Anjo (COMPLETO)

By AnjaWebs

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Nina Novaes acaba de se formar em medicina e logo consegue uma vaga como residente no hospital da cidade. Ela... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Avisos
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18 (Bônus)
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Aviso
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Grupo no Facebook
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38 (Bônus)
Capítulo 39
Capítulo 40
Feliz Natal!!! ❤️
Feliz Ano Novo!!! ❤️
Capítulo 41
Capítulo 42
Extra: Despedida de solteiro
Epílogo
Agradecimentos
Amor em Risco! ❤️
UM ANO DE ANJO!

Capítulo 32

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By AnjaWebs

Nina Novaes.

Estou terminando de enrolar o cabelo quando me assusto com meu celular tocando em algum lugar do quarto. Devido ao pulo que dou, acabo encostando meu dedo no ferro do babyliss e levo outro susto.

– Droga, droga, droga – xingo enquanto deixo o babyliss de qualquer jeito no chão e corro atrás do celular. O encontro debaixo da coberta ainda em tempo de atender.

A foto que aparece na tela me faz abrir um largo sorriso. Alex.

– Oi, amor – atendo feliz da vida, até me esquecendo da dor no dedo.

– Oi, anjo. Estou aqui embaixo, já está pronta ou eu preciso subir?

Olho a zona que se encontra meu quarto e depois para meu próprio reflexo no espelho da parede. Eu já estava maquiada e com meu vestido, só faltava metade do cabelo e o sapato. Hm... Estou prontíssima!

– Claro que estou pronta! – minto tentando o convencer disso. – Desço em um minuto, bonito.

– Hm... Sei. Estou te esperando.

– Ok, beijinho.

– Beijo. Ah, e, anjo?

– Eu?

– Nada de vestido curto – ele diz mandão e eu novamente me encaro no espelho. Dois palmos a cima do joelho era algo muito curto?

Considerando que tenho pernas compridas...

– Claro, amor! Pode deixar. Te amo – digo manhosa já desligando a ligação sem lhe dar chance de qualquer resposta.

Ok, preciso ser rápida. Volto correndo para finalizar meu cabelo e então me lembro do dedo queimado, que começa a arder em seguida. Que ótimo! Uma queimadurazinha a mais, outra a menos... Não faz diferença. Foco no cabelo, Nina!

Olho no relógio do celular assim que tranco a porta de casa, já correndo para o elevador. O "desço em um minuto" se transformou em quinze num piscar de olhos.

Assim que chego ao térreo e saio do elevador, seu Inácio me dá uma olhadinha de cima a baixo. Abro um sorriso irônico para ele, andando ligeira para a porta, mas ele é mais rápido do que eu:

– Tá bonita, dona Nina! Vai sair com o namorado?

Enxerido! Paro na frente da sua mesinha e coloco a mão na cintura.

– Na verdade, hoje vou sair com o amante.

Seguro a gargalhada quando o vejo arregalar os olhos de susto.

– Sério? É o seu Marcelo?

– Seu Inácio!!! – quase grito, revoltada. O que ele pensa de mim? – Tá louco? É óbvio que vou sair com meu namorado, o Alex – dou uma ênfase necessária no nome.

– Ah, sim! Ufa! Que susto você me deu, menina – ele diz exagerado colocando a mão no coração. – No fundo eu sei que vocês são só amigos, mas não pude deixar de perguntar pra confirmar, né?

– O senhor anda muito fofoqueiro, hein? O que está acontecendo? – ele faz uma careta antes de responder, mas eu o detenho a tempo: – Tenha uma boa noite, seu Inácio.

– A senhora também...

Assinto, finalmente saindo do prédio. Avisto o carro de Alex parado do outro lado da rua e a atravesso, indo para o lado do caroneiro. Olho pelo vidro e vejo Alex deitado no banco, com os olhos fechados e um braço na testa. Dou uma risadinha e bato na janela, para que ele acorde e abra a porta.

Ele abre os olhos e assim que me vê, os estreita, destrancando a porta. Me sento ao seu lado e viro meu corpo para ele, abrindo o meu melhor sorriso, mas ele agora olha para o relógio em seu pulso.

– Vinte minutos, anjo – ele diz somente, chegando mais perto de mim e reivindicando um beijo, com uma mão em minha nuca.

