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Estava jogada no sofá dividindo atenção com um filme qualquer que meu irmão e a namorada dele haviam me convidado para assistir, quando a mensagem de Cherry vindo do Call 666 apareceu em minha barra de notificações.

Automaticamente me repreendi e tentei manter a naturalidade, mesmo que ela de fato não existisse. Meu coração pulsava forte me fazendo ficar ofegante.

Prendo o ar em meus pulmões por um pequeno período antes de o soltar devagar, discretamente, tentando normalizar os meus batimentos cardíacos.

Honestamente tinha vontade de chorar, chorar com muita culpa, assim que lembrava de Charlotte. Estávamos namorando, tentando fazer isso dar certo e funcionar para nós duas e nossas diferenças mas eu estava sendo cuzona.

Não consigo explicar como me sinto em relação as duas. Se me perguntarem de quem gosto, quem faz meu coração bater forte diria Cherry entretanto algo não me permite deixar Charlotte ir sem ter peso na consciência, sem pensar que estou perdendo uma pessoa especial que vale a pena.

Por mais que segunda-feira fosse no dia seguinte às horas pareceram se arrastar lentamente após aquela mensagem. Respondi com um tudo bem que foi rapidamente visualizado.

— Vou subir tomar um banho e ir 'pra cama. — Falo baixo e levanto.

— Não vai terminar o filme? — Finneas indaga sem retirar os olhos do filme que passava na TV.

— Não, estou com um pouco de dor de cabeça vou tentar dormir. — Minto ajeitando as almofadas.

— Quer que eu leve um chá 'pra você? — Claudia oferece me encarando.

— Não precisa meu bem. — Sorrio e me aproximo do casal, beijo a testa da acastanhada e ganho um de meu irmão na bochecha.

A noite foi especialmente longa, dormi e acordei várias vezes, em uma dessas vezes demorei muito tempo para pegar no sono e claramente a cama de Finneas batendo na parede não ajudava em nada.

[...]

— Você está bem? Passou o dia todo no quarto. — Claudia questiona assim que desço os últimos degraus.

— Estava com enxaqueca mas melhorou. — Sorrio minimamente pegando as chaves do meu carro.

— Que cheirosa, vai sair? — Estreita os olhos dando um sorriso maliciosa.

— Vou foder, alivia dores de cabeça. — Rebato mas dou risada em seguida. — Vou ir no centro da cidade comprar umas coisas 'pra um trabalho da faculdade. Logo estou de volta. — Aviso.

Não era mentira, se saísse cedo do meu encontro com Cherry realmente iria ter que passar em uma papelaria. Desativo o alarme do carro estacionado rente a entrada da garagem, adentro o mesmo e coloco a chave na ignição antes de colocar o cinto de segurança e ajeitar os espelhos.

Admiro a paisagem a caminho da cidade, o céu quase completamente escuro e o ar um pouco mais fresco do que normalmente estava naquele horário anunciava que o verão estava querendo começar a partir. O cheiro do mar ficando para trás a cada quilômetro a mais que andava trazia uma sensação de que algo estava errado.

Estaciono o carro do outro lado da rua, um pouco mais a frente do prédio do Call 666. Saio do automóvel e ativo o alarme dando largos passos, meu coração pulsava em ansiedade.

Quando estava na entrada do prédio andando em apressados passos esbarro em uma pessoa.

— Desculpa. — Falamos ao mesmo tempo, conhecia aquela voz, ergo meu olhar e minhas sobrancelhas se franzem de imediato. — Mãe? —  Digo chocada.

— Billie? O que está fazendo aqui?! — Questiona em um tom de voz bastante zangado.

— Me diz você o que está fazendo aqui? — Rebato brava.

— Depois falamos sobre isso. — Muda de assunto ainda muito brava. — O que vem fazer em um lugar como esses? Não quero mais você aqui. — Repreende.

— Sou maior de idade e além do mais não sou casada e muito menos tenho filhos. Que porra você vem fazer aqui? — Indago e a mais velha fica em silêncio. — Mãe, por favor, não quero acreditar que está traindo o papai. Ele te ama caramba. — Esbrabejo.

— Eu também o amo filha, nunca seria capaz de fazer isso com ele. — Diz imediatamente.

— Então o que caralhos você estava fazendo aqui? — Questiono novamente.

— Billie... Eu... Eu realmente sinto muito. — Aproxima a mão do meu pulso mas o afasto imeditamente. — Filha... — Murmura.

— Não me toca, não FALA comigo. Eu estou com nojo de você. — Dou alguns passos para trás.

— Você não pode contar isso 'pro seu pai. — Fala desesperada.

— Não posso? E vai fazer o que 'pra me impedir?! — Arqueio uma das minhas sobrancelhas.

— Irei contar que também estava aqui.
— Rebate.

— E você acha que o papai vai fazer o que comigo? Me pôr de castigo por vir transar? — Digo rindo.

— Billie você vai destruir o meu casamento, a nossa família. — Chantageia e dou risada.

— VOCÊ destruiu o SEU casamento, a NOSSA PORRA DE FAMÍLIA. NÃO EU, SOU SÓ UM CARALHO DE ADOLESCENTE. — Grito. — Me desculpa mas vai à merda. — Murmuro.

Franzo minhas sobrancelhas e estreito meus olhos olhando para dentro do prédio, uma pessoa voltou o caminho que estava fazendo rapidamente me fazendo a ver como um vulto. Podia jurar que era Charlotte pelo jeito de correr.

— Tudo bem? — Minha mãe pergunta.

— Me deixa em paz. — Digo direta e passo por ela adentrando o prédio subindo as escadas apressada.

{···}
Notas da autora:

Hey,

Bom dia.
Hoje oficialmente retornando.

O que acham que vai acontecer??

Bom resto de semana.

Cuidem-se.

Call 666 • Billie EilishWhere stories live. Discover now