A Amante do Meu Marido (Concl...

By OlivinhaRodrigo

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+18 (hot fanfic) Camila Cabello vai atrás da suposta amante de seu marido para tirar satisfações. O que não... More

Apresentação das Personagens
01 • Treason
02 • Overcoming
03 • You again?
04 • (L) The Biggest Mistake
05 • Camila Mendes
06 • Jaguar's Agency
07 • You're Welcome
08 • From Home
09 • (F) Sweetest
10 • Bets and Surprises
11 • (F) Without commitment
12 • The pression
13 • Good and Hot Blackmail
14 • (L) All Night
15 • (C) She Loves Control
16 • Revenge
17 • Lauren's back
18 • Charlotte
19 • (L) Take a Shower
20 • Hackers
21 • Loyalty
22 • Meeting
23 • Karla Camila
24 • Miami Beach
25 • (F) This Love
27 • Precipitation
28 • Playing dirty
29 • (L) Lustful desire
30 • November 25th
31 • If there's love...
32 • Fifteen minutes
33 • (L) Tokyo
34 • Gift
35 • (C) Leash
36 • Christmas Night
37 • Alexa Ferrer
38 • Back to Black
39 • (L) Solutions
40 • Last Piece
41 • (L) Table
42 • The Judgment
43 • Santa Maria, Cuba
44 • Michael's Promise
45 • (F) My Husband's Lover
(L) ESPECIAL 1 MILHÃO DE VIEWS

26 • Discovery

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By OlivinhaRodrigo

Quatro horas atrás...

- VAGABUNDA! DESGRAÇADA! - a sócia secundária faltava se descabelar em um dos corredores mais solitários da agência. - EU VOU ACABAR COM ELA!! - se esperneou completamente irritada, batendo várias e várias vezes na parede com mãos abertas.

Dinah quieta estava, quieta ficou consolando Alexa ao lado de Lucy. Era bom demais ter que presenciar aquele show de lamentações ao vivo. Tão bom que estava quase gravando a cena para mostrar para Camila no final da noite.

- Aquelas duas desgraçadas... - rosnou entre dentes. - ... A Keana? - seu riso nasal derrotado e ao mesmo tempo irônico - Aquela mulher é mais fraca e tonta do que eu poderia imaginar. Pequena. Muito pequena e imprestável para trabalhar aqui conosco... - circula as têmporas com a ponta dos dedos. - E aquela vagabunda oportunista? - prendeu o lábio inferior, negando a cabeça como quem estivesse indignada. - Oh, ela se acha mesmo uma modelo, não é? - olhou para as colegas com uma das mãos no busto. - Acha que com aquele "porte" periférico dela, irá conseguir alcançar alguma coisa na indústria da moda! - soltou uma gargalhada sarcástica.

A mão de Dinah estava a poucos minutos de tomar vida própria e de se autoacertar na cara da sócia secundária. Há exatos quinze minutos que estava se segurando para não falar ou fazer algo que estragasse o seu disfarce e, consequentemente, o plano de Lauren.

- Vadia de merda... - seu peito subindo e descendo, furiosa com a petulância que presenciou. - Ela não é nada comparado a mim! Nada!

Se comparar com Camila foi um dos maiores refúgios encontrados por Alexa ao longo dessas últimas semanas.

Era algo que a deixava segura, pois se lembrava que foi a única mulher que Lauren realmente amou a ponto de lhe pedir em casamento e isso, em seu intimo, era uma baita vantagem frente a modelo latina ou frente a qualquer outra mulher que Jauregui viesse a passar alguma noite.

Alexa nunca aceitou o fim de seu relacionamento. Controversamente, também nunca se desculpou ou assumiu sua culpa, visto que sempre pensara que, uma hora ou outra, Lauren perceberia que apesar de Alexa ter errado e ainda possuir algumas falhas, a sócia secundária era o seu melhor, e desta forma, elas se mereciam.

No fundo, sempre cogitou que o divórcio não passaria de, no máximo, um mês. Mas o que viu nas três semanas seguintes, foi justamente uma Lauren divergente daquela que havia se casado.

Da mulher reservada e romântica que gostava de ser, a magnata se tornou alguém majoritariamente descompromissada com relacionamentos e pouco sensível com o que suas atitudes causavam nas mulheres que se deitava, as quais não tinham pretensão de obter somente uma noite com ela.

Nas primeiras três semanas em que a empresária ficou solteira, três modelos diferentes foram contratadas e demitidas, respectivamente. Não que fossem pouco profissionais para se manterem em seus cargos, mas, sim, porque ambas as três haviam se tornado affair's da mulher de olhos verdes. Alexa não podia ficar de braços cruzados observando tal baixaria, então, não hesitou de tomar as medidas necessárias sempre que encontrava um alvo, ou poderia dizer obstáculo, que tentasse se aproximar afetivamente de algo que ela julgava ser apenas dela.

- Vocês não acham? Não acham que eu sou melhor do que ela?! - seu ego ferido clamava por aceitação e supremacia.

- Sim! - Lucy quem disse.

- Com certeza! - Dinah respondeu mais rápido que estudante desesperado por pontos extras na faculdade. - Alexa, aquela mulher não é metade da mulher que você é!

Uma pessoa ressentida pelo seu passado não sossega até conseguir consertar seu erro. E embora Alexa não tivesse se desculpado até os dias atuais com sua ex mulher sobre tudo que tinha feito, de certa forma, ela ainda possuía um desejo platônico de conseguir reatar o matrimônio. Até porque Alexa poderia fazer diferente. Queria uma nova chance, ao passo que não se importava com a imagem que havia passado a Lauren e a todos da agência, uma vez que já se autoconsiderava uma nova pessoa após seis anos.

Com isso em mente, vinha fazendo de tudo para derrubar os empecilhos que apareciam em seu caminho. Isso envolvia contratos, relações e até mesmo, como é o caso de Camila, modelos.

- E ela nunca será mulher para a Lauren. - a própria concluiu - Nunca!

Dinah simplesmente pôs as duas mãos no rosto, esboçando uma expressão incrédula para em seguida dizer:

- ESPERA. - seus olhos arregalados - Acabou de me falar que a Camila e a Lauren.... ?

Lucy e Alexa pararam imediatamente o que estavam fazendo para também encará-la, só que, desta vez, desconfiadas.

- NÃO.... - negou, recusando-se a acreditar. - VOCÊS ESTÃO FALANDO SÉRIO?!

- Sério? - a sócia secundária fez questão de justificar seu menosprezo com uma cara de poucos amigos. - Sério que você não sabia?