– Desculpa, amor – peço assim que nos separamos e ele me devolve um sorriso.

– Você tá linda, como sempre.

– Obrigada – respondo nervosa quando seu olhar para em minhas pernas descobertas e ele cerra os olhos. – Eles sempre parecem menores quando estamos sentadas, relaxa – digo me referindo ao vestido e ele balança a cabeça negativamente.

– Você não vai sair de perto de mim, Nina.

Ah, inferno. Por que toda vez que ele pronuncia a droga do meu nome eu me sinto assim? Arrepio na nuca, estômago revirado e sensação de posse. Porque sim, ele é tão meu quanto eu sou dele.

Ele dá a partida no carro em silêncio e pousa a mão direita em minha perna, fazendo um carinho tranquilizador com o dedão nela.

(...)

– Eu ainda acho que dá tempo de voltar e trocar. Sério – Alex resmunga enquanto entramos na boate. A primeira coisa que ele fez assim que saímos do carro foi verificar o comprimento do vestido comigo de pé.

– Sem ideias malucas, doutor. Não vamos voltar, eu já disse – grito, devido a música ensurdecedora do local.

– Faltou dinheiro pra ter tão pouco pano aí, é a única explicação – ele reclama de novo, me fazendo rir dessa vez. Alex ciumento era no mínimo engraçado.

Me viro para ele, que agora olhava sério em volta com as mãos firmes em minha cintura. Provavelmente estava encarando qualquer homem que olhasse em nossa direção.

– Amor, olha pra mim – falo segurando a risada e colocando as mãos em seu rosto, fazendo assim com que me olhasse. – Amo você, sabia?

Ele então abre seu lindo sorriso para mim e sela nossos lábios.

– Também te amo. Só não amo seu vestido. Quer dizer, posso até gostar dele lá em casa, mais tarde...  – reviro os olhos dando risada outra vez, enquanto ele me dá um sorriso malicioso.

– Vamos de uma vez, amor! – o puxo pela mão em direção a um lugar mais reservado da boate que Celo tinha marcado para todos nos encontrarmos.

Ele já estava aqui e Sofia estava a caminho com Miguel.

Em instantes conseguimos avistar Marcelo numa rodinha de pessoas e eu sabia que eram seus convidados, os desconhecidos policiais. Haviam quatro homens, dois deles com suas respectivas mulheres e havia uma mulher sozinha ao lado de Celo. Ela estava de costas, mas senti inveja mesmo assim. Ela era magra, alta, tinha os cabelos pretos e lisos que iam até sua cintura (que por sinal parecia finíssima!) e uma bunda enorme. Ah, por que não em mim, Deus?

Largo a mão de Alex apenas para colocar as minhas sobre os olhos de Celo. Ele pega minhas mãos e o sinto sorrir.

– Nina ou Sofia. Mas chuto a Nina porque ela sempre faz isso – tiro as mãos de seus olhos apenas para dar um tapa em seu ombro. Ele se vira rindo e me dá um abraço. – Tá bonita! Como conseguiu?

– Celo! – me finjo de ofendida e ele dá risada.

Não posso deixar de reparar que o relógio que eu dei está em seu pulso, assim como a blusa maravilhosa que Sofia deu. Marcelo é desses que ganha e já usa no mesmo dia.

– E aí, doutor! – cumprimenta Alex do mesmo jeito de sempre, recebendo dessa vez um abraço.

– Feliz aniversário, Marcelo! – Alex deseja. – Apesar de saber de algumas histórias desagradáveis sobre vocês dois, – aponta para nós – fico feliz em saber que a Nina tem um melhor amigo policial.

Dou risada pela ênfase desnecessária em "melhor amigo" e o abraço. Celo assente e me olha sorrindo.

– Valeu, Alex! Pode ter certeza que dessa aqui eu não tiro o olho.

– Se alguém se meter comigo hoje eu posso dizer que essa pessoa está muito ferrada, certo? – digo apontando com a cabeça para seus amigos policiais. Todos eles provavelmente armados. A morena que mais parecia modelo se vira para mim com um sorriso no rosto. Quase abro a boca com o susto, porque ela era ainda mais bonita do que eu imaginava. Ah, que droga! Preciso mantê-la longe de Alex.

