Mãe: filha estás com uma cara então?- despertei ao ouvir a voz doce da minha mãe
-ah? Desculpa mãe estava só a pensar- forcei um sorriso mexendo no guarda-napo sobre a mesa
Mãe: estás preocupada com alguma coisa?
-só coisas do trabalho- menti
Mãe: é normal teres preocupações mas tens que te tentar abstrair disso enquanto não trabalhas senão a tua cabeça não pára e não vives mais nada- falou e sei de alguém que precisava de ouvir estas palavras
-pois tens toda a razão mãe, não imaginas o quanto concordo contigo- suspirei
Pai: foi uma pena o Niall não ter vindo, até me admira não teres ido ver a corrida, tu gostas tanto de o acompanhar nas corridas
-é preferi vir almoçar com vocês- sorri tentando tapar o vazio que tinha no momento.
Hoje o Niall não me disse que tinha a corrida, quando acordei de manhã não o vi em casa, estranhei e mandei-lhe uma mensagem à qual ele me respondeu que estaria com o Mark e o Harry no recinto pronto para correr, nada de importante diz ele. Nem me acredito que ele me fez isto e é só a prova de como não estamos bem, ele nunca sairia para correr sem me levar. Eu nem o senti a ir se deitar na cama ontem à noite, mas foi reconfortante sentir que a meio da noite ele me agarrou, mesmo sabendo que não foi intencional por saber que ele estava a dormir fiquei contente.
Pai: como vai a faculdade?
-vai bem
Pai: mas andas cansada nota-se
-é ando um bocadinho cansada
Mãe: mas não há nada melhor do que a sobremesa da mamã, para animar- chegou à mesa pousando a travessa com arroz doce.
-nada mesmo- sorri sentindo-me uma criança
Pai: bom podemos atacar- lambeu os lábios fazendo-me gargalhar.
Hoje a minha mãe parece ter adivinhado, ligou-me a convidar-me a mim e ao Niall para vir almoçar, mas visto que o meu namorado foi correr sem me avisar eu vim sozinha e aproveitei para passar um bocadinho de tempo com eles.
Desde que cheguei cá a casa o meu astral levantou um bocadinho, sinto a falta deles como é normal, mas nestes últimos dias sentia a falta do colinho do meu pai e das palavras doces e reconfortantes da minha mãe.
Depois do almoço sentamos-nos os três no sofá, enrolados de mantas e pipocas a ver um filme, descansei a minha cabeça no ombro do meu pai e as pernas nas pernas da minha mãe recebendo carinhos de ambos. É tão bom receber este mimo deles, sentir-me protegida e aconchegada pelos seus mimos e colo é o melhor.
Foi uma tarde bastante bem passada, assim que o filme começou a minha mãe foi preparar-nos o lanche, lá comi meia que obrigada devido a estar cheia do almoço, da sobremesa e ainda das pipocas, mas aos olhos das nossas mães comer nunca é demais. A noite caiu do lado de lá da janela, olhei para as horas e já eram oito, hoje não vou ter definitivamente fome para jantar.
Subi as escadas deixando os meus pais na sala e entrei no meu quarto. O cheiro continua igual, continuo a sentir-me em casa sempre que aqui entro. Um misto de emoções percorreu todo o meu corpo, senti uns calor frios e peguei no peluche que tenho desde de pequena branco e verde que tinha sobre a cama deitando-me na mesma agarrada a ele.
Olhei para cada canto do meu quarto recordando alguns momentos aqui vividos com o Niall. Será que as relações têm todas mesmo um ponto de dificuldade? Eu não pensei chegar a este ponto tão rápido e o que mais me deixa triste é que eu não o consigo entender, não consigo perceber se sou eu a errada ou se é mesmo ele que tem que mudar a atitude dele. Somos tão novos, temos tanto para viver ainda e estamos os dois de costas voltadas sem alguma razão aparente mas que eu tenho intenções de descobrir.
O Niall é a pessoa mais importante da minha vida e cada vez que algo acontece na nossa relação só vem fortalecer esse facto. Eu amo o Niall, ele preenche-me, foi por ele e com que ele que eu saí de casa e dei o maior passo da minha vida, começar a trabalhar, viver sem os meus pais, tornar-me uma pessoa independente. É com ele que eu vou querer construir família, que eu vou passar todos os momentos da minha vida como tenho passado até agora, ele é o meu lar, ele é o meu porto seguro e sem ele eu sinto-me exactamente assim, partida aos bocados, insegura, triste, com medo de o perder e com medo de que tudo mude.
Primeiro foi o trabalho em exagero, depois foi a conversa que tivemos em que ele prometeu melhorar, depois foi a indiferença, o afastamento do nada, depois a nossa relação começou a esfriar, o Niall tem andado com a cabeça completamente na lua, ele tem andado completamente à deriva e eu não sei o que fazer nem como chegar até ele. Eu pensei que fazia parte da vida dele e que era tão importante para ele como ele para mim, mas pelos vistos enganei-me senão ele não me afastaria desta maneira, contaria-me todos o seus medos e problemas para os ultrapassar-mos juntos.
Ouvi uma batida na porta e logo vi a imagem da minha mãe à porta.
Mãe: filha- sorrio- queres jantar?