- Impossível... - Lucy chegou até mesmo a gargalhar.

- Eu estou aqui a pouco menos de três dias... - continuou sustentando a personagem que era pega de surpresa por uma notícia bombástica. - Eu não sabia e nunca iria imaginar isso pelo fato da Camila ser... Casada? - franziu o cenho - Ela é casada, não é?

- O olhar, Srta. Jane. - Alexa completou. Infelizmente afirmar aquilo em voz alta era uma derrota imensurável para seu ego. - Qualquer imbecil é capaz de pegar a tensão que rola entre aquelas duas somente pelo olhar que elas lançam uma para a outra.

Imbecil foi a sua cara quando Camila girou na ponta da passarela sem se desequilibrar, flor.

Ao contrário da latina, Dinah se contentava com seus pensamentos. Adorava como poderia xingar até a quinta geração da família de Alexa e, no final das contas, se passar de boa samaritana na frente da própria.

- Não viu o desapontamento da Lauren quando ouviu que o marido da Camila estava aqui com ela? - Vives questionou.

- Eu percebi, mas... - pausava assustada, realmente fingindo espanto por tudo que ouvia. - mas como vocês mesmas estão me falando... A Camila é... é casada! Tipo, isso é um absurdo!

Disse aquela mesma mulher que semanas atrás encorajava a melhor amiga modelo a transar com homens e mulheres independente do seu status de relacionamento.

- Sem chiliques, Hansen. - a morena interrompeu. - Camila é apenas uma vadiazinha como todas as outras que se deitam por dinheiro com a Lauren. Ponto. - Alexa julgou - Bem-vinda a Jaguar's. Aqui qualquer mulher perde sua moralidade para se deitar com a dona deste império por dinheiro e luxúria. Espero que você não esteja entre elas, Srta.. - procurava em Dinah algum vestígio de desonestidade.

Por sorte, a grandona tinha treinado muito bem com sua esposa policial antes de vir para cá. Era uma verdadeira doutoranda em como mentir olhando nos olhos das pessoas sem pestanejar. Desta forma, se tornou a contratação mais assertiva de Lauren, depois de Camila.

- Não estou, Sra. Ferrer. E me sinto enojada em pensar que Camila, uma mulher casada, se deita com a própria chefe por dinheiro.

E não que mentisse para Normani ou para alguma de suas amigas somente por ser boa em omitir as coisas, visto que tinha como principal virtude sua honestidade e fidelidade com quem amava; mas naquele instante, era fato que Dinah Jane se tornou capaz de falar todo e qualquer absurdo sem sequer falhar a voz.

Então ela o fazia por sua amiga Camila e principalmente por Lauren, após tomar empatia pela sua situação e também pelo escandaloso salário que a magnata lhe ofereceu para se propor ao cargo. 10 mil dólares. Metade do salário de sua amiga, mas de qualquer forma era mais que o triplo daquilo que costumava ganhar como garçonete na lanchonete italiana.

- Mas a culpa não é da Lauren. - Alexa se corrigiu em prontidão. - Nunca foi, na verdade. - arqueou o nariz, convicta do que falava. - Ela está tão cega pelo prazer carnal, provavelmente se lamentando pelo término do nosso casamento, que desde então não vem escolhendo com quem se deita. E essas galinhas que não podem ver uma oportunidade de enriquecerem, aproveitam e já querem abrir as pernas para ela.

Dinah pouco a pouco se lembrando do dia que Camila descobriu sobre estar sendo traída e no escândalo que fez em frente ao apartamento da magnata. Recordou-se também em como que Lauren, a pobre e inocente moça "assediada" pelas mulheres, praticamente se atirou em cima de sua amiga, onde semanas após se conhecerem, faltou lhe arrancar um pedaço do pescoço com aquela sessão quente de beijos e chupões na balada.

Então, sim. Com certeza eram somente as mulheres que iam até a pobre Lauren, e não o contrário.

- Elas se jogam em cima dela! - Lucy concordava com as palavras de Alexa assim como um cristão concorda com a homilia de seu orador - Tudo por conta do maldito dinheiro! E mesmo como ex mulher, eu ainda tento alertá-la, sabem? Pois Lauren é vítima de tudo isso e ainda não se deu conta...

Vítima...

Dinah quis gargalhar, ou melhor, quis gargalhar apontando o dedo para a cara de Alexa ao ouvir aquela palavra e o quanto ela não se encaixava nas características da magnata, uma verdadeira loba vestida em pele de cordeiro que adorava atacar tudo aquilo que se locomovia e usava saias.

- Mas vocês tem provas? - Dinah resolveu aprofundar o assunto. - Provas de que Camila e Lauren estão...?

- Se temos provas? - Lucy aos poucos fora controlando sua risada - Jane, no mesmo dia que a Camila afirmou que era heterossexual e casada, nós seguimos ela na hora da saída e vimos ela se agarrando com a-

Rapidamente ela se lembra da noite que descobriu do caso de Camila com Lauren e dos acontecimentos apontados pela amiga via ligação.
Aos poucos foi assimilando que ambas as mulheres haviam tramado para a latina.

Lucy não estava no ponto, ouvindo os áudios do celular em alto volume por descuido. Alexa provavelmente também não estava esperando por Lauren em frente do condomínio desta. Elas tinham enganado sua amiga e Camila precisava saber disso o quanto antes.

- Calada, Lucy. - a mão direita de Alexa pousou sob a coxa da figurinista que grunhiu com o aperto recebido. - Chega de conversas paralelas vocês duas. - reparando nos rumos que a conversa estava tomando, Alexa se levantou, deixando toda sua vulnerabilidade adquirida pela noite do desfile para trás. - Precisamos agir. - pontuou à medida que as outras duas também iam se levantando da escadaria. - Precisamos encontrar a Srta. Marie agora.

- Sim, senhora. - respondem em uníssono, do jeito que Alexa mais procurava ouvir.

- Dinah fica responsável pelo último e penúltimo andar. Lucy procura nos banheiros, estacionamento e piso térreo. Já eu tento encontrar ela no meio daquela multidão. - suspirou. - Sem a Becky por aqui o trabalho realmente pareceu dobrar para todas nós. Mas precisamos ser rápidas.

- E por que ela se demitiu? - a pergunta escapou sem querer da boca de Dinah.

Se lamentou profundamente por ter a língua afiada e não perder uma oportunidade.

- Por que isso te interessa, Srta. Jane? - a voz desconfiada de Alexa fizera a gerente de RH estreitar os ombros e involuntariamente trepidar.