– Muito ferrada é apelido! – Marcelo assobia, numa empolgação repentina. Brigas eram sempre muito empolgantes para ele. – Mas deixa eu te apresentar meus amigos. Essa daqui é a Helen, a única policial mulher do nosso DP por enquanto. Aquele ali com cara de bundão é o Daniel. O outro com cara de galã da novela das oito é o Felipe. Os outros dois são Paulo e Ruan e suas esposas, Paloma e Lúcia. Essa daqui é a Nina e o namorado dela, Alex.

Dou um oizinho geral com a mão e sorrio, observando cada um.

Daniel era moreno e mais parecia com um daqueles caras do filme As Branquelas, o que me fez querer dar risada com a comparação. Felipe realmente tinha cara de galã: era alto, forte, moreno dos olhos verdes e tinha uma pose de superior que me dava medo. Paulo era o mais baixinho de todos e era quase transparente de tão branquinho. Paloma, sua esposa, era tão pequena quanto Sofia, loira e meio gordinha. Ruan era o mais forte e alto de todos, com toda certeza. Seus músculos marcavam sua camiseta e uma tatuagem aparecia no braço esquerdo, mas as mangas até o cotovelo tampavam quase tudo. Mas ainda achava Felipe mais bonito. Já sua esposa Lúcia, era delicada como uma boneca de porcelana. Magrinha, ela brilhava em seu vestido rodado cor-de-rosa.

E nem vou voltar a comentar sobre Helen, porque minha autoestima não ficaria muito legal ao repará-la em detalhes.

– Então você é a tão falada Nina! – Daniel diz empolgado, me analisando.

– É um prazer te conhecer – respondo educado, sem ter muito o que falar.

– O prazer é todo meu! Com todo respeito, Alex – ele se corrige rapidamente e Alex finge uma risada, apertando mais ainda seu braço em minha cintura.

– É claro.

– Cadê a Sofia, hein? – Marcelo pergunta distraído, alheio a nossa conversa.

– A babá 2? – Daniel é quem pergunta, me fazendo franzir a testa.

– Vocês são conhecidas como minhas babás lá no DP, Ni. Eu só falo de vocês e tal, nada de namoradas.

Dou risada, porque agora parando pra analisar... Somos quase babás mesmo.

Brincadeira, brincadeira.

– OI GENTE! – ouvimos o grito de Sofia chegando e todos nós olhamos para trás.

– Parabéns, Celo! Tudo de bom, cara – Miguel o cumprimenta com um abraço.

– Valeu, irmão!

Atrás de Miguel, Sofia surge trazendo um lindo cupcake de chocolate em suas mãos com duas mini velas que marcavam "27″. Todos nós gargalhamos ao ver sua animação com o doce.

– Trouxe pra você, amorzão! – ela disse o entregando. – Droga, esqueci o isqueiro!

– Eu tenho – Felipe diz, tirando um do bolso e já acendendo as velinhas. Hm... Aqui temos um galã fumante? Sofia bate palminhas empolgada.

Quando as velas acendem, começamos um lindo coro de "parabéns pra você" no meio da balada. Algumas pessoas que estavam em volta até começaram a cantar junto, aumentando nossa festa.

– Faz um pedido! – digo empolgada assim que a canção termina.

– Quero uma mulher, porra! – ele resmunga, assoprando as velas. Todos nós caímos na risada, enquanto ele tira as velas do bolinho.

– Pra quem vai o primeiro pedaço? – Sofia pergunta abraçada a Miguel.

– O negócio já é pequeno e você ainda quer que eu divida? O primeiro pedaço vai é pra mim! – e dito isso, dá uma bocada no bolinho.

– Seu ogro! – ela reclama, segurando a risada. – Por isso tá solteiro!

Ele termina de comer o bolinho rapidamente e depois de jogar fora o papel, volta com um copo de bebida na mão.

– Solteiro, mas não por muito tempo, baixinha! – ele diz segurando o queixo de Sofia. – Aliás, obrigado pelo bolinho. Tava ótimo!

E lhe dando um beijo na bochecha, vai em direção da pista de dança com os olhos fixos numa loirinha que dançava com sua amiga.

Ok... O aniversariante nos deixou em menos de dez minutos de "festa".

Olho para os amigos de Marcelo, que vão saindo aos poucos em direção da pista também. Sofia me cutuca.

