Amor Virtual

miarrossi tarafından

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Após a morte do pai, Lara se fechou completamente do mundo. Indo contrariada à escola e vivendo uma vida sem... Daha Fazla

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t w e n t y o n e
t w e n t y t w o
t w e n t y t h r e e
t w e n t y f o u r
t w e n t y f i v e
t w e n t y s i x
t w e n t y s e v e n
t w e n t y e i g h t
t w e n t y n i n e
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s e v e n t y t w o
s e v e n t y t h r e e
s e v e n t y f o u r
epílogo
Agradecimentos
NOVA HISTÓRIA PUBLICADA!

s i x t y n i n e

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miarrossi tarafından

LOGAN

Sinto vontade de vomitar quando chego em casa.

Tenho que controlar minha garganta conforme abro a porta do carro, pensando se seria uma boa ideia me arrastar pelo banco até o quarto. As palavras daquele cara misterioso ainda rondam pela minha mente, como se simplesmente não fossem mais sair daqui.

E, embora meu corpo esteja estupidamente enjoado pelo tempo que fiquei sem ingerir tanto álcool assim, minha cabeça está totalmente o contrário. Os pensamentos parecem mais nítidos, as coisas mais claras agora. Como se eu conseguisse pensar com facilidade.

Não fique se escondendo por aí com medo, Logan. Termine o que começou.

Não é possível que eu não tenha alucinado a coisa toda. Como ele sabia meu nome? E por que suas palavras estranhamente se encaixam com a minha situação? Seria loucura seguir o conselho de um estranho de bar que eu nunca vi na vida?

Bom, mas ele não estava bebendo. Não tem como eu usar a desculpa de que o cara tava bêbado.

Eu deveria seguir o conselho dele? Até porque, que merda eu tenho a perder? A única coisa que poderia acontecer seria eu levar outro fora.

Não, cara, esquece. Eu posso ser tudo, mas com certeza tenho orgulho o suficiente pra não me humilhar assim. Não vai rolar.

— Você pretende sair do carro ou vai permanecer por aí mesmo?

A voz irônica e afiada de minha mãe faz com que eu quase caia do banco de susto. Ergo assustado a cabeça para ela, ao mesmo tempo em que puxo a chave da ignição e apoio uma perna para fora do carro.

Minha mãe está apoiada contra a porta, de braços cruzados, com aquela expressão no rosto de quem sabe exatamente o que eu aprontei. Merda.

— Ahn... oi? — eu digo receosamente, abrindo um sorrisinho.

Ela fecha os olhos por um momento, enquanto dispara essas palavras na maior velocidade possível:

— Não vem com essa de oi que não vai rolar. Onde você estava, Logan Philip? Posso saber?

Bufo enquanto encosto a cabeça no banco, desejando poder me teletransportar pra outro lugar.

— Eu só tava esfriando a cabeça. Precisava me distrair de uns problemas.

— E esses problemas por acaso tem a ver com a Lara? — dispara ela afiada.

Meu coração bate com força ao ouvir isso, e olho para minha mãe de novo, surpreso. Sua expressão parece ter se suavizado um pouco, e noto uma pequena chama de preocupação brilhando em seus olhos. Como ela soube? Será que alguém falou pra ela?

Como eu não digo nada, minha mãe continua, no mesmo tom sério de anteriormente:

— Eu encontrei o buquê que você jogou fora, Logan. Eram rosas muito bonitas pra serem descartadas assim.

Olho para o outro lado, focando minha atenção em um esquilo andando pelo muro através da janela aberta do carro. Tento não demonstrar minhas fraquezas perto de minha mãe, mas sei que ela ainda vai ser capaz de notar o quanto ouvir isso me afeta. Apenas algumas palavras e eu posso facilmente me tornar um garotinho indefeso, triste e assustado. Como se tivesse malditos oito anos outra vez.

Continuo quieto, por tanto tempo que ouço minha mãe se aproximando. Quando tenho coragem de olhá-la de novo, ela ja está agachada em frente ao meu carro, apoiando os antebraços nos joelhos ao olhar comovida para mim.

E sua voz está baixa quando ela fala, suave e maternal, como costumava fazer quando eu era criança.

— O que aconteceu, Logan?

— Nada. — Acabo falando rápido demais para que ela acredite. Nervoso, começo a mexer minhas mãos e olhar para os lados. — Não rolou nada.

Ouço-a suspirar, e então paro de mexer minhas mãos quando minha mãe coloca a dela sobre a minha, numa tentativa de me acalmar que estranhamente funciona.

— Eu não sei o que aconteceu, nem o que causou tudo isso. Mas se quer um conselho, filho, saiba que nada é o fim de mundo como às vezes a gente pensa que é. Essas coisas passam, e, acredite, você vai enfrentar dores muito piores um dia. Tudo que tem que fazer é seguir em frente e superar, pois ficar dentro de uma bolha de sofrimento só vai te levar para baixo. Confie em mim.