Dinah tentou não engolir em seco para não deixar mais óbvio a sua tensão. Sua pergunta não era necessária naquele momento. Tinha que saber o motivo da demissão da fotografa Becky? Sim, isso era claro. Mas não de uma forma tão... explícita e forçada quanto o fizera parecer agora.

A partir daí, Dinah entendeu que precisaria ser mais sútil, fechando a boca com um zíper para evitar mais questionamentos indelicados. Caso contrário, levantaria suspeitas tanto de Alexa quanto de Lucy. E o que menos precisava no instante era justamente causar desconfianças, visto que estava experimentando na pele o que acontecia com as "integrantes" desleais que iam contra a palavra da sócia secundária.

- Me desculpe. - foi o que respondeu. - Isso foi uma curiosidade, apenas.

- Não seja petulante nos assuntos que não te convém, querida. - Alexa retrucou azeda e sem sorrisos. - Aqui, as pessoas que buscam além do que é da conta delas, geralmente não ficam por muito tempo conosco. Você me parece uma mulher inteligente, então acho que estamos entendidas, não estamos? - Jane assentiu sem abrir a boca. Decidiu que pelo restante da noite se manteria em silêncio não só para evitar de perguntar além do necessário, como também de não falar o que estava preso em sua garganta. - Ótimo. Achem a Keana.

Quatro horas depois...

Camila Cabello P.O.V.

Miami, 01:22 a.m.

Eu não tinha o que me importar. Não tinha motivos, razões. Nada ou ninguém.

Bastava dar meia volta, chamar um uber, ir para o apartamento de Lauren e assinar o papel pré-escrito que oficializava o divórcio. Tão simples...

...E simplicidade era tudo que Shawn Mendes menos merecia após tudo que me submeteu nos nossos anos de casados.

Peguei a chave da residência olhando fixamente, alucinada, para o movimento suspeito das sombras. As luzes ligadas na sala. Risadas. Cochichos. Estavam na sala, aparentemente entre beijos e amassos.

Respirando fundo uma, duas, três vezes.

Não há o que se importar.

Repetia sem parar em pensamentos.

Você não ama mais ele.

Mas por que ainda dói tanto? Qual o motivo dessa respiração descompassada? Da sensação de que minha garganta queima?

Incomodada com essa sensação, enfio a chave na fechadura da porta com muito cuidado para não ocasionar ruídos ou chamar a atenção dos que estavam do outro lado. Em seguida, a giro. Estou com a mão na maçaneta, olhando mais uma vez para trás, me deparando uma última vez com a Mercedes preta. Tentei, mas foi inevitável conter o sorriso derrotado ao fazê-lo.

Era tão irônico pensar que o equívoco ocorreu em segundos.

Flashback On

- SEGUE, DINAH! SEGUE ELES!!!!! - me esperneava aflita, vendo a Mercedes se perder entre aquelas dezenas de fileiras de automóveis.

- PARA DE GRITAR, INFERNO!!!!!!!! - furiosa pelo meu alvoroço de mais ou menos cinco minutos, a grandona socou em punho o volante duas vezes com força.

O movimento não intencional a fez buzinar, e para testar ainda mais seus limites, ocasionar uma sinfonia enlouquecedora de buzinadas dos outros motoristas apressadinhos. Diferente de sua esposa que era um poço de paciência, Dinah imediatamente perdeu a cabeça e berrou:

- PORRAA!!!!!! EU ODEIO ESSA CIDADE! - abaixou o vidro de sua janela, colocando rosto e mão esquerda para fora. - ENFIA ESSA BUZINA NO CU, SEUS ARROMBADOS!

"VOLTA PRA COZINHA QUE LÁ É O SEU LUGAR!" - alguém gritou para ela.

- VOU VOLTAR SÓ PRA ENFIAR A PANELA DE ÓLEO QUENTE NA TUA BUNDA, SEU DESGRAÇADO!!!! - mostrou o dedo do meio.

Em dado momento da minha vida eu até aproveitaria dessa discussão. Juro. Poderia tirar boas risadas e lembranças. Mas naquele momento? Oh, não naquele dia onde eu estava por um fio. Até diria obcecada pela mulher que estava levando meu marido na Mercedes preta.

Minha total atenção estava voltada àquela vagabunda. Acabar com ela: era isso que eu precisava e era isso que eu iria fazer.

- VAMOS PERDER ELES!!!!! - Comecei a puxar pelo outro braço de Dinah para que ela parasse de discutir com os motoristas, uma vez que já estava próxima de tirar o cinto de segurança e partir para cima de qualquer um que ousasse alterar mais uma vez o tom de voz. Uma observação, é que até eu estava inclusa nessa possibilidade. - DINAH!!!!!

- SE VOCÊ CONTINUAR GRITANDO NO MEU OUVIDO EU VOU MESMO! - fechou a janela com a força, logo após, empulsionando o corpo para trás contra o banco ao que novamente apertava as laterais do volante com as duas mãos, também com raiva. - PORRA, CADÊ ELES AGORA, CAMILA?!!!! - deu com a mão na testa.

- ALI! - apontei a direção a Dinah, depois passando a mão por meus cabelos.

Faltava ar, palavras. Eu estava tão magoada e furiosa. Sentir aquele misto de decepções e fúria embrulhava meu estômago. Ficar presa no trânsito justo no momento que precisávamos ser ágeis, então? Intensificou essa sensação angustiante ainda mais.

- MAS ELA ESTAVA NA FAIXA DA ESQUERDA! - Dinah gritou.

- EU TÔ FALANDO QUE É ELA! SEGUE ELES LOGO, CARAMBA!!!!!!

Flashback off

Sabe qual é a diferença dos automóveis para os seres humanos?

É que enquanto os indivíduos possuem DNA, traços, personalidade e tantas outras coisas que podem os tornar diferentes interna e externamente uns dos outros, é que os automóveis podem ser fabricados - em massa - de um mesmo modelo.

Uma Mercedes preta, um bem extremamente desejado, símbolo de ostentação e elegância, então? Não me arrisco a palpitar quantas delas hão de estar espalhadas por aí.

Mas não naquele dia!

Era como se só existisse um automóvel daquele. Eu vi, foquei e apontei ele para Dinah. Respirei aquele carro a medida que cerrava meus olhos. Não existia nada ao redor, somente ele.

Fico pensando que tipo de raciocínio desenvolvi para me precipitar tanto, pois eu não decorei placa, muito menos alguma característica que me ajudasse a diferenciar a Mercedes preta da amante de Shawn de qualquer outro carro que tivesse o mesmo modelo.