-achas depois daquilo que eu comi nem penses- sentei-me ouvindo-a a rir
Mãe: já é tarde amor, o Niall já não chegou a casa?
-provavelmente, eu vou indo- suspirei
Mãe: está tudo bem com vocês?- perguntou calma sentando-se ao meu lado na cama
-sim mãe, claro que sim- fingi
Mãe: estás tão tristinha
-é impressão tua, isto é só cansaço
Mãe: sabes que podes contar sempre comigo e com o pai para tudo não sabes?
-claro que sei- abracei a minha mãe com força sentindo as lágrimas nos meus olhos
Mãe: ás vezes o amor tem destas coisas- começou e eu afastei-me do seu corpo ficando incrédula a olhar para ela- eu sei que não estás bem filha- limpou a lágrima que acabará de escorrer pela minha bochecha-quando amamos muito uma pessoa temos tendência a descarregar tudo em cima dela e não é por mal, é só porque é a pessoa em quem mais nós confiamos e por vezes o medo de não as queremos arrastar para os nossos problemas e o medo de não as queremos magoar faz precisamente o contrário
-sinto-me tão perdida, tão fora de contexto- confessei- o Niall anda estranho, anda muito focado no trabalho e quando não tem trabalho anda simplesmente distante não consigo perceber
Mãe: O Niall ainda é novo, tal como tu e ele está com uma responsabilidade enorme sobre ele, ele tem 24 anos e já mora sozinho contigo, já trabalha e o trabalho dele sempre foi o que ele desejou, já para não falar que por o que ele conta o chefe adora-o e está apostar muito nele ele está a tentar dar o melhor de si no trabalho e na vossa relação
-eu tenho 22 e também trabalho e também estudo e olha para mim ligo à nossa relação
Mãe: amor é verdade mas o Niall tem mais responsabilidades, não desvalorizando o teu trabalho, mas o do Niall se não correr bem para o lado dele vai embora é despedido perde o sonho dele e depois? Ele tem a casa para pagar, tem as corridas, tem que trabalhar...
-estás a falar com se ele fosse um velho e ambos pagamos a casa
Mãe: Mabel- suspirou- filha eu não estou a dar razão ao Niall porque ele tem que aprender a lidar com o trabalho e a relação, só te estou a tentar mostrar o lado dele, porque a relação é dos dois e o amor também é ajuda, e tu tens que o ajudar a distribuir o tempo, tens que o ajudar a perceber que se ele errar se falhar tu estás lá para ele e que juntos conseguem dar a volta por cima
- eu não sei como fazer isso
Mãe: falas com ele
-já falei
Mãe: sem te enervares
-nós já conversamos mãe, ele já prometeu melhorar e olha- apontei- estamos na mesma
Mãe: ninguém disse que era fácil amar alguém
-realmente- suspirei- ninguém me avisou
Mãe: vocês foram feitos um para o outro eu acredito nisso- reconfortou-me dando-me mais confiança- ele é um rapaz incrível eu adoro o Niall- sorrio- ele é doce simpático e acima de tudo ama-te imenso
-eu também o amo mãe
Mãe: eu sei meu amor- abraçou-me- eu sei
Depois de uma dose de conselhos da melhor mãe e psicóloga do mundo decidi voltar para casa, já era tarde e o provavelmente o Niall já em casa. Conduzi pelas ruas escuras de Londres, hoje não chovia, por milagre, depois de uma semana de temporal parece que temos finalmente um dia de descanso da chuva. Assim que estacionei o carro e entrei no meu prédio as minhas pernas começaram a tremer ligeiramente e o meu corpo começou a ficar ansioso, só queria chegar a casa e dizer ao Niall o quanto o amo, o quanto ele é importante para mim, mas ele não me facilita muitas da vezes.
Nada me tira da cabeça que se passa algo mais com ele, ele deve andar preocupado e não me quer dizer, ou então sou eu que apenas estou a tentar encontrar desculpas para aquele que eu tanto amo e para não me sentir ainda pior. Abri a porta de casa sendo recebida pelo nemo. Vi o telemóvel do Niall em cima da mesa da sala o que me fez soltar um suspiro, depois ouvi a água do chuveiro cair garantindo-me que ele estaria em casa.
Caminhei até à porta da casa de banho deixando a minha mão cair sobre a maçaneta. A minha vontade de abrir a porta era muita mas depois tudo o que ele me fez esta manhã caiu em cima de mim, e se eu continuar a ignorar todas as suas atitudes e a estar com ele como se nada fosse ele nunca vai perceber que me magoa.
Vesti o meu pijama, amarrei o cabelo, indo até à cozinha beber água. Sentei-me no sofá ligando a televisão e ouvi a porta da casa de banho abrir, poucos segundos depois uns passos e a voz do Niall.
Niall: boa noite
-oi- respondi sem o encarar
Niall: vou dormir
-até amanhã- engoli em seco continuando sem o encarar sentindo-o sair da sala.
Olá!!!!
O que acharam do capítulo? Do Niall se ter levantando sem dizer à Mabel que ia correr? Dos conselhos da mãe da Mabel? No próximo capítulo vai haver POV do Niall e aí algumas peças do puzzle se vão começar a encaixar!!! Não digo mais nada 😁😉, votem e comentem!!!
LY ALL <3