Olho para ela, desorientado. Suas palavras são estranhamente semelhantes com as daquele homem. Minha mãe tem um olhar determinado na face ao me encarar, apertando minha mão com força.

E é então que eu vejo que tá na hora de dizer algo.

— Não, mãe — eu murmuro, negando com a cabeça ao voltar a encostar-me contra o banco. — Você não entende. Eu não quero sentir dor maior que essa. Não quando se trata disso. Eu não quero porque não quero conhecer e passar por isso com a merda de mais ninguém. — Estou com raiva agora quando olho para ela. — Eu não quero que aja outra pessoa. E mesmo se houver, acho que nunca vai ser como era com ela. Não do mesmo jeito. Porque mesmo eu sendo tão jovem, sei que a Lara é única. E que o que eu sentia por ela sempre vai ser único também.

Minha mãe sorri, ainda que eu veja que se trata de um sorriso triste. Um sorriso de pena.

— Eu sei, meu amor. Mas existem muitas outras pessoas únicas por aí, que podem te fazer tão feliz quanto você nem achava ser possível — diz ela, baixo e carinhosamente. — Não se prenda ao que aconteceu. Você é jovem. Muitas coisas virão. Não está nem no começo da vida ainda... acredite.

Eu sei, mãe... eu sei. O que me mata é a leve intuição dentro de mim me dizendo que, mesmo se eu conhecer outras pessoas, não esquecerei dela. Não esquecerei do que eu sentia por ela.

E, pior. Não me esquecerei de quem eu era com ela.

Porque eu sentia que era a droga da minha melhor versão. E agora acabou.

— Valeu, mãe — eu digo baixinho, embora minha voz soe impaciente e nada agradecida.  — Vou tomar um banho agora.

— Faça isso. — Minha mãe já parece animada de novo quando se levanta, dando tapinhas em minhas costas. — Tire logo esse cheiro podre de álcool de você, vamos.

Dou risada, ainda que seja uma risada desanimada, conforme fecho a porta do carro e caminho para dentro junto dela.

Eu entendo que minha mãe queira me ajudar. Mas ela não entende que, pra mim, Lara vai sempre ser insubstituível.

Por mais que ela nunca me escolha.

LARA

Isso tem que valer a pena — eu digo a Dra. Ross, dando de ombros. — Porque, se não valer, tudo o que eu tiver feito terá sido em vão. Todas as coisas de que abri mão.

Gosto de como consigo me abrir mais com ela a cada consulta. De como fica mais fácil falar, expôr o que eu estou sentindo.

A Dra. Ross levanta uma sobrancelha para mim.

— Abrir mão? Quando diz isso, você se refere a quê exatamente?

Desvio o olhar.

— Ao Logan.

Um silêncio se instaura, e é desconfortável sentir o olhar dela em mim. Como se fosse um silêncio de desaprovação.

Ouço-a suspirar e remexer-se em sua cadeira. Quando tomo coragem de olhá-la novamente, a Dra. Ross está encarando algum ponto vazio, parecendo pensar no que dizer. Até que, por fim, ela fala:

— Lara, quando afastou Logan de você, tem certeza de que fez a coisa certa?

Solto uma risada cansada.

— Não. Eu não tenho certeza de nada ultimamente.

Desde que tudo aconteceu, tenho tido uma estranha impressão de que a intensidade de meus sentimentos por Logan são muito maiores do que eu pensava. E acho que só estou notando isso agora, depois de estragar tudo.

Apago o estragar de minha mente e finjo que não pensei nisso.

— Eu entendo, querida, perfeitamente, que você quer procurar a si mesma. Quando atingimos o amor próprio, nos tornamos praticamente invencíveis. — Ela abre um sorriso doce. — Mas confesso que entendo o que aconteceu. Você não tinha com quem contar. Nossa família precisa ser o nosso maior apoio, e, quando isso não acontece, ficamos perdidos. Entretanto, confesso que também é arriscado colocar essa segurança em alguém. Porque se essa pessoa for embora, desequilibrará o nosso mundo.

Não digo nada, concentrada em suas palavras. A Dra. Ross cruza as mãos sobre seu caderno de anotações quando olha para mim novamente, e sei que algo grande virá assim que ela continua:

— Mas acredito, Lara, que você não precise necessariamente se afastar de Logan para isso.

Franzo a testa, embora ela esteja sorrindo.

— Mas... seria mais arriscado se eu não tivesse me afastado, não seria?

Ela fica séria de novo conforme se recosta na poltrona.

— Olha, o risco sempre vai existir. De nenhuma forma você terá uma garantia de que dará certo, Lara. Mas acredito que haja uma maneira de... ainda assim, você poder ter os dois.

Nós trocamos um olhar, meu coração dando um grande sinal de vida dentro do peito ao ouvir suas palavras.

Minha voz está baixa quando eu faço a pergunta, aquela que meu ser todo almeja saber:

— Como?

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