- Para com isso. – Pedi, enquanto correspondia aos beijos.

Então ele esquentou as coisas. Roçou seu corpo contra o meu, apoiando-se em seus braços para não ficar tão pesado e beijou minha boca com paixão aguda. Eu senti tudo o que tinha que sentir. Prazer. Desejo. Felicidade. Amor. Eu senti.

Sua língua passou pela minha, em uma dança nova, assim como todo nosso beijo era. Diferente do outro. Ele me beijava como se não existisse nada que pudesse impedir, apenas a noite de descanso que eu merecia, para continuar organizando meus eventos, como minha profissão. Ele aprofundou o beijo quando sua mão empurrou minha nuca para frente.

Ele aprofundou nossa relação quando puxou as alças do meu vestido para baixo. E aprofundou meu desejo quando, minutos mais tarde, deslizou para dentro de mim com tamanho carinho e adoração.

*

O nosso relacionamento mudou três semanas depois. Ele não continuava mais o mesmo comigo. Me tratava de forma fria e às vezes até evitava meus carinhos. Não correspondia as minhas conversas. E estar comendo sozinha no balcão daquela enorme cozinha não adiantava em nada. Eu queria ter minha moto novamente, para zarpar por Alphaville e encontrar um lugarzinho só para mim. Eu sabia que algo estava acontecendo e queria muito que ele se abrisse comigo. Foi quando ele surgiu todo vestido pelo corredor do apartamento que me senti ainda mais arrasada do que já estava.

- Bom dia. – Cumprimentei, engolindo todos os xingamentos e caminhando em sua direção, prestes a dar um beijinho.

- Bom dia. – Respondeu, desviando o caminho e indo diretamente para a geladeira.

Deixei meu copo com calma sobre o balcão e fechei a porta da geladeira com o pé. – Quero que fale o que está acontecendo. Agora.

Precisava saber, pois fui justa com ele quando sabia que estava fazendo algo de errado. Ele precisava se abrir comigo, pois eu sabia que aquilo afetava nosso relacionamento.

- Eu conheci outra pessoa. – Meu coração se apertou com a possível traição e meus ombros despencaram, eu joguei as mãos no cabelo. – Quero que saiba que não fizemos nada demais.

- Ah, não? Puxa, com você falando, estou muito mais tranquila, Gustavo. – Minhas mãos continuavam presas nos cabelos. Não que eu estivesse desesperada com a situação, mas eu sentia a necessidade de saber da sua boca antes que sequer começasse a acontecer. – Quando ia me contar por vontade própria?

- Eu não sei. Hoje à noite talvez. – Seus olhos estavam confusos, indo e vindo. – Estamos saindo faz alguns meses.

- Alguns meses? Como? - Me desgrudei da geladeira e caminhei pela cozinha, rebobinando todo o tempo em que estávamos juntos. Mas aquilo não compensaria o que ele fez.

- Nós nem nos beijamos. – Ele argumentou. – Eu queria terminar com você antes de fazer qualquer coisa com ela.

Era só daquilo que ele precisava, não era mesmo? Ele precisava se livrar do impasse dele. E eu era aquilo naquele instante. Eu tinha de confiar nele e tinha de saber que nada durava para sempre. Muito menos as coisas boas, pois as ruins tem mais tendência a durar.

- Está livre agora. – Foi a resposta que dei.

*

Graças a Deus era fim de semana, eu não teria forças para enfrentar um dia de serviço inteiro, de preparações de eventos e sair em busca de ideias novas. Eu não precisava ficar sozinha, foi por isso que fiquei feliz quando Bruno surgiu na porta de entrada. A primeira coisa que ele fez foi socar a porta atrás de si. É claro que ele sabia que nosso relacionamento havia acabado e aquilo aliviava o fato. A não ser que...

Apenas MeuWhere stories live. Discover now