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 — E aí, topam? — Pergunta nos olhando e joga o pequeno pacote de conteúdo branco sobre a mesa de vidro. 

 — Aonde conseguiu isso? — As sobrancelhas de Finneas se franziram em uma clara confusão.

— Uma colega de faculdade, ela tinha  não ia usar e no meio de uma das nossas conversas perguntou se eu queria. — Conta entrelaçando os dedos nos do ruivo ao seu lado.

— Em qual Universo achou que iríamos usar isso? — Finn faz uma careta.

— E não vamos? — Billie indaga surpresa e recebe um olhar incrédulo do irmão o que me faz rir.

— Viu Finn, até a Bill topou. Tenho certeza de que a Charlotte não vai se importar né? — Me encara fazendo um discreto movimento com os olhos esverdeados.

Mordo meu lábio inferior na tentativa de segurar a risada.

— O que? De me drogar com êxtase e ficar muito feliz com a merda que é a minha vida? — Pergunto em tom de brincadeira mas não deixo tempo suficiente para que ninguém me responda e continuo. — Com certeza. — Afirmo empolgada recebendo um olhar feio do rapaz a minha frente. 

Deixo que meus pés toquem o chão assim que retiro minhas pernas de cima da pequena poltrona, pego o pacote e abro o zip lock, molho meu dedo indicador no pó e o levo a boca.

— Minha vez. — Billie diz baixo e repete meu ato anterior usando o dedo médio ao invés do indicador.

Estende a embalagem à Claudia e a morena a pega.

— Claudia... — Finneas sussurra ponderadamente.

— Vai ficar tudo bem amor, prometo. — Sela os lábios do mais velho e Eilish faz um barulho engraçado com a boca que por algum motivo me fez rir muito alto. — 'Tá comigo, 'tá com Deus. — A acastanhada ergue o dedo como em um brinde com taças e o guia a boca em seguida.

A mesma repete o ato só que dessa vez não engole e puxa Finneas para um beijo. 

— Finalmente cagão. — Billie revira os olhos e levanta. — Gente vamos 'pra dentro, tem um mar logo ali vai que a gente fica todo mundo loucão e morre. — Diz e dou risada.

— A gente vai morrer afogado? — Finneas diz alto. — Meu Deus! Eu vou forçar vômito! — Continua desesperado.

— FINNEAS! — Claudia grita o fazendo encará-la. — Relaxa, vamos ficar bem, vai ser divertido. Vamos entrar e trancar a porta. — Fala e o mesmo concorda.

Trancamos as portas e fechamos as cortinas, não queríamos que alguém por acidente nos visse fazendo qualquer coisa que seja considerada estranha demais para pessoas não drogadas e chamasse a polícia. Aquela situação toda era divertida mas êxtase continuava sendo ilegal.

Claudia colocou música e deixou poucas luzes ligadas, nos jogamos no sofá um ao lado do outro. O silêncio só era entrecortado por nossas respirações que ficavam ofegantes a medida que os minutos se passavam.

— Tem certeza que a sua amiga não quer causar um efeito placebo na gente? — Billie indaga e Finneas começa a rir.

Tenho certeza que o meu pensamento foi igual ao das meninas, que ele iria parar de rir, só que não parou. E isso nos fez rir junto.

— Do que você 'tá rindo? — Claudia indaga ainda entre suas risadas.

— Não faço ideia, mas aquela cortina é engraçada né? — Devaneia de forma engraçada.

— Gente saca só. — Eilish levanta empolgada e para no meio da sala nos encarando séria. — Eu sou uma cantora famosa. — Diz confiante o que nos faz rir muito alto. — Se liga na minha canção. — Pega o controle da TV e o aproxima da boca subindo na mesa de centro. — I'm the bad guy, dã! Turuturururu... — Dança animada e Finneas lança uma almofada em direção da garota.

— I GOTTA FELLING! — Grito animada levantando.

— THAT TONIGHT'S GONNA BE A GOOD NIGTH! — Claudia completa.

— Eu não terminei a minha performance! — Eilish resmunga com um bico nos lábios.

— Ninguém liga mas eu te amo mesmo assim. — O ruivo diz e Claudia ri o puxando do sofá. 

— Vem, eu te protejo. — Entrelaço meus dedos nos da garota a puxando de cima da mesa de centro, a abraço aproveitando para beijar a sua bochecha de forma demorada.

— Você podia me comer na mesinha de centro. — Diz e começo a rir. 

— Vamos brincar de esconde-esconde? — Sugere Finn e concordamos de imediato.

Era engraçado, quase sempre erámos descobertos por quem que seja que estivesse no papel de procurar os outros, ou começávamos a rir ou a cantar ou dançar alguma música que soava pela casa. Billie me seguiu por toda casa e sempre erámos pegas porque era difícil ficar em silêncio com ela. 

— Por que não veio nos procurar? —  Eilish indaga descendo as escadas, seus dedos estavam juntos aos meus. 

— Finn foi se esconder no sofá e acabou dormindo, acho que deu 'pra nós dois. Vou ficar aqui com ele se não se importarem. — A acastanhada diz. 

Suas pupilas estavam bem menores e levando em consideração que o ruivo ingeriu menos droga do que todas nós, o efeito deveria ter passado e ele estava exausto. 

— Tudo bem, deixa que arrumamos as coisas. — Digo e Billie concorda. 

Pego alguns cobertores e travesseiros no segundo andar e entrego para a morena, desligo as luzes, a música e deixo a TV em algum programa legal antes de retornar ao segundo andar com uma garrafa de espumante.

— Não estou com sono então trouxe espumante 'pra bebermos. — Digo adentrando o quarto de Eilish. 

— Minhas pupilas estão enormes. — Para de olhar o seu reflexo no espelho e me encara.

— Você 'tá drogada, eu 'tô drogada. — Devaneio e começo a rir.

— Quer ir 'pra jacuzzi? — Indaga e sorrio concordando.

Nos trocamos enquanto a água aquecia e sem muita demora já estávamos lá, falando sobre coisas aleatórias entre goles de espumante. Deixei meu celular tocando algumas músicas então quando nossas conversas se findavam Billie ou eu cantarolávamos uma canção.

De repente as coisas não estavam tão divertidas ou engraçadas como antes, sabia que o efeito não havia passado geralmente me deixaria exausta com muitas dores musculares e muita sede também. Não estava sentindo nada disso, as pupilas de Eilish continuavam bem dilatas o que me levava a crer que as minhas estavam no mesmo estado.

Estar ali, sozinha com ela, sentindo como se nada na minha vida fosse mais importante do que minhas momentâneas vontades me induzia a dar atenção ao tesão que sentia. A cada vez que seus olhos, não tão azuis assim dessa vez, me encaravam sentia que podia perder o pouco controle que tinha sobre mim. Me pegava encarando a sua boca e relembrando das muitas  coisas que havíamos feito com ela.

— 'Tá sentindo? — Pergunto.

— O que? — Franze as sobrancelhas se livrando da garrafa de espumante agora vazia.

— Tesão. — Sou direta e escuto sua risada.

— Eu 'tô babe, eu 'tô. — Revira os olhos devagar apoiando a cabeça na borda da jacuzzi. — Eu acho que quero transar com você. — Admite de olhos fechados.

— Acha? — Me aproximo de Billie sentando ao seu lado.

— Eu quero muito. — Sussurra me encarando e aproxima o rosto do meu.
















Call 666 • Billie EilishOnde as histórias ganham vida. Descobre agora