– Quem é aquela morena gata? Gata demais pro meu gosto.

– Trabalha com o Celo – respondo cruzando os braços. – Helen o nome dela. O Celo nunca nos disse nada sobre trabalhar com uma modelo.

– Né? Me senti uma anã de jardim!

– Anjo? – escuto Alex me chamar e viro o rosto em sua direção. – Quer? – estica um copo com alguma bebida dentro.

– Whisky? – chuto sorrindo.

– O nosso preferido – ele pisca, me entregando. Pego o copo e o bebo todo numa golada só.

(...)

Não faço a mínima ideia de que horas são. Só sei que já passara algum tempo desde que nós estávamos aqui e eu estava bêbada. Bêbada do tipo "Alex está querendo me matar".

Acho que estou mais ou menos do jeito que estava quando nos vimos pela primeira vez, só que aquele dia Alex se divertia me olhando enquanto eu tentava levantar o vestido e Marcelo não deixava. Hoje era Alex quem não deixava eu levantar o vestido. Ele estava puto.

– Amor! – grito pra ele enquanto dançávamos.

– Oi?

– Sabia que eu te achei o homem mais gostoso da face da Terra quando te vi naquela balada? – falo manhosa com os braços em volta de seu pescoço. Ele dá risada, assentindo.

– Sabia. Você me secou o tempo todo.

– Mentira! Você é um convencido – faço beicinho e ele não perde tempo em morder meu lábio inferior. Sorrio e engato um beijo.

Estou respirando pesado quando enfim nós separamos nossos lábios.

– Ei, casal! – ouço Celo berrar e colocar seu braço em volta de meu pescoço. Ele estava com um sorriso tão grande que eu poderia facilmente descobrir onde ele estava esse tempo todo sumido.

– Onde estava? Estamos curtindo seu aniversário sem você! – berro de volta, meio tonta devido ao álcool e ao beijo.

– E eu lá quero curtir com vocês? Estava com aquela loirinha de mais cedo. E que loirinha! Falei que era meu aniversário e ela me deu um belo pres...

– CALA A BOCA! – Eu e Sofia gritamos juntas. Olho para o lado assustada. Quando é que ela tinha aparecido?

– Oi amiga! – falo a abraçando. Ela me abraça apertado, sinal claro de que está tão bêbada quanto eu.

– Ai, que saudade! – ela diz me soltando.

– Não sei como aguentei vocês duas bêbadas por tantos anos. Graças a Deus arrumaram namorados – cruzo os braços ofendida e olho para Sofia que está fazendo beicinho.

– A Sofia é bonita, é bonita e é bonita! – Miguel chega cantarolando (e cambaleando) com dois copos na mão. – Trouxe seu copo, amor.

– Somos os únicos sóbrios daqui, doutor? – Celo pergunta para Alex que até então estava calado.

– Acho que sim...

– Eu tô sóbrio! Muuuuito sóbrio! Mesmo!

– Tão sóbrio quanto eu, amorzinho! – Sofia diz o abraçando. Ele pega na mão dela e eles começam a dançar algo parecido com forró, nos fazendo rir. Em instantes eles somem no meio das pessoas e eu dou de ombros me virando para Alex.

– Preciso ir no banheiro, já volto!

– Tô de olho em você, anjo.

– E eu também. Mas agora vou procurar meus amigos, pegou mal eu sair e deixar todo mundo né? Depois eu encontro vocês – e dito isso, ele sai em busca dos policiais.

Selo meus lábios nos de Alex e vou na direção do banheiro tentando ficar atenta em meus próprios pés para não tropeçar. Faço o que tinha que fazer, demorando mais tempo que o necessário, já que preciso pensar muito mais quando estou neste estado. Ao sair do banheiro, me pergunto onde diabos nós estávamos antes.

Vou em busca do Alex, mas o álcool não me ajuda a pensar direito e muito menos a enxergar direito. Paro no bar e peço uma água gelada, pagando em seguida com o dinheiro que tinha em minha bolsa. Abro a garrafinha e bebo um gole generoso, sentando no banquinho e esperando minha visão se tornar menos turva.

Em cinco minutos, não sinto diferença nenhuma e resolvo ir procurar pelo Alex assim mesmo. Me esquivo dos bêbados tarados e das mulheres dançando feito loucas para então me aproximar do lugar que achava estar antes.

