When did We Grow Old?

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Depois de voltas e mais voltas, eu entendi. Eu finalmente entendi porque duas pessoas andam de mãos dadas quando estão juntas. Por toda a minha vida eu imaginei ser algo relacionado à possessividade. "Isso é meu", "ela é minha", ou algo assim. Mas oh Deus, como eu estava errada. Não tem absolutamente nada a ver com possessividade.

É sobre manter contato.

É sobre falar sem vocalizar uma só palavra. É o “eu quero você comigo” e o “por favor, não vá”. É o sentimento com o toque. É o “eu te amo” físico.

Ela sempre segurava minha mão.

~~

“Amor...” Tentei chamar atenção da mulher inquieta ao meu lado. O par de olhos castanhos escaneava o saguão em puro fascínio e chegava a brilhar toda vez que o painel eletrônico atualizava e mostrava novos horários de embarque. Segundos depois ela vira o rosto e me lança um sorriso nervoso. “Você está bem?”

“Eu acho que sim.”

“Como está seu tornozelo?”

“Dolorido, mas sem dúvidas melhor que semana passada.”

Assenti enlaçando minha mão com a dela.

“Você está congelando”, falei fechando o espaço mínimo que havia entre nós.

Era início da tarde de uma sexta-feira gélida e eu agradeci mentalmente por termos escolhido a última terça-feira como dia para fazer compras de Natal. Sofia parecia uma criança em loja de doces quando ligamos pra ela e a convidamos para passar a tarde gastando com presentes e bobagens. As irmãs conversaram, riram e mataram a saudade desde a última vez que se viram. Uma sensação nostálgica me socou o peito quando eu tive que alertar a mais nova sobre o horário e tive que levá-la de volta pra casa a tempo antes que Sinu ou Alejandro voltassem.

A quantidade de compras que fizemos naquele dia fez com que Camila não pensasse muito sobre a despedida em si, e eu fiquei grata ao vê-la desempacotando as roupas que Taylor e eu insistimos que ela aceitasse. Não era como se eu não quisesse que ela usasse as minhas – muito pelo contrário –, mas ela ainda tinha uma longa jornada até escapar do estado anoréxico, e boa parte do que eu vestia parecia três vezes maior do que ela. Era inverno, Camila precisava de roupas justas. Ela não teve outra escolha a não ser assentir e aceitar.

Terça-feira foi um bom dia.

“Eu não estou com frio”, ela diz.

“Você quer comer alguma coisa? Eu acho que tem algumas máquinas próximas ao banheiro.”

Fiz uma careta ao vê-la negar com a cabeça.

O aviso de embarque no portão G ecoou nos alto falantes do aeroporto e as órbitas escuras se arregalaram. Aquilo me fez rir.

“Eu só estou cansada.”

A fila para a compra de passagens parecia andar mais rápido que esperávamos, e assim que minha atenção retornou para o painel eletrônico, o garoto sorridente atrás do guichê 3 chamou o casal que esperava na nossa frente. Nós éramos as próximas.

“Quer ficar com a Taylor nos bancos lá do outro lado?” Indaguei. “Talvez você consiga acalmar ela.”

“Ok”, ela diz. “E por falar nisso, o que ela tem? Hoje de manhã eu tentei falar com ela, mas ela simplesmente não conversava ou falava uma só palavra.”

“Lembra quando eu te disse que eu fiquei surpresa por ela aceitar viajar e falar com nossos pais pela primeira vez desde a internação?” Camila balançou a cabeça positivamente. “Pois é, a ficha meio que caiu e eu acho que ela se arrependeu de ter aceito. Ela não fala comigo também.”

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