estar lá, como padrinho do Liot também. – Ela deu de ombros.

Mas era completamente diferente. Ele faria par com sua irmã e não com uma gostosona que me mataria de ciúmes. Ao contrário dele, eu faria par com um rapaz de cabelos louro-dourados e olhos verdes arrebatadores.

*

- Você não está com uma cara muito boa. – Emily murmurou, fechando a porta do carro atrás de si.

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