Varro os olhos pelo local e vejo um loirinho alto. Sorrio, pois reconheceria Alex até de olhos fechados se duvidasse. Vou em direção dele mas paraliso assim que vejo algo estranho em sua frente. Algo estranho de cabelo irritantemente falso e ruivo.

Meu mundo para assim que vejo o que está acontecendo. Até esfrego os olhos, desejando pela primeira vez que a visão turva tivesse me enganado e que não fosse Alícia ali.

Mas era. Era o meu namorado com Alícia pendurada em seu pescoço como sempre fazia quando estavam juntos.

E pra piorar toda a situação, quando eu estou decidida a ir até lá e tirá-la pelos cabelos de perto dele, ela fica na ponta dos pés e o beija.

Definitivamente devo ter criado asas no momento, porque saio voando na direção deles. Meu sangue está fervendo tanto que agora já não mais enxergo embaçado e nem estou andando aos tropeços, muito pelo contrário. Sigo em linha reta e quando estou somente a alguns metros dos dois, Alex me surpreende: ele afasta Alícia (de um jeito brusco até) e posso jurar que berra um "que porra é essa?". Agora estou parada observando a cena, e então seus olhos encontram os meus. Consigo ver que ele tem consciência de que presenciei tudo, pois sua expressão vai de espanto a desespero, e então ele dá dois passos em minha direção, acho que numa tentativa de se explicar ou algo do tipo. Mas não preciso pensar muito para saber o que fazer a seguir.

Eu avanço na direção dele e o ouço dizer um "anjo", mas não paro e, seja o que for que Alícia estivesse começando a dizer para ele (ou para mim), a interrompo da melhor maneira que consigo: com um tapa que posso jurar que tem o peso do meu corpo. Ela, que acredito não estar esperando por essa reação, não consegue se equilibrar pós-tapa e cai de lado no chão. Estou com tanta raiva que a minha vontade é de voar em cima dela e distribuir mais quantos tapas eu puder dar, mas por um breve momento sei que isso resultaria em problema, pois a boate está lotada de seguranças e tudo o que eu não precisava no momento é ser carregada a força para fora.

– Vadia! – eu cuspo as palavras na direção dela, olhando-a nos olhos pela primeira vez.

Posso ver pela expressão dela de que não está totalmente bêbada, o que só me faz ter mais ódio. Está com os cabelos no rosto e no momento alisa a parte em que enfiei a mão. Uma cena deplorável.

Quando olho ao redor, percebo que todos os olhos estão sobre mim. Pelo menos grande parte deles, porque a boate é imensa. Mas todos estão perplexos – embora ninguém esteja no chão acudindo Alícia (o que de certa forma é ótimo, porque eu começaria a bater no primeiro idiota que fosse ajudá-la).

Num outro momento eu teria começado a chorar de raiva, mas agora sinto que parte da adrenalina se esvai do meu corpo, porque eu volto a me sentir tonta, o que me faz dar uma leve cambaleada para o lado. Automaticamente sinto as mãos quentes e firmes de Alex nos meus braços, me amparando. Ele sussurra um "vamos embora" no meu ouvido e eu não digo nada, apenas me deixo ser levada por ele.

(...)

Uma hora depois, estamos dentro do carro de Alex – todos nós. Marcelo falou por meia hora no meu ouvido, com aquele jeito superprotetor dele. Acho que estava dividido entre me elogiar por ter batido na Alícia ou me repreender pelo mesmo motivo. Mas, conhecendo Marcelo como eu conheço, aposto que estava comemorando por dentro. Sofia, por outro lado, estava choramingando (ora ou outra chorando de verdade) por não ter tido a chance de ver a cena e me ajudado a bater na Alícia. Todos nós já não aguentávamos mais ouvi-la.

– COMO VOCÊ PÔDE, NINA? – ela pergunta e está gritando. Gritando.

– Pôde o quê, Sô, pelo amor de Deus? – resmungo, cansada.

Ergo os olhos para o retrovisor e a observo: está chorando agora e toda a sua maquiagem está borrada. Miguel tenta desesperadamente secar as lágrimas dela. Em outro momento eu até acharia bonitinho, mas estou meio enjoada.