Não o bastante, vale lembrar que estávamos em horário de pico...

Presas em um trânsito no centro de Miami, um dos maiores pontos comerciais do país, com dezenas de empreendedores e pessoas de bom aporte de capital tentando voltar as suas casas.

Eles eram indivíduos com boa capacidade financeira de liquidar uma, duas ou até mesmo patrocinar a marca Mercedes-Benz.

Pessoas como Lauren.

Tenho certeza que nem eu, tampouco Dinah, levamos em conta esta hipótese durante a nossa troca simpática de xingamentos e palavrões no carro.

Queríamos acabar com aquilo o mais rápido possível e somente isso importava.

Flashback on

[...]

Após ficarmos presas no trânsito das oito e meia de Miami, horário de pico, finalmente chegamos ao lugar desejado. Literalmente desejado.

Flashback off

Dinah esteve certa naquela tarde ensolarada. Em primeiro lugar, por tentar barrar a situação vergonhosa que me prestei a passar. E em segundo lugar, ao afirmar repetidas vezes que o carro da amante de Shawn estava na faixa à esquerda, e não na da direita, aquela que me esgoelei e faltei tomar o volante das mãos de minha melhor amiga para fazê-la seguir as minhas direções.

Tudo começou por um erro e desconfiança de minha parte. Aliás, nunca pensei que o engano fosse a melhor alternativa, mas estranhamente, para mim, naquele dia ele foi.

Independentemente se a maldita Mercedes preta da amante de Shawn estivesse à esquerda, ao meio ou à direita daquela fila de carros, ao seguir o automóvel errado, eu acabei encontrando a pessoa certa. Fico feliz pela minha escolha esquivocada, porque no final das contas, ela pareceu ser a coisa mais certa e coerente que fiz na vida.

- Vamos lá... - coço minhas mãos uma na outra.

Por algum motivo estava magoada semelhante ao dia da perseguição. Mais pelo tempo que perdi neste relacionamento do que por outra coisa. E embora eu não sentisse mais nada por Shawn, algo em meu peito me dizia para ao menos conhecer o rosto da mulher que estava se deitando com ele.

Quando viro a maçaneta, sinto um impulso contrário vir de encontro do outro lado. Shawn estava tentando abrir a porta também, por sua vez, ao sentir o meu movimento do lado de fora, segurou aquele pequeno objeto de metal como se sua vida dependesse daquilo.

- Abre a porta, Shawn! - coloquei mais força, usando até as duas mãos, mas pelo o que parece, Shawn também utilizava de suas costas e peso para me impedir de adentrar a casa. - SHAWN!!!!!

- Só um instante, amor!!!! - continuou prendendo a porta no mesmo instante que eu ouvia ruídos e os sons das pisadas fortes, provavelmente de alguém que estava desesperada por encontrar suas roupas.

Foi então que eu me lembrei do ponto utilizado por Lauren no dia que ela dormiu aqui. Corro para a janela do quarto principal, na expectativa de pegar a amante de meu marido saindo por ali, já que na minha cabeça o mais sensato da situação seria ela tentar escapar por aquela parte.

Sem barulhos ou movimentações dentro do quarto, eu mesma resolvo por entrar pela janela. Deixo meus saltos e minha bolsa no gramado para, em seguida, me apoiar no arbusto e na parte plana da janela. Ao fazê-lo, vou percebendo que a magnata tinha razão naquele dia: essa janela é alta. Muito alta por sinal.

Ao fim, entro no cômodo com algumas folhas grudadas no meu conjunto branco e um cabelo completamente bagunçado. Sem me importar para aparência, corro em direção à porta que dava acesso à sala e abro-a prontamente, ansiosa.

- Seu desgraçado! - marcho apontando meu dedo indicador para o nariz de Shawn ao que as folhas caindo sobre o chão. O homem colocava a camisa ao que também tentava fechar o zíper de sua bermuda. - Cadê ela?! Cadê a mulher que você estava transando?!

- Você 'tá louca?! - estreitou as sobrancelhas como quem não estivesse ciente do assunto tratado.

Torno a olhar para os lados, especialmente para a cozinha, pois, a amante dele poderia muito bem estar escondida atrás do balcão. Ao verificar tudo em questão de segundos, inclusive debaixo da cama e no banheiro da casa, apenas ouço um barulho estridente de pneu sendo queimado do lado de fora. Apresso meus passos para tentar acompanhar o trajeto. Se eu tivesse somente um pouquinho de sorte, ela poderia ter deixado a janela aberta do carro e, assim, eu poderia conhecer sua face.

Abri a porta e corri descalça até o gramado. Todas as janelas, além de estarem fechadas, eram cobertas por insufilm. Já um pouco a frente, a amante de Shawn pisou mais fundo no acelerador da Mercedes, zigue-zagueando a rua estreita do nosso bairro, até virar o primeiro quarteirão e sumir de nossas vistas.

Ao menos desta vez consegui decorar os últimos dois números da placa de seu carro: 07. Ela tinha uma Mercedes preta com o número 07 ao final da placa. Não sei exatamente se isso ajudava em alguma coisa, mas sinto que já era um bom começo depois dessa série de falhas ao deixá-la escapar pela segunda vez.

- Amor?!

- Sai de perto de mim! - me esquivo com nojo e raiva do homem que tentava segurar o meu antebraço. Agora vestido e com a respiração mais controlada, estava pronto para muito provavelmente soltar o discurso que havia preparado para esse momento. - Eu não quero te ouvir! - pisoteei aquela grama com raiva. Uma raiva jamais sentida, desta vez pela atitude covarde do homem de me chamar de "louca" em um ato claramente perceptível de traição.

- Você-

- Sai! Não quero que me toque! - bati minhas mãos rentes ao meu corpo, mostrando para Shawn que sim, eu não estava para brincadeira e estava disposta a acabar com o nosso casamento. Rodeio a parte externa da casa para catar minha bolsa e saltos que ficaram jogados no quintal.
- Apenas saia da minha frente!

"Respeitoso", ele me cede passagem e espaço para que eu pudesse adentrar a residência dele.

O cheiro de perfume feminino no ar. As almofadas no chão. O sofá completamente desarrumado. O homem sequer se dera ao trabalho de ajeitar as provas que escancaravam seu crime. Pelo contrário, Shawn neste exato momento fechava a porta coçando a cabeça. Sabia que estava encrencado, mas pelo seu semblante tranquilo, parecia pensar que sua absolvição era clara e legítima.

- Amor...

