Forget the Shelves, See the Irony

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 Meus olhos se arregalaram com as últimas palavras da texana. Eu sabia que a primeira fase do processo estava mais próxima do que nunca, mas eu jamais imaginaria que seria em questão de dias.

“Você está bem?” Ela pergunta.

“Ahn... Eu não sei... Eu não sei o que está prestes a acontecer, então eu não sei.”

“Nós vamos entrar, sentar nos bancos e esperar que a audiência comece. Não é tão difícil assim.”

“E se pedirem pra que eu fale alguma coisa? E se eu não souber responder alguma pergunta?”

“Lauren, ninguém vai fazer perguntas diretamente à você, relaxe. Se caso isso acontecer isso provavelmente vai partir do juiz ou juíza e você definitivamente vai saber o que falar.”

“Ally...”

“Nós temos tipo, cinco minutos antes da audiência começar. Por favor, não surte.”

“Eu não estou surtando!” Falei irritada. “Eu só não sei o que fazer! Quer dizer, me tiraram da cama aos berros hoje de manhã e pouco tempo depois eu descubro que estou indo para uma audiência. Me desculpe se eu não consigo acompanhar, mas isso é muita informação.”

“Eu sei, me desculpa”, ela fala calmamente. “Eu deveria ter te avisado com mais antecedência, mas você tem estado uma pilha de nervos ultimamente e eu achei que se eu contasse mais cedo você provavelmente não viria.”

“O que te faz pensar que eu não viria? Cristo, Allyson...”

“Eu sei, é idiota eu ter pensado isso. Mas hey, nós já chegamos e é isso que importa. Basicamente, o que eu quero dizer é que... Você realmente não tem com o que se preocupar. Está tudo sob controle.”

“Ok.”

“Ok?”

“Ok.”

“Ótimo. Nós temos três minutos, vem.”

 [..]

“Podemos começar isso?” A juíza sentada atrás da bancada de madeira nobre indagou com um sorriso presunçoso nos lábios. Todos na sala assentiram. “Ok, ótimo. Vamos começar com a parte autora. Srta. Brooke, quando estiver pronta, por favor.”

Ally assentiu sorrindo. Ela caminhou com graça até o meio da sala com meia dúzia de papéis na mão. Os passos firmes, otimistas.

“Hoje, 26 de novembro do ano de 2011 faz exatos 17 dias desde que Lauren Jauregui conheceu minha cliente, Camila Cabello”, ela começa a apresentar o material das folhas e eu não contive o meu sorriso ao ver a advogada verbalizar o texto com tanta facilidade e firmeza. “Foi totalmente ao acaso, se me permitem adicionar. Uma corrida rápida para buscar a irmã, Taylor Jauregui, de 26 anos na clínica de tratamento psiquiátrico, Kings Park, após uma intervenção de dois anos. A mesma alegou que precisava se despedir de uma amiga de longa data no local e desapareceu nos corredores deixando Lauren esperando na recepção. Devido à demora, Lauren decidiu ir atrás da irmã e por uma coincidência, ironia ou fato traçado do destino, acabou encontrando a filha deste casal que se encontra à minha frente”, ela pausa apontando para Sinuhe e Alejandro. “A famosa e tão problemática, Camila Cabello.”

O advogado da mesa oposta rolou os olhos diante da excelente interpretação e colocação de palavras de Ally. Tive que cruzar as pernas e abaixar a cabeça para controlar minha vontade absurda de rir.

“A conexão emocional e psicológica das duas foi imediata. Dias depois, quando Lauren e eu fomos até a casa dos pais da mesma – na tentativa de um acordo amigável em relação à soltura de Camila, nós fomos recepcionadas pela filha caçula do casal, Sofia Cabello. Que aliás, não sabia de absolutamente nada do que estava acontecendo nos últimos nove anos. A maioria não faz ideia de como é difícil falar o quão triste foi ouvir que dois adultos relataram uma mentira tão ridícula para uma criança de 8 anos na época. Quer dizer, que tipo de pai inventa que a própria filha fugiu de casa na tentativa de encobrir uma internação – seguida de abandono total – em uma clínica como aquela para uma criança?”

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