In the Clear Yet? Good.

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As luzes se apagam, cortinas se fecham e o público aplaude.

É geralmente isso que pensamos quando alguém fala a palavra "encerramento".

Finais, lágrimas e abraços de despedidas. Uma sensação melancólica no ar acompanhada de um breve tapa nas costas como quem diz "foi bom enquanto durou".

Eu penso muito nisso. Despedidas. Sobre o legado que eu vou deixar. Sobre quem eu vou deixar. Se meu nome vai ser lembrado. Como ele vai ser lembrado. E é engraçado, porque quanto mais eu penso nisso, mais assustada eu fico.  A mera possibilidade de eu partir antes de poder fazer o que eu tenho em mente me tira o sono. E se não der tempo?

Tempo. Não há tempo.

A lista é infinita: A quantidade ridícula de "eu te amo"s que não foram ditos por medo. Anos desperdiçados em coisas que apenas uma troca de olhares resolveria. Os inúmeros sorrisos travados pelo orgulho e pretensão. A ociosidade de deixar tudo para depois.

Isso tudo me faz refletir e a única conclusão que eu encontro é que, eu não tenho mais tempo. Não a perder ou desperdiçar, e sim pra passar horas ao seu lado. Ouvir sua voz, te ver sorrir ou rir histericamente de algo tolo. Te dar colo, acordar ao seu lado e sentir a sua respiração quente contra minha pele. Dividir minha vida, minhas conquistas e perdas, alegrias e tristezas, momentos bons e ruins. Independente do que for, desde que seja ao seu lado.

O meu tempo não acabou. Nós não estamos encerradas.

E eu te amo além da vida.

~~

A dor do peso metálico esmagado sobre minha perna beirava o insuportável. Eu ouvia gritos abafados de todos os lados. Hora aumentavam, hora diminuíam, mas eu realmente não sabia dizer o que estava acontecendo.

Um clique familiar seguido de uma voz ecoou em meu lado direito.

"Você está bem?!"

Lado direito.

Camila.

Virei meu rosto à procura dela e arregalei meus olhos ao vê-la encolhida no banco. A dona da voz desconhecida parecia ter dificuldade em soltar o cinto de Camila e a sensação agonizante de impotência me matava pouco a pouco.

"Ca-camila... Camila..."

"Moça, eu preciso saber se você está bem", a voz da estranha voltou a soar. Meu peito parecia que ia explodir a cada vez que eu puxava o ar para dentro dos pulmões.

Um par de olhos negros encontraram os meus por breves segundos.

"Sua amiga desmaiou, ok? Ela está ilesa e eu estou tentando tirar ela daqui o mais rápido possível pra poder te ajudar depois", explicou finalmente soltando o cinto. "Você consegue falar?"

Afastou-se rapidamente para segurar o corpo inerte de Camila e, devido à altura do veículo, sumiu de meu campo visual quando a deitou sobre o asfalto. Pude ouvir uma segunda voz, só não consegui identificar quem era.

"Camila... Onde ela..." A queimação em meu peito não permitia formular frases grandes. Isso me irritava.

"Camila está com minha outra amiga agora", explicou. "É apenas um desmaio, fique tranquila. Agora me diga seu nome", soou enérgica ao subir no veículo novamente e ficar de joelhos sobre o banco.

"Lauren", balbuciei.

"Normani", sorriu soltando meu cinto e levantando meu rosto com a ponta dos dedos. "Fique com o rosto assim e tente não se mexer. A senhora do carro de trás já chamou uma ambulância e eu vou ficar aqui com você até os paramédicos chegarem, ok?"

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