LOGAN
Estou bocejando quando meu celular começa a vibrar, e me sento na cama para encarar a tela. Tive uma noite perfeita de sono, e fiquei repetindo o momento na roda-gigante umas trezentas e cinquenta vezes. Não pensei que fosse ter coragem para aquilo, mas eu sabia que não encontraria oportunidade melhor.
E quando a beijei, então? Foi melhor do que com qualquer outra garota que já tenha cruzado o meu caminho.
E o pior é que estou ainda mais apaixonado agora.
Vejo um monte de notificação chegar em meu celular, já adivinhando ser do grupo. Desbloqueio a tela, franzindo os olhos de sono pra enxergar, e dou uma lida rápida nas mensagens.
[....]
[....]
O pessoal continua conversando no grupo, mas eu me arrumo na cama e abro o chat de conversa com a Lara. Tô meio nervoso, sem saber se envio uma mensagem ou não.
E sem saber se menciono sobre o beijo.
Caraca, onde foi parar a minha coragem? Essa garota está realmente me afetando.
Ontem, após o momento inacreditável na roda-gigante, só me lembro de afastar o rosto do dela e ver a expressão intrigada de Lara, com um leve sorriso em seus lábios. Como se houvesse gostado do meu beijo. Sabe o que é simples hipótese é capaz de causar dentro de mim?
Nem eu sou capaz de explicar.
Bom, só sei que depois daquele momento, o resto do passeio pareceu se arrastar numa névoa de alegria, e eu saí tão animado da roda-gigante que nem pensei na desconfiança que poderia causar em meus amigos. Além do mais, também sei que Lara é reservada, então eu não iria ficar espalhando sobre o beijo pros meus amigos sem saber se ela se sentiria confortável com isso.
Mas na hora não pensei em tal coisa. Não pensei em nada. Só conseguia lembrar e relembrar daquele beijo, ao mesmo tempo em que tentava me concentrar na conversa do pessoal e dizer algo à Lara. Ela também parecia envergonhada, por sinal, ainda que houvesse conversado bastante com Melissa e não tivesse tocado no assunto do beijo quando a levei de volta.
E eu, sem saber se falava sobre ou não, só me despedi dela e disse que mandava uma mensagem.
Mas depois fiquei repreendendo minhas palavras na volta pra casa.
Me encosto contra a parede, sentado na cama, e encaro a tela do celular enquanto o batuco com os dedos.
Mando ou não mando?
Mando.
[....]
Após a conversa rápida que tive com Lara, passei a manhã toda de sábado tentando me distrair, fosse com video-game, Netflix ou qualquer outra coisa. Mas eu não conseguia tirar ela da cabeça, sua falta de animação em conversar ou sair e aquele beijo de ontem.
Tive que me segurar várias vezes pra não mandar mensagem ou ligar para ela. Sabia que precisava dá-la um tempo, tanto com os acontecimentos de ontem quanto à sua vida em casa.
O difícil era me convencer disso. Eu parecia estar em abstinência sem Lara por perto. Sem conversar com ela; sem a presença dela. Sem ouvir a voz dela.
Por fim, quando estou me arrumando pro boliche no fim de tarde, ouço meu celular vibrar. Corro até a cama, apanho o aparelho e abro a mensagem.
É da Lara.
Mas não é nada daquilo que eu esperava receber.
Merda.
Alguma coisa aconteceu.