- Como você teve a coragem?! - cruzei meus braços, abaixando minha cabeça. - Nojento... você é extremamente nojento. - praticamente cuspi aquelas palavras em sua face. - Há quanto tempo traz ela aqui?!

- É a primeira vez... - mostrou as mãos em sinal de calma. E tudo que eu menos tinha era justamente o que ele mais desejava. - Essa é a primeira vez que acontece...

- Aqui ou com ela?! - sarcástica, levantei uma sobrancelha, o interrompendo.

- Com ela.

- Mentira! - ri nasal. - Você está mentindo e sabe muito bem disso! - começo a rodear o cômodo, tentando achar alguma outra prova além desse ambiente que exalava o cheiro arqueroso de sexo sujo que aqueles dois fizeram. - Há quanto tempo estão fazendo isso, Shawn?!

- Eu juro que é a primeira vez que eu a trago aqu-

- Não foi essa a minha última pergunta ou você está surdo?! - sequer tinha disposição para olhar em seus olhos castanhos e mentirosos.

Bem capaz de eu fazê-lo e vomitar um segundo depois. Logo, continuo analisando mobília por mobília para encontrar algum pertence da amante dele - essa era minha última esperança.

- Há alguns meses.

- Quantos?! - não deu outra, o fito de imediato e meu estômago borbulha em nojo.

- Sete.

- Sete?! - me surpreendi.

- Sim, sete. - suspirou derrotado.

Sete meses... um a mais do que eu havia planejado. Conseguiu ocultar muito bem a traição nas primeiras semanas. Isso é, se não estiver mentindo e não for bem mais que sete meses.

- Quem é ela? - torno a encará-lo e a sensação asquerosa de nojo volta a tomar minha garganta.

- Como assim? - solta um riso nasal, onde mexeu ombros e pé direito, claramente aparentando um pouco de seu nervosismo ao perceber meu interesse no assunto.

- Quem é ela, Shawn? O nome dela?

- Camila, por favor...

- Quem é?!

- É sério isso?

Demorou alguns segundos, onde ficou apenas me encarando. Cada milésimo que não abria a boca, mais meu sangue fervilhava por minhas veias.

- Eu não vou falar.

- Céus, e você ainda tem a CORAGEM de defender ela, olhando na minha cara, depois de eu ter descoberto tudo! - enfatizei a palavra coragem com uma boa pitada de ironia conforme expressava minha insatisfação com gestos e expressões faciais. Eu literalmente estava a um fio de virar a minha mão na cara dele. - Você é realmente um imprestável, Shawn! - neguei minha cabeça. - Não tem outra palavra! Você é um imprestável e um canalha! Não sei porque ainda espero alguma coisa boa vinda de você!

- A gente pode conversar? - mantinha a distância ao qual eu havia ordenado. De qualquer forma, não amenizava nem um pouco o nojo e repúdio que alimentei dele durante não só essa noite, mas em todos os outros seis meses ao qual fui deixada de lado.

- Ah, agora você quer conversar?! - ri divertida. - Tivemos oito anos, e só agora você quer sentar e conversar, querido?!

- Eu posso explicar...

- O quê?! - coloquei as duas mãos na minha cintura, sustentando minha pose autoritária repleta de sarcasmo enquanto o rebatia. - Que eu não te desejava na cama?! Que eu não fui uma boa esposa? Ou que eu não era bonita o suficiente para você?! - rolei os olhos - Vai se foder você e essa mulher, Shawn Peter Raul Mendes!

- Camila...

- Você é tão egoísta... - respirei fundo. Como sempre, afirmar que eu tinha perdido oito anos de minha vida em um relacionamento raso e fútil ainda me magoava profundamente. - Eu me doei de corpo e alma em cada dia do nosso casamento, e você se lembrou disso em algum momento enquanto beijava ela? Qual consideração você teve por mim, Shawn, me fala?!

- Mas eu tiv-

- Cala a boca! - apontei o dedo indicador para a cara dele. Estávamos mais próximos. - Você não tem o direito de falar que teve consideração por mim, ouviu bem?! - ele engole em seco. - Eu tenho nojo de você! Tenho nojo da vida medíocre que você me fez levar por oito anos! - me viro rapidamente e caminho apressada em direção ao quarto.

Já estava na hora de fazer isso. Estando meu apartamento quitado ou não, eu precisava sair dessa casa. Precisava agora e arrumaria um jeito de me manter até pagar a última parcela e me mudar definitivamente para algo que poderia chamar de meu, com meu nome.

- Onde você vai?! - me seguiu ainda mais apressado. - Camila?! - quando tentou segurar meu pulso, imediatamente me virei para ele. Se fosse um cara esperto, coisa que não era, teria entendido na primeira vez que eu não queria que ele encostasse em mim a partir daquela ponto.

Dito e feito.

Bastou ele segurar e apertar meu pulso, para eu virar um tapa na mesma extensão que ele estava segurando, na pele dele. A mão direita sempre foi a minha mão mais pesada, segundo Lauren, portanto, não evitei de usá-la neste momento tão esperado.

- Camila!!!! - me olhou furioso, rapidamente retirando sua mão e se afastando com dois passos. - Você está agindo feito uma maluca! Me escuta!

Não tinha explicação assim como também não haviam motivos que me fizessem voltar, esquecer e aceitar essa vida de merda que ele me proporcionou. Para não gastar mais saliva e stress com pessoas que não mereciam a minha atenção, somente pego minha mala que trouxe de Cuba e começo a jogar todas as coisas que julguei necessário para passar as primeiras semanas na casa de Dinah.

- Você vai embora?!

Minha cabeça já não estava raciocinando muito bem por conta dos diversos sentimentos que eu estava sentindo. Tinha tanto rancor, ódio e mágoa guardado que essas sensações ruins até chegavam parecer não pertencerem a mim.

- Heim?! Onde você vai?! Responde!

Continuo colocando roupas e sapatos dentro da bolsa. Agora sem não conseguir encará-lo nos olhos sem que isso me remeta um filme de nossa vida. Odiava ter que lembrar do dia que disse sim para ele, do dia que aceitei largar tudo para vir para cá e ganhar, de recompensa, essa vida de merda.

- Onde você vai?!!

- Não te interessa!! - berrei de volta, tomando uma respiração pesada antes que meus instintos assumissem o controle e me fizessem chorar na frente de quem não merecia ver minhas lágrimas.

- Vai mesmo fazer a mala e sair daqui?!!

Gritava como se eu fosse a errada da história e isso me deixava ainda mais indignada, irritada e magoada.

- Camila!!