– NÃO ME CHAMAR! EU ESTAVA NO BAR, AMIGA, E QUERIA TANTO TER VISTO A CENA E TE AJUDAR A BATER NELA E XINGÁ-LA DE VADIA TAMBÉM E...

– Amor, sh... Vem cá – Miguel sussurra pra ela, que o afasta e dá uma fungada. Marcelo começa a rir.

– Ih cara, você tá tentando ainda? Isso aí não vai calar a boca nem tão cedo... – ele diz, mas Miguel não desiste.

Ele continua tentando fazê-la se calar, mas Sofia não para de resmungar até chegarmos na casa dela.

– Promete que vai me ligar amanhã e me contar tudo? Porque eu não vou me lembrar de nada – ela diz, distorcendo a boca e preparando uma nova maré de lágrimas.

– Prometo!

– Tá... – ela seca os olhos e sai do carro. – Tchau, amiga... Boa noite! Eu te amo e estou tão orgulhosa de você por ter socado a cara daquela v...vadia! – ela soluça. – Embora eu nunca vá te perdoar por n...

– TÁ BOM, SOFIA – Marcelo berra impaciente do lado de fora do carro. Ele estava esperando por ela para levá-la junto do Miguel (que também estava meio bêbado) para dentro do prédio. – CALA A BOCA! Ô mulher que fala, pelo amor de Deus!

– SEU OGRO!!! – ela berra de volta, o que inevitavelmente me faz rir. – Tchau, amiga! Tchau, Alex...

– Tchau, Sofia! – Alex responde, e é a primeira vez que diz alguma coisa desde que me levou para fora da boate. Mas eu não estava nem aí para o silêncio dele.

Sofia finalmente sai do carro com Miguel e Marcelo os acompanha para dentro. Alex e eu ficamos em silêncio, enquanto o aguardávamos voltar.

Não é que eu esteja com raiva dele. Sei que não foi sua culpa e é até desnecessário que ele tente explicar. Ele sabe que um "olha, ela quem me agarrou, eu não pude fazer nada" vai me irritar profundamente, portanto até agradeço que ele esteja em silêncio.

Nesse instante, porém, ele olha para mim. Estou com a cabeça encostada no vidro da janela, mas devolvo o olhar.

– Tá tudo bem? – pergunta baixinho.

– Tô meio tonta.

Ele franze os lábios, reprimindo um sorriso, e sei que quer dizer "pra variar".

– Desculpe – ele diz depois de um tempo.

– Não foi sua culpa. Quer dizer, foi sim.

– Foi? – ele pergunta com indignação na voz. Dou uma risadinha.

– Ninguém manda ser assim – faço um aceno com a cabeça na direção do corpo dele e ele ri.

– Preciso confessar uma coisa.

– Hm? – eu arqueio uma sobrancelha.

– Você bate bem pra uma mulher – ele diz e nós começamos a rir.

– Obrigada...

Sorrio na direção dele e depois volto a encostar a cabeça no vidro. Estou realmente cansada.

– Ei... – ele me chama e se aproxima um pouco de mim.

Olho para ele e sei que quer me beijar ou me abraçar. Dou um beijo em seu rosto, deixando-o com uma cara de interrogação, e explico, não podendo conter a cara de nojo:

– Deve ter batom dela na sua boca ainda, credo...

Ele ri de novo, mas não insiste. Beija a minha testa e coloca os braços em torno de mim. Eu, é claro, me aninho nele e agradeço mentalmente por aquele beijo dele com a Alícia ter sido apenas um beijo (e provavelmente o último), enquanto esse abraço não tem nem ao menos previsão para deixar de acontecer um dia.

******
Olá, oláaaa!! Como vocês estão? Nós estamos super felizes porque acordamos hoje com 3 mil estrelinhas e 20 mil leituras ❤️❤️❤️ Muuuuito amor!! Affff!

Capítulo grandãaao pra vocês hoje pra compensar o de domingo! Hahahah

Os policiais apareceram pouco, mas guardem esses nomes porque eles farão sucesso no livro do Celinho hahahahah
Alícia é brasileira e não desiste nunca, meu povo! Ruiva chiclete u.u

Não esqueçam de votar e comentar o que acharam, viu? Vocês andam muito quietinhas ultimamente... :(

Beijooos, se cuidem, um ótimo restinho de semana/início de final de semana e até domingo, gente linda ❤️

Gatália.

25/11/2015

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