Wednesdays

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Já passava das 22:30hs quando eu finalmente cheguei em casa. Retirei minhas botas ainda na entrada e pendurei minhas chaves no ganchinho que ficava à direita da porta.

Estranhei o fato das luzes da sala estarem apagadas, já que maratona de filmes à noite já havia virado rotina para nós. O silêncio e a calmaria de uma noite fria de Janeiro, me fizeram sorrir. Não havia percebido o quanto eu precisava do silêncio até me deparar com ele.

Caminhei por entre as poltronas da sala até chegar no corredor da casa. A porta do quarto de Taylor estava aberta, e para minha surpresa, ela não se encontrava ali. Suas cobertas perfeitamente alinhadas na cama e seu urso de pelúcia – presente de Camila – estavam intactos sob a cama.

A última porta do corredor estava fechada, mas era visível que alguém ali dentro estava acordada, devido à luz fraca que se percebia por baixo do feixe da porta.

Girei a maçaneta e adentrei o cômodo a passos lentos. A figura sentada em posição de índio e com o notebook sob as coxas, completamente desatenta à minha presença, estava encantadora. Ainda não estava acostumada com seu semblante calmo e pacífico como vinha apresentando nos últimos dias. Era como se eu já estivesse programada para vê-la em estado de alerta constante ou algo assim.

Digitava sem parar, como se estivesse escrevendo uma carta ou algo do tipo, até que notei o cantinho de seu olho direito subir, e finalmente, notar minha presença no quarto.

"Oi..." Falou crescendo um sorriso largo. "Não tinha visto você..."

"Eu percebi", soltei um riso fraco ao cruzar meus braços um pouco abaixo do peito.

Seu sorriso era hipnotizante. Me transmitia uma paz absurda, capaz de tranquilizar uma pessoa a ponto de um colapso nervoso.

"Como foi seu trabalho hoje?" A voz calma, baixinha.

"Foi melhor do que eu esperava", confessei sentando na beira da cama. A luz amarelada da luminária do lado oposto da cama trazia um clima agradável para a noite gélida lá fora. "Ganhei um escritório só meu e basicamente passei o dia inteiro organizando minhas coisas."

"Você não faz ideia do quanto eu estou orgulhosa", balbuciou empurrando o notebook para frente. Engatinhou até a beira da cama onde eu estava e ficou de joelhos em minha frente antes de segurar meu rosto com as duas mãos.

Cristo, aquele sorriso...

"Estou feliz que esteja orgulhosa", mordi o lábio inferior sentindo minhas bochechas esquentarem. Estar perto, assim como estávamos, com uma Deusa em minha frente, podia ser um pouco intimidador.

Suas mãos estavam um pouco geladas, mas era um gelado confortável. Os cabelos soltos formavam uma cascata em suas costas e as olheiras, quase imperceptíveis embaixo das órbitas castanhas davam um toque sexy aos traços angelicais.

Camila ficava sexy com olheiras. Dá pra acreditar?

"Você acha?" Indagou sorrindo largo.

"Que eu te acho sexy com olheiras?" Gargalhei colocando uma mão sob a dela em meu rosto. Assentiu alargando ainda mais o sorriso mágico diante de meus olhos. "Oh Deus, eu acho sim."

Se aproximou colando os lábios aos meus. Uma linha tênue de divertimento se instalava entre nós.

Era ridículo o quão apaixonada eu me encontrava.

"Eu senti a sua falta hoje", murmurou beijando minha bochecha e a pontinha de meu nariz em seguida. "Ainda não me acostumei em ficar longe de você o dia inteiro."

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