- Além de surdo, você é cego também?!!! - gesticulo para que ele veja a mala, caso não estivesse. Logo após berrar, voltei ainda mais apressada, jogando minhas coisas de qualquer jeito dentro da bolsa, apenas no desejo de sair daquela casa e poder voltar a respirar o mais rápido possível.

- Nada disso é seu! - um frio que começou da ponta dos meus pés, agora percorria minha espinha. - Tudo fui eu que comprei! Se você vai sair da minha casa, vá com as mãos abanando, porque nada disso daqui é seu!

Parei imediatamente o que estava fazendo. Com um sorriso surpreso e magoado no rosto, de olhos fechados.

Eu não sabia que podia ultrapassar o limite que defini de raiva no dia que segui a Mercedes de Lauren. Para mim, ele era e sempre seria o meu maior ponto de descontrole emocional da vida.

Mas Shawn me mostrou que eu não só podia, como já tinha ultrapassado-o neste exato momento.

Não posso fugir disso ou me rebaixar assim como fiz por tantos anos. Ally que me perdoe, mas agora que tenho total autoridade e legitimidade, nada pode me impedir de falar tudo que estava entalado na minha garganta.

- Repete... - volto a ficar ereta no piso do quarto, mordendo meu lábio inferior, sorrindo para não fazer outra coisa.

Olho bem para aquele homem imprestável e percebo que mesmo com a situação totalmente desfavorável para ele, Shawn ainda daria um jeito de tentar me diminuir.

Ele ficou calado.

- Repete, Shawn. - digo com total ironia e uma sobrancelha arqueada.

- Podemos convers-

- Repete o que você disse olhando nos meus olhos.

Então ele se vira de costas, passando as mãos pelo cabelo curto, circulando as têmporas, também como quem estivesse a um passo de enlouquecer.

- Não vai falar? - ele continuou de costas. - Tudo bem. Eu não preciso das suas roupas baratas mesmo. - pontuei cada palavra, mirando-o apesar de ele ainda se manter de costas feito um covarde. - Aliás, não me importo caso você queira dar todos esses trapos velhos para a sua amante, já que pelo jeito ela curte uma caridade, né... - gargalhei. - Porque se a gente parar para olhar bem para a sua situação, além de ruim de cama, vocé é um tremendo de um pé rapado!

- E para onde você vai, Camila?! - voltou a me encarar, um tanto sério agora, denotando sua urgência em reverter a posição de intimidado e intimidador. Seu ego fragilizado simbolizava minha vitória. Era a primeira vez que eu o via assim. Que satisfatório. - Para a casa das suas amigas lésbicas... - meu sangue esquentando, se possível, ainda mais. - ...ou para a casa do seu amante, hm?

Oi?

Para não dar uma resposta a base da emoção, expondo o meu nervosismo ao parar de gargalhar e arregalar meus olhos para sua questão, eu apenas caminhei rapidamente até a cômoda a fim de pegar meu carregador e meus documentos pessoais.

- Oh, você achou mesmo que eu não sabia que você me traia com um cara? - riu debochado. - Cada quintal desse bairro tem olhos, querida, é preciso muito cuidado ao trazer pessoas estranhas para cá, principalmente com frequência, que é o seu caso segundo os burburinhos.

Imediatamente não só tirei, como arremesei no chão todas as roupas que ele tinha me comprado. Em seguida, continuei pegando as peças íntimas que me lembro de ter comprado semana passada para usar com Lauren. Tudo que veio do meu dinheiro, vou colocando na minha bolsa.

- Todo mundo comentou a respeito de uma Mercedes preta que te deixa todas as noites em casa... - sorriu largo, irônico. - E faz sentido, já que há algum tempo você não vem me procurando mais, ou não insiste em ter contato físico comigo, não é mesmo? Até me fazer dormir no sofá, você me fez... na minha casa... dentro da minha casa e eu ainda acatei suas ordens.

Era um absurdo como em questão de segundos ele tornou um problema que era exclusivamente dele para uma suposição relativa que me colocava como culpada de tudo. Esse era o joguinho dele. Sempre foi assim e pelo o que me parece, nunca mudaria. Eu preciso sair dessa casa. Dessa vida.

- Talvez não sejamos tão diferentes um do outro assim, você não acha? - como ele tinha a coragem? - Eu trai você, você me traiu, então estamos quites se parar para pensar. - Rapidamente o mirei, indignada. - E embora eu ache isso uma vergonha, já que eu nunca te deixei faltar nada dentro dess-

- Por que você apenas não cala essa maldita boca e aceita o homem e marido inútil que você foi para mim em todos esses anos?! - após finalmente encontrá-lo, peguei meus documentos enquanto falava sem olhar nos olhos de Shawn - Porra! Você não se escuta?! Não consegue ouvir as merdas que fala ou compara?!

- Você já tem 28 anos, Camila! Precisa acordar logo para a vida e entender que já está velha e em um emprego que além de explorar cada segundo da sua vida, te remunera mal! - ri nasal da afirmação equivocada dele. - Você não tem expectativa de vida nenhuma lá fora sem mim! - umedeci meu lábio inferior. - Você acha mesmo que vai conseguir sair dessa casa e se reestruturar? Tenho certeza que esse homem que está saindo com você não faria nem metade do que eu faço por você que é te sustentar!

- Pelo amor de Deus, o que você está falando?! - joguei minhas mãos para o ar. - Nada dessa maldita casa é sua, se toca! - exclamei com bom humor - Nada! - abri um sorriso. - Esse chão, esses móveis! - toquei, apontei. Queria que ele se desse conta de que mais miserável que eu naquela casa, apenas ele, que além de "nada", ainda por cima tinha uma montanha de dívidas a quitar de seu falecido pai. - Está vendo bem?! Nada! Absolutamente nada disso daqui tem o seu nome, somente o EIN do banco que financia o seu cartão de crédito e as parcelas dessa casa! E quer saber de mais?! Isso tudo nunca será seu, porque o seu pai te deixou uma dívida impagável e mesmo que você trabalhe das 7 às 7, de domingo a domingo, você nunca conseguirá pagá-la!

- E você muito menos, não é... - arriscou. - Com esse salário de faxineira de setor privado, nunca que vai conseguir comprar um celular à vista sequer..

Minha mentira tinha sido colocada em discussão. Eram meus últimos momentos nessa vida de merda. Ally implorou para que eu ficasse de bico calado. Repito, implorou. Mas eu precisava me sobressair pelo menos uma vez. Sentia sede disso depois que reconheci meu valor ao lado de Lauren e Shawn Mendes merecia saber que não estava mais sob controle da minha vida.

