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A respiração acelerada e ofegada que pensei ser parte do sonho que estava tendo se fez cada vez mais presente até me despertar por completo, tinha um sono leve e todas as vezes que Charlotte se remexia mesmo que levemente já me acordava, abro os olhos de imediato.

Lotte estava sentada na cama, como se tivesse despertado em um susto, com a mão sobre o peito que descia e subia seguidas vezes uma após a outra, me sento ao seu lado, seu lábio inferior tremia copiosamente e uma lágrima solitária deslizava pela sua bochecha esquerda. 

— O que aconteceu, hm? —  Pergunto baixo me permitindo apagar o rastro molhado que era deixado sobre sua pele cuidadosamente.

Seus olhos se fecharam sobre o meu toque e por essa reação continuei repetindo o movimento a fazendo carinhos tendo o silêncio como resposta.

— Um pesadelo? —  Indago calma e a mesma concorda rapidamente. —  Quer falar sobre ele Lotte? —  Questiono.

Quando tinha idade o suficiente para me expressar sempre que tinha pesadelos e acordava chorando por conta disso, Finneas me fazia contar, me ajudava. Compartilhava o meu medo e dessa forma não me sentia tão sozinha com os meus próprios medos, me trazia conforto, queria muito que isso fosse o suficiente hoje em dia. Com Charlotte não funcionava do mesmo jeito já que a mesma negou com um movimento negativo com a cabeça.

— Vem, vamos pegar um ar. —  Sugiro saindo debaixo das cobertas. — Pega um casaco. —  Falo.

Saio do quarto e passo na cozinha deixando um copo de água disponível assim que Charlotte viesse. Visto um casaco de moletom e sigo até o deck, nos fundos, que era acessado pela porta de vidro de correr na pequena sala de estar que dividia cômodo com a cozinha.

Abro a porta sentindo o ar gelado ao ponto de ser confundido com pequenas lâminas se chocando conte as minhas bochechas, era madrugada de um inverno rigoroso o que eu estava esperando. Me sento na espécie de sofá presente no local e me cubro com um coberto, que já estava lá antes, observo a noite aberta e a lua cheia. 

O meu último aniversário revirou a minha vida. Não deveria ter aceitado aquela ideia, agora vejo que me coloquei em uma péssima posição fazendo coisas as quais estou terrivelmente arrependida, era apenas para ter comemorado com os meus amigos. Já tinha transado antes não precisava fazer nada daquilo mas Drew me pressionava e não queria decepcioná-la, no final, foi algo meio inevitável. 

Bom, tento me convencer que a chatear era algo que iria acontecer de qualquer forma, isso me conforta mais do que encarar que estava gostando de uma garota que dormia com todos os homens da cidade. Isso de fato não me incomodava, e claramente não tinha direito de achar algo, afinal, ela fez comigo o que faz com eles todas as noites. 

Quer dizer, apenas uma parte , não acho que antes de deixar o trailer levava os caras para lá com o passar do tempo. Nem que jantasse com ele sem maquiagem ou vestidos como fazia comigo. Não me convenço que dava sorrisos tão lindos para eles quanto dava para mim. Cometi um erro.

Meus pensamentos são cortados com Charlotte sentando ao meu lado, empurrou o óculos em seu rosto e deu goles no copo em sua mão observando o céu assim como eu fazia anteriormente.

Ficamos lá em silêncio por um período de tempo ao qual ela bebeu toda água e deixou o copo sobre a mesinha próxima. Seus lábios ganharam uma coloração arroxeada pelo frio e as vezes via que seus dentes se chocava suavemente uns contra os outros.

Retiro o meu celular do bolso frontal da calça também da malha de moletom e escolho um música, aumento o volume consideravelmente deixando o aparelho sobre a mesinha como ela tinha feito com o copo instantes antes. Suspiro antes de sair debaixo da coberta, a encaro e assim que seus olhos encontram os meus a estendo a mão.

— Quer dançar comigo? — Pergunto e a vejo rir baixo concordando com a cabeça antes de juntar a mão na minha entrelaçando os dedos nos meus.

Passo meu braço esquerdo pela sua cintura e a puxo delicadamente para mais perto, mais perto, dois passos para cá dois passos para lá, era patético, mas ela sorria quando me confundia. Me separo dela para a fazer dar uma voltinha e um riso escapa de seus lábios.

— Chega mais perto ou vai congelar. —  Digo assim que meu braço passa pela sua cintura novamente, dessa vez a trago mais para perto do que estava anteriormente.

Éramos idiotas pois podíamos apenas voltar para dentro.

— Somos idiotas podíamos apenas voltar 'pra dentro. — Constata exatamente o que estava pensando.

— Eu 'tava pensando a mesma coisa. — Rebato arregalando os olhos levemente e seu riso saiu mais livre sua testa foi apoiada em meu ombro enquanto ria.

— Leio mentes. — Diz brincalhona ainda com um sorriso nos lábios deixando o queixo sobre a mão ainda apoiada em meu ombro, já que a outra estava junto a minha com os dedos entrelaçados aos meus.

— Adivinha o que eu estou pensando agora. — Peço.

— Que queria estar deitada debaixo de muitas cobertas quentes.  — Diz.

— Não. — Nego.

— Que sou uma pedra no sapato? — Fala confusa em tom de pergunta.

— Não passou nem perto. —  Recuso de imediato e seu rosto deixa meu ombro e seus olhos encontram os meus. — Constatei duas coisas. — Devaneio aproximando o meu rosto do seu.

— Quais? —  Indaga curiosa.

— A primeira é que é péssima em adivinhação e a segunda é que eu quero muito te beijar e pensei nisso esse tempo inteiro. —  Admito.

Charlotte ficou tensa mas não se afastou e apenas continuou retribuindo meus olhares, sua mão livre subiu do meu ombro e colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha o retirando do meu rosto.

Encosto minha testa na sua, fazendo com que os nossos narizes se choquem levemente, como um aviso prévio, se ela quisesse podia me soltar. Não iria ficar brava. Ao invés disso sua boca se entreabriu e seus dedos se entrelaçaram na minha nuca. A encaro mais uma vez antes de fechar meus olhos e encostar nossos lábios suavemente, assim ela ainda poderia sair se mudasse de ideia mas Charlotte me beijou.

Desentrelaço meus dedos dos seus e coloco minha mão no seu rosto a mantendo perto, selo nossas bocas novamente antes de pedir passagem com a língua que foi logo cedida. Oh, ela beijava bem, apenas Cherry havia me beijado daquele jeito. Deslizei minha língua contra a sua com mais intensidade sendo rapidamente retribuída. O ar nos faltou e encerrei o beijo prendendo seu lábio inferior entre os meus dentes.

— Não posso namorar agora. —  Diz imediatamente, ofegante, contra a minha boca.

— Foi um beijo e não um pedido de namoro. —  Dou risada e selo o canto de sua boca.

Seus dedos apertam minha nuca com um pouco mais de força e seus lábios voltam para perto dos meus os roçando levemente, não me contenho e início um novo beijo.

Call 666 • Billie EilishWhere stories live. Discover now