Eu olho para ela e eu sou jovem novamente. Eu olho para ela e de repente eu sou uma criança; inocente e curiosa sobre tudo que os olhos dela podem me mostrar. Os olhos dela são o sol, e eu sei que você não deve olhar diretamente para o sol, mas eu me sinto cativada. Eu olho para ela com anseio. Existe uma luz inexplicável em meu peito. Do tipo que te faz pensar que viver não deve ser tão difícil assim. Ela me faz querer viver para sempre em um momento só.
Minha vida foi uma série de decepções e promessas quebradas, mas do jeito que ela me olha, me faz querer acreditar. Seja lá qual foi a oferta que os olhos dela me ofereçam; eu aceito. É inimaginável o quão completa ela me faz sentir. Eu sinto que estou à beira de explodir, mas ela me faz querer mais. Ela sorri para mim e todas as outras emoções que eu já senti na vida se tornam tão insignificantes quanto grãos de areia, comparados com a forma que meu coração se derrete. Eu sou uma poça de joelhos fracos e olhos inocentes; completamente à mercê. Talvez eu esteja intoxicada. Dela. Do modo como o meu nome rola em sua língua. Do modo como ela prende o meu olhar, fazendo o tempo parar. E talvez ela seja uma droga com um olhar que possa matar e um coração que possa curar.
Eu tento fazer sentido, mas é tão fácil eu me aventurar sem garantia. Talvez essa seja a moral da vida; uma série de investimentos de puro descuido. Talvez esta seja a oportunidade; de alguma forma encontrar uma luz que nunca se apaga. Talvez esse seja o destino; de nossas energias atraírem uma a outra. Um conto de vidas passadas tecendo dentro e fora, mas sempre encontrando o caminho de volta pra casa.
Talvez isso seja o amor.
~~
“Eu não consigo acreditar que você não me contou sobre isso antes”, minha mãe resmungou pela enésima vez enquanto recolhia os pratos da mesa no outro lado da sala. “Camila, por favor, puxe a orelha dessa garota quando puder.”
O tópico “Lauren-tem-uma-namorada” pareceu ser o assunto mais falado durante o jantar. Por um lado isso até fez com que eu me sentisse mal por tirar o foco de Chris e Ashley, mas aparentemente, os dois estavam se divertindo ao me ver corar constantemente e Camila contar minuciosamente como nos conhecemos.
Ouvi Camila rir contra meu ombro no sofá.
“O que é tão engraçado?” Indaguei baixinho.
“É que... Eu vim de um lar tão intolerante, que eu não imaginava escutar isso da sua mãe.”
“Ela é bem.... Amável”, respondi observando de esguelha a mulher mais velha ao pé da mesa.
“Eu gosto disso”, ela sorriu entrelaçando a mão com a minha.
“Isso o quê?”
“O passeio de terça, a viagem... Sua família morrendo de amores por mim sem ao menos questionar meu passado. É tão... Surreal, sabe?”
Mordi o lábio inferior tentando conter o sorriso bobo. Deus, ela era tão fofa.
“Agora você já sabe de onde vem esse meu lado adorável de ser.”
“E o narcisista? Vem de que lado?” Ela ri.
“Boba.”
“Mas de verdade... Esses dias que eu tô passando com você estão sendo os melhores da minha vida.”
“Você é uma graça, já te falei isso?”
“Eu tô falando sério, Lauren.”
“Eu também tô”, sorri ao receber um tapa em meu ombro esquerdo. “E só pra constar, eles estão sendo os melhores dias da minha vida também.”

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Get Me Out
FanfictionNos últimos dois anos tudo o que eu mais queria era não ter que ir àquele manicômio todos os meses para visitá-la. O que é irônico, porque justo no dia em que ela finalmente saiu de lá eu encontrei uma razão para voltar. #3 5H (01/02/2020)