- Talvez se engravidar esse homem que anda saind-

- 20 mil dólares.

LP - Muddy Waters (OUÇAM E APROVEITEM!)

Shawn ficou em silêncio.

- 20 mil dólares é o meu salário, com os impostos e contribuições já retidos. - parei de frente para ele, confiante. Olhei dentro de seus olhos, decorando o momento. Posturas e respirações diferentes. Ele na defensiva ao que eu me aproximava com passos lentos, mordiscando meu lábio inferior em prazer, sem abaixar minha cabeça. Ali, após oito anos, os papéis tinham se invertido. - As vezes a sua idiotice me faz contestar se você é mesmo um contador ou se essa é só mais uma de suas mentiras, Shawn. - rolei os olhos. - Por que diabos você acreditaria que a modelo principal de uma agência tão renomeada ganharia menos que um salário mínimo? Por falta de experiência? Sério que você acreditou nessa baboseira que eu te contei? - neguei minha cabeça, rindo de sua expressão... incrédula?

Meu Deus, isso era tão bom..

- Não, você... - seu cenho franzindo várias e várias vezes, como quem tentasse raciocinar. -... você não... você ganha... 20 mil dólares?

- Depende... - meu sorriso de canto novamente se fazendo presente bem devagar. - Tem semanas que varia. Lembra das minhas viagens, meu bem? - agora umedeci meu lábio inferior. Meu corpo todo ardendo em chamas por falar aquilo tudo em voz alta na frente dele. - Por noite, eram mais 5 mil dólares. Também no líquido. E se você for bom em contas, quero que calcule as três semanas que fiquei fora vezes o valor de 5 mil dólares por noite.

Shawn boquiaberto e insatisfeito, a combinação mais que perfeita. Que satisfação era ver suas caras e bocas.

- Camil-

- Sem contar os adicionais noturnos e as horas extras, claro, já que eu trabalhei aos finais de semana também. - sorri arrogante.

- E-então, nós vamos conseguir quitar-

- Nós? - gargalhei, se possível, ainda mais alto e divertida. - Oh, querido, como você mesmo disse, tudo que está aqui é estritamente seu, inclusive essa dívida enorme que está no seu nome. - Shawn era acertado por uma nova realidade e deixava evidente sua surpresa com o que estava acontecendo. - Não vou precisar ficar na casa de ninguém. Eu já tenho um apartamento muito confortável no centro dessa cidade me esperando. - analisei bem o brilho de seus olhos, que aos poucos iam se perdendo na minha posição autoritária. - Então, sim, Shawn. Eu vou conseguir ser independente lá fora e nunca mais vou precisar olhar para a sua cara e aturar o seu menosprezo. - minha bolsa pronta. Apenas coloquei-a no ombro, gesto tal que sinalizava minha partida.

- Você não pode me deixar assim! - esperto, contestou, mas desta vez sem relar um dedo em minha pele.

- Não posso? - abri outro daqueles sorrisos sarcásticos, checando se meus documentos e alguns pertences do celular estavam dentro da bolsa.

- Não, você não pode! - alterou consideralmente o tom que falava. Sua voz até mesmo engrossou e não haviam mais resíduos de ironia ou sátira nela. Estava com raiva, provavelmente inseguro. Essas demonstrações me deixavam ainda mais forte na discussão. Pela primeira vez por cima. A satisfação que essa sensação me trazia era indescritível. - Eu sustentei você por todos esses anos, você não pode sair e me deixar sozinho agora!

- Ah, então é assim que você me enxergou durante esses oito anos? Como um "fardo" a ser carregado, e não como sua mulher? - imeditamente estreitei as sobrancelhas, pondo a mão no peito. Naquele momento, me sentia segura de meu posicionamento. Shawn era um homem covarde e enquanto não se desse conta disso, eu não me calaria ou sairia dessa casa. - Eu tenho pena de você, Shawn. Do fundo do meu coração, eu tenho muita pena de você pelo o que você se tornou.

- Você me tornou assim!

- Eu? - neguei à cabeça. - Você tem certeza? - ri. - Shawn Mendes, olhe bem para si mesmo e ao menos tenha a decência de aceitar que você se tornou esse miserável ao me desrespeitar como esposa e como mulher.

- Você-

- E eu só quero deixar bem claro, Shawn, que o dinheiro que você gastava para comprar alguma roupa ou acessório para mim, não pagaria sequer a semanal de uma diarista simples nessa casa! Agora que você irá morar sozinho, vai perceber o peso que é fazer tudo sem ajuda: cozinhar, lavar, passar, guardar, organizar, limpar... - os olhos do homem iam perdendo ainda mais a confiança. - Tenho certeza que esse tempo que você usava para sair com outras mulheres, você vai utilizar ele para cuidar dessa casa ou para pagar alguém para cuidar dela. - cerrava meu maxilar, em nenhum momento sem abaixar minha cabeça ou tom de voz. - Eu não preciso de você e muito menos do seu dinheiro sujo.

- Você está diferente. - ele disse ao fim.

- Defina diferente?

Até hesitou em me responder de início, porém, decidiu ficar calado.

- Seu conceito de diferente é eu te confrontar em algo que você está errado? Me sobressair a você? - ri nasal. - Olhe pra mim enquanto eu estiver falando, Shawn. - tinha vergonha em seus olhos castanhos traidores. Pouca, bem pouca, mas tinha. - Isso que você está vendo é só o começo. Não vou deixar você ou qualquer outra pessoa me diminuir nunca. mais. - praticamente silabei as duas últimas palavras.

Que elas marcassem a sua mente para sempre - este era o meu maior desejo.

Com um alívio no peito, me virei de costas pronta para caminhar em direção à porta. Naquele instante, sair pela porta da frente, somente com meus documentos e itens necessários, representava a minha libertação física e psicológica. Finalmente poderia dizer que estava livre, sentindo a leveza dessa sensação a cada passo que dava.

- Camila, por favor! - entretanto, o homem me segurou pelo pulso. Bastou alguns segundos, o suficiente para eu virar de calcanhar para ele.

Shawn de prontidão me largou e, estranhamente, se pôs de joelhos no chão da sala ao que eu segurava a maçaneta da porta. Olho para ele e depois para a maçaneta. O homem estava aos meus pés, fazendo sinal de piedade com as mãos juntas.

