Acknowledging Madness

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Minha respiração falhou. A palpitação em meu peito me dava tontura.

“O quê?” Perguntei em um fio de voz.

Ally me encarou por alguns segundos. Estava rígida e não sabia exatamente o que fazer.

“Apenas... Vamos entrar e ver o que acontece, ok? Confie em mim. Apesar de eu mal conhecer a garota, depois de tudo o que você me contou eu realmente quero tirá-la daqui.”

Assenti furiosamente.

“Você está bem?” Ela pergunta fitando meus olhos.

“Sim”, soltei a respiração que eu nem sabia que estava segurando.

Talvez eu tivesse mentido.

“Ok. Vamos lá então. E não se esqueça, não saia do meu lado em nenhum segundo, entendeu? Dance conforme a música, Lauren. Não se esqueça.”

Balancei a cabeça positivamente e ela entrelaçou os dedos com os meus. Adentramos o prédio e a partir dali tudo começou a se mover em câmera lenta.

O ambiente era escuro, a construção inteira era composta por um piso xadrez maçônico, havia uma imagem de uma santa aleatória que ficava bem na entrada e que parecia encarar a sua alma quando você passava por ela, as escadas de mogno rangiam quando você caminhava por elas, os pacientes andavam livremente pela instituição, haviam gritos incessáveis vindos de todas as direções possíveis e havia uma expressão robótica nas freiras e enfermeiras que trabalhavam lá.

Do portão para dentro, aquilo tudo parecia ser outro mundo. Eu mal havia entrado e já queria ir embora. O ar, a atmosfera dali... Era surreal.

Lembrei de que não estava sozinha quando Ally apertou minha mão suavemente e me assegurou com um sorriso triste nos lábios. Quando ela viu de que meus pés haviam se colado ao chão e que eu me recusava a andar dois centímetros para frente, ela decidiu me dar um balde de água fria e me jogar no mar da realidade.

“Camila”, ela falou baixinho e eu senti meu corpo amolecer. “Não se esqueça do motivo de você estar aqui.”

Encarei o piso e enganchei meu braço no dela. Ela sorriu brevemente e começou a caminhar – e me puxar também, digamos assim.

“A senhora pode me dizer onde o monsenhor está?” Ouvi Ally perguntando ao meu lado e levantei meu rosto para ver com quem ela falava.

Uma enfermeira, jovem e sorridente, fez um sinal com a mão indicando para que Ally a seguisse. Uma garotinha, que julgando pelo tamanho não deveria passar dos 5 anos, estava parada ao pé da escadaria. Os olhos azuis pareciam estilhaços de cristal colorido e o cabelo castanho me fez lembrar de Camila. O vestidinho surrado e ligeiramente amarrotado chamou minha atenção. Estava séria, não parecia assustada ou amedrontada – o que realmente era plausível considerando os aposentos onde ela se encontrava. Uma mão segurava um ursinho de pelúcia e a outra segurava firmemente o corrimão de madeira da escada. O olhar infantil fixado em mim.

Ouvi Ally me chamar.

“Você não vem?” Me dei conta de que ela já estava a alguns passos de distância e eu decidi segui-la.

Eu estava prestes a subir o primeiro degrau e a garotinha continuava me encarando. Senti um arrepio na espinha. Quando eu estava prestes a cortar contato visual, eu juro ter visto o canto de seus lábios se curvarem em um sorriso mínimo. Chacoalhei a cabeça ignorando a impressão mórbida de uma criança sorrindo num lugar desses.

“Tem pacientes infantis aqui também?” Perguntei a Ally tocando em seu ombro e a fazendo virar para trás.

Ela balançou a cabeça como quem diz “eu não faço a menor ideia”.

Get Me OutOnde histórias criam vida. Descubra agora