- Por favor... eu não fui justo... - passou a mão pelo rosto agora. - V-você tem razão, eu fui um p-péssimo marido, e-eu descumpri as promessas que fiz no altar para você! - as batidas do meu coração acelerando. - Eu me arrependo, por favor, não me deixa aqui sozinho, amor... - suas lágrimas derramando pelas bochechas, assemelhando-se as noites que passei em claro, chorando e me lamentando após descobrir que estava sendo traída ou tratada feito tudo, menos como esposa dele. Aquele choro não me comovia mais. - Eu não sou assim, você sabe! Tinha amor e respeito no começo! - iniciou uma chantagem emocional, que por sinal, também não me atingia mais. - L-lembra de quando nos conhecemos e fizemos o plano da nossa vida?! - tentei, huro que tentei, mas eu ri nasal.

Era patético ele tentar isso agora logo após tudo que falou e fez. Sequer escondia o motivo de estar o fazendo: o dinheiro. Cogito que esse momento possa descrever como nenhum outro o que foi meu casamento nos últimos meses.

- D-das nossas viagens! D-da n-nossa vida, amor! Podemos recomeçar e eu prometo que p-posso ser um novo homem, um m-marido que você merece-

- Você quer me dar um relacionamento que eu mereço, e não um que sou digna. E eu não sou digna do mínimo.

- Camila, me escuta, por favor... - sua voz trêmula, chorosa.

- Você teve oito anos para cumprir com a promessa do nosso casamento. E o que você fez?

- Camila, não...

- Eu espero que você desfrute bem das suas escolhas, Shawn. - pontuei. - Porque eu vou aproveitar das minhas, disso você pode ter certeza.

- Camila! CAMILA!

Me virei de costas, e foi como se um peso de dez kilos tivesse acabado de saltar das minhas costas. Literalmente isso. Eu o senti, por mais que fosse abstrato e subjetivo da minha consciência, eu o senti.

Cinco passos até a porta e mais alguns pesos e amarras ficando para trás junto dos pedidos interruptos do homem, que ainda se mantinha de joelhos no chão da sala.

Como era delicioso e libertador cada pedacinho dessa sensação. Era tão leve e completa - tudo o que vim procurando ao longo dessas semanas. Eu queria gritar de felicidade quando girei a maçaneta daquela porta e, depois, a abri.

A brisa gelada e gostosa da madrugada parecia cair perfeitamente bem com a postura que tomei nesta noite: fria e presente. Tratei de inspirar aquele ar de olhos fechados, orgulhosa e satisfeita.

Era somente uma mulher de vinte e oito anos tendo pela primeira vez a sensação de independência e liberdade. Para alguns pode parecer pouco ou bobo, e eu não os julgo. Só não reconhece o preço de "ser livre" quem o alcançou desde muito jovem e sem esforços.

Eu vivi uma realidade planejada por Shawn e meus pais. Larguei tudo para comprar a ideia de esposa perfeita americana. Conhecer minhas amigas nos Estados Unidos e mudar meu posicionamento quanto mulher não foi o suficiente, visto que acima da minha vontade de me tornar independente, tinha apenas a injustiça de um mercado de trabalho machista e explorador.

Não bati a porta da casa de Shawn, muito menos me prestei a olhar para trás enquanto o homem clamava pelo meu nome ainda de dentro da residência. Queria que ele me visse partir da mesma maneira que eu o vi entrar na mercedes preta um dia.

Ironicamente, do outro lado, os mesmos olhos que me delataram erroneamente a Shawn, estavam observando de suas janelas o alvoroço.

Bom, ao menos não iriam precisar mais se preocupar com a minha vida agora. Ou se caso quisessem me acompanhar, poderiam optar por sites renomeados ou revistas famosas - tenho certeza que será por eles que serei vista e comentada de hoje em dia.

Acionei o contato do uber que Lauren havia deixado em meu celular: o velho senhor Miguel era realmente um homem bom e de confiança. Sempre vinha fazendo minhas corridas em horários que eu e Lauren consideravamos perigosos.

Do lado de fora, eu e boa parte da vizinhança ainda conseguíamos ouvir os pedidos chorosos de Shawn. A fim de apenas me concentrar no meu momento e nas coisas boas que essa nova etapa da minha vida me causaria, mudei de calçada. Coincidência ou não, a mesma em que a Mercedes preta estava minutos atrás.

À espera do uber, fiquei pensando que apesar de não ser o desfecho perfeito, pois eu estava saindo com minhas mãos ao vento, isso ainda soava como algo mais completo do que quando eu estava com todas aquelas coisas que eu tinha graças a Shawn.

Faltava terminar de pagar duas parcelas de 30 mil dólares para eu poder me mudar por definitivo pro meu apartamento. Usei Shawn e sua residência para não gastar meu salário e apenas investir nos meus objetivos. Meus planos era de me manter aqui até quitar essas duas parcelas.

Não optei por morar com Lauren, apesar de sua insistência em algumas noites, porque nunca tive absoluta certeza sobre a nossa relação. Ademais, não quero ter o desprazer de depender de outra pessoa mais uma vez. Isso inclui Shawn, meus pais, meus amigos e até mesmo Michelle.

Olho novamente meu celular, checando o horário ou alguma notificação de Lauren em nossa conversa. Ela tinha mandado boa noite e um coração. Provavelmente estava muito ocupada na reunião com Dinah para me escrever um daqueles textos que sempre enchiam meu coração de amor.

Vejo um carro se aproximando e rapidamente identifico o automóvel do Sr. Miguel.

Desligo o celular e ao inclinar minha cabeça para colocá-lo em minha cintura, observei um luminosidade suspeita no meio do gramado após o reflexo do farol se fazer na calçada.

Seja por instinto ou não, me agachei para capturar aquele pequeno objeto.

Olho bem para ele.

Para os detalhes.

- Não, isso é impossível... - engoli em seco.

Tinha uma elegância tão característica...

- Não...

Rapidamente percebi que aquele brinco, na verdade, valia 60 mil dólares. Três vezes meu salário.

- Não, não, não, não!! - bati com o pé no chão.

Um brinco francês.

Um brinco ao qual eu já tinha perdido duas vezes também.

O brinco de Alexa.

. . .

Irrrruuuuuuuuuuuuuu QUEIMAAAAAAA QUENGARAAAAALLLLLLLLL

Vejamos: reunião no apê da Dinah acontecendo a todo vapor, descobertas da Camila???? COMO ESTAMOS??????? ESPERO QUE BEM!

Só queria deixar bem claro que a Camila se precipitou DUAS VEZES nessa fanfic. Não quero deixar ninguém maluco, mas já deixando, TALVEZ ELA NÃO SEJA CONFIÁVEL EM APOSTAS💋

Amo vcs e até a próxima!!! não se esqueçam de votar, pf